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sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

Distúrbio de Voz na Criança


Quase nenhum espaço é dado à discussão sobre a voz, sua importância e suas alterações, principalmente quando se trata do processo de desenvolvimento da voz da criança, particularmente sobre a Disfonia Infantil (Distúrbio Vocal Infantil).
A voz é uma das características mais individualizadas do ser humano, qualquer desvio no comportamento vocal é facilmente identificado pelo ouvinte.
O desenvolvimento da voz acompanha e representa o desenvolvimento do indivíduo, tanto do ponto de vista físico como do psicológico e social.
O choro é um dos eventos mais esperados do nascimento. Segundo Kant (1783), a única espécie que emite som ao nascimento é a espécie humana, o choro é a primeira manifestação de comunicação.
A laringe precisa comprovar imediatamente sua eficiência nas funções respiratórias e protetoras, para não por em risco a vida do bebê. Além disso, também desde o nascimento a laringe se manifesta como órgão das emoções, comportando-se de modo específico para expressar estados emocionais através de diferentes manifestações vocais.
A laringe infantil tem suas próprias características e apresenta algumas diferenças básicas da laringe adulta. Quanto à morfologia (forma e configuração), Diferenças Histológicas (constituição de tecidos que na criança são mais flexíveis, ligamentos frouxos, tecidos epiteliais mais densos, abundantes e mais vascularizados com tendência a edemas) e Diferenças Topográficas (localização no pescoço).
Ao nascimento, os bebês demonstram uma excepcional variabilidade de tons, que está diretamente relacionada à plasticidade da laringe e à ausência de um ligamento vocal maduro, porém os movimentos laríngeos são grosseiros e não há controle refinado desta variação. A Disfonia Infantil é uma dificuldade na emissão da voz com suas características naturais (Tarneaud, 1941), normalmente passam despercebidas, porque, pais, Professores, Pediatras, se preocupam com a precisão articulatória da fala da criança e, não com a qualidade vocal que ela poderia estar apresentando. A rouquidão muitas vezes é considerada parte do processo normal do desenvolvimento, isto retarda o diagnóstico e pode comprometer o prognóstico, contribuindo para que a comunicação seja difícil, tensa, fator de estresse infantil. Portanto, não é normal uma criança ficar rouca, rouquidão é sinal de um problema na voz, se a criança ficar rouca com frequência é necessário compreender o que esta acontecendo.
A alteração da voz em crianças pode interferir na sua comunicação, no desenvolvimento social e educacional, compromete a participação em atividades com outras crianças, muitas vezes por ter uma voz mais “grossa”, ela pode ser discriminada, podendo levar à problemas emocionais.
Com o crescimento e o amadurecimento físico e emocional, o comportamento da criança muda e sua laringe também. Dependendo da causa da Disfonia, ela pode ou não melhorar com a idade.
A questão é: Vale a pena esperar? Esperar para ver o que vai acontecer leva um longo tempo e enquanto isso a criança pode perder oportunidades de apresentar trabalhos na escola, de falar em público em apresentações, de ler em voz alta, enfim, poderá perder muitas oportunidades.
Raramente a criança se queixa de cansaço, dor ou esforço para falar, normalmente o sintoma mais presente, é rouquidão, “falhas” na voz com queda de intensidade.
Aos sintomas, principalmente, de uma rouquidão persistente, pais, Professores, Pediatras, enfim, aquelas pessoas que convivem com a criança, devem encaminhá-la para o atendimento especializado.
Os fatores causais da Disfonia Infantil, predisponentes e agravantes são os hábitos vocais inadequados (abuso vocal e má uso vocal), fatores físicos e psicológicos, traumatismos, hipertrofia de adenoides, ansiedade, fatores alérgicos, etc.
Um desenvolvimento vocal normal reflete a saúde dos órgãos que compõem o aparelho fonador, a segurança psicológica de ser ouvido, considerado e valo-rizado e, em última análise, uma comunicação livre e eficiente.
Desta forma, os aspectos relacionados ao desenvolvimento da voz na criança devem ser estudados e divulgados, não somente aos profissionais de saúde, mas também aos pais e educadores.
Quando a criança apresentar um DISTÚRBIO VOCAL, é importante procurar o Médico Otorrinolaringologista que é o profissional habilitado para definir o tipo de tratamento para cada caso e pode pedir informações para outros especialistas, principalmente o FONOAUDIÓLOGO. Cada caso dever ser avaliado individualmente e as preferências e possibilidades do paciente também são levadas em consideração.
Pais e Professores devem fazer parte de todo o processo de tratamento à ser desenvolvido, visando favorecer o uso vocal saudável e adequado da criança. Necessário buscar um entendimento e proporcionar atividades em grupo familiar ou escolar que envolvam uma boa comunicação, como cuidar de animais, cuidar da natureza, do jardim, passear na praça, na praia, parques, ajudar os pais nas tarefas caseiras, ler histórias, contar histórias da família, ouvir música suave e com ritmos diferentes, estimular atividades de artes manuais como desenho, pinturas, massa de modelar, argila, atividades esportivas, dança etc… desde que a criança esteja em condições de vivenciá-las sem IMPACTO VOCAL. Pode-se introduzir hábitos educativos de agradecimento e respeito; evitar a competição entre conversa e barulhos ambientais como televisão, música ambientais muito altas; ouvir mais e evitar inter-romper a narrativa da criança; evitar chamá-la de longe para que ela não responda alto. É importante realizar uma autoavaliação e analisar como se está falando em casa com a criança, procurando ser um modelo de fala e especialmente de voz.
O enfoque básico aborda, como colocado acima, uma orientação familiar, escolar e da criança, visando a reeducação vocal. O envolvimento da família e da escola é essencial para que a reabilitação seja efetiva e alcance o sucesso desejado.
Fonte: Fonoaudiólogo Ademir Garcia Baena / Saúde Atual

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