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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Fonoaudiologia e a Cirurgia Ortognática


EXAME FONOAUDIOLÓGICO
A anamnese é o ponto de partida de nosso exame. A observação do paciente é fundamental principalmente enquanto ele não se sente examinado. Neste momento ele estará mais a vontade e já o estaremos examinando de uma forma um pouco mais natural. A queixa que o trouxe é a chave do tratamento. Sabendo se o paciente está compreendendo o motivo por que ele está ali e o que de fato ele espera deste e dos outros tratamentos, poderá nos dar o caminho da terapia evitando que cometamos o engano de tratar daquilo que não se quer ou não é possível ser tratado. Será importante diferenciar a queixa dele, da queixa do dentista e ou do cirurgião. Deixar que o paciente fale livremente de seus medos, suas necessidades e principalmente o que o trouxe até nós e o que ele espera que possamos fazer por ele é fundamental para o sucesso terapêutico. As perguntas pertinentes à própria patologia em questão devem ser feitas de forma a nos dar uma visão aprofundada do problema em questão sem perder de vista o que circunda a queixa inicial. Isto quer dizer que a verticalidade e a horizontalidade dos assuntos pesquisados devem ser sempre equilibradas.

Após a anamnese, vamos examinar o paciente tendo em mente as características esperadas em cada desproporção maxilo-mandibular. Não podemos no entanto, olhar para o paciente esperando encontrar apenas as características citadas anteriormente, pois como já nos referimos antes, estas características são apenas o que é mais comumente encontrado ou mesmo o previsível. É fundamental que o clínico examine sem preconceitos, procurando ao máximo, compreender que tipos de adaptações cada paciente fez, como as utiliza e quanto de incômodo e ou interferência estas adaptações estão causando.

Iniciar observando o paciente de frente e de perfil. Observar com detalhes quais são as assimetrias de face e de corpo que o paciente apresenta. Lembrar que a postura corporal é fundamental para que as funções possam ocorrer de forma adequada. Tentar compreender já neste primeiro exame quais foram as compensações criadas pelo paciente. Examinar as estruturas duras e moles separadamente descrevendo-as para depois relacioná-las. Ao analisar as funções de mastigação, deglutição, fala, voz, respiração e funcionamento da ATM analisá-las em separado e sequencialmente. Nenhum órgão está determinado para a realização de uma só função. Cada função quando considerada individualmente será diferente do que quando integrada com outras. Quando as funções ocorrem sequencialmente a complexidade hierárquica aumenta consideravelmente.

Ao analisarmos em separado as partes duras poderemos de certa forma prever como será o posicionamento e comportamento das partes moles. O mesmo princípio não é aplicado a análise separada das funções. Nosso objetivo é verificar como o paciente faz a função que está sendo avaliada, sob comando e isoladamente. Sabemos que inconscientemente e em sequência, a função poderá ser realizada de maneira diferente daquela realizada isoladamente. É importante saber quais são as possibilidades que cada estrutura tem de fazer a mesma função das duas formas. Esta distinção já nos dirige em relação ao plano terapêutico. A partir desta análise saberemos quais serão as nossas exigências dentro das possibilidades daquele indivíduo.

A avaliação do paciente após a cirurgia ortognática deve levar em consideração a etapa em que o paciente se encontra, em razão das dificuldades que possa apresentar em decorrência dos próprios procedimentos cirúrgicos, da presença de edemas, do tempo de bloqueio inter-maxilar ao qual foi submetido e de alteração da sensibilidade que pode estar presente.

Os movimentos mandibulares: abertura, protrusão e lateralidade apresentam-se reduzidos após a retirada do bloqueio inter-maxilar. Parece-nos importante ressaltar que esta mobilidade será gradativamente restabelecida pelo uso das estruturas e musculatura mastigatória.

Apesar de que alguns trabalhos mostram a utilização de exercícios, acreditamos que esta hipomobilidade mandibular inicial pode inclusive auxiliar na acomodação dos tecidos moles, evitando a busca por movimentos mandibulares estereotipados existentes previamente à cirurgia. Não faz parte de nossa orientação qualquer tipo de exercício que force a abertura bucal, ou que traga sensação de dor ou desconforto ao paciente. Entendemos que esta limitação seja temporária e reversível espontaneamente. A retomada da alimentação pastosa e sólida gradativa, os movimentos utilizados durante a articulação da fala e a própria exploração pelo paciente se incumbem de reverter a “atrofia” muscular e restabelecer a amplitude dos movimentos. Devemos ter isto em mente durante a nossa avaliação.

Dependendo do procedimento cirúrgico, após osteotomias mandibulares, podem ocorrer alterações de sensibilidade na região mentoniana, região dento-alveolar inferior e lábio inferior. Estas alterações, caracterizadas por redução ou perda da sensibilidade nestas regiões são normalmente reversíveis, porém observam-se casos onde a demora neste restabelecimento é responsável por dificuldades funcionais como controle de saliva, alteração dos pontos articulatórios na fala e adaptações inadequadas quanto à mastigação e à deglutição especialmente de líquidos. Além do desconforto, a falta de sensibilidade significa uma grande perda proprioceptiva, indispensável para a reorganização funcional. Estes dados justificam a importância da avaliação proprioceptiva.
A TERAPIA FONOAUDIOLÓGICA
Uma vez reposicionadas as bases ósseas, o fonoaudiólogo tem condições de restabelecer as funções estomatognáticas, dentro dos limites individuais, caso este equilíbrio não tenha sido alcançado espontaneamente.

A fonoaudiologia conta com duas formas de trabalho para modificações musculares: mioterapia e terapia miofuncional. Na mioterapia ocorre a atuação específica no músculo que se quer modificar, utilizando-se exercícios isotônicos e ou isométricos. Na terapia miofuncional trabalha-se diretamente com as funções que se quer modificar atingindo com isto a modificação muscular. Apesar de preferirmos usar a terapia miofuncional que nos parece mais rápida e eficiente sabemos da importância de exercícios específicos em determinados momentos. Quando bem diagnosticado e houver um bom planejamento terapêutico, com certeza usaremos a metodologia adequada para cada tipo de problema.

As etapas do trabalho fonoaudiológico dependem da equipe interdisciplinar que está atendendo o paciente, uma vez que o encaminhamento pode ser efetuado antes ou após a realização da cirurgia.

Se o paciente é encaminhado antes da cirurgia, além da avaliação, o fonoaudiólogo pode realizar algumas orientações prévias que serão úteis ao paciente, inclusive durante o bloqueio inter-maxilar tais como: dieta alimentar, higiene bucal e relaxamentos da região facial e cervical, geralmente tensionadas pelo desconforto do bloqueio. Tais orientações são normalmente efetuadas pelo cirurgião. Em equipes interdisciplinares estas orientações tem sido realizadas pelo fonoaudiólogo. Isto tem possibilitado que o paciente possa expor suas dúvidas e ansiedades uma vez que os encontros com o fonoaudiólogo são sistemáticos criando inclusive um maior vínculo entre o terapeuta e o paciente.

Caso o encaminhamento seja feito pouco tempo após a liberação do bloqueio, o trabalho fonoaudiológico inicia-se direcionando as adaptações que vão ocorrendo espontaneamente. Nestes casos a redução da amplitude de movimentos mandibulares e da força mastigatória ainda podem ser observadas. A musculatura deve ser analisada cuidadosamente devido a possibilidade de edemas ainda presentes. Nesta fase, a evolução é rápida e os padrões funcionais adequados à nova forma são direcionados através da sistematização de seu uso, dentro dos limites da recuperação de cada paciente. Caso sejam necessários, apenas exercícios de mobilidade e tonicidade de língua podem ser utilizados.

Uma terceira opção é o encaminhamento tardio do paciente. Este normalmente ocorre por alguma característica de recidiva ou à apresentação de funções atípicas. A situação de recidiva deve ser observada também com relação aos aspectos ortodônticos e possíveis limitações cirúrgicas, já que nem sempre são de causa unicamente funcional. Existindo realmente situações atípicas, estas são mais difíceis de serem trabalhadas tardiamente, uma vez que este novo padrão inadequado encontra-se agora internalizado.

Após o exame fonoaudiológico, a terapia fonoaudiológica costuma ser indicada ao se constatar a manutenção de padrões adaptativos prévios que não são mais condizentes à nova forma, ou quando existam dificuldades referentes à estabilidade de respiração e vedamento labial, de mastigação, deglutição e articulação da fala, devido a presença de alterações neuro-musculares.

A base de todo o trabalho é a ênfase no esquema proprioceptivo para que o indivíduo tenha consciência do reposicionamento das bases ósseas e consequente modificação dos espaços funcionais. À partir da percepção de suas novas possibilidades é solicitado ao paciente a observação e descrição daquilo que consegue executar, tornando possível a escolha direcionada da postura de repouso bucal e funções.

Casos onde exista a persistência do déficit sensitivo, as adaptações devem ser orientadas para que o paciente utilize outras pistas proprioceptivas compensatoriamente (13).

O treino funcional é realizado durante a terapia e orientado para que seja utilizado em todas as atividades diárias. A mastigação costuma ser a principal função a ser trabalhada, utilizando-se sempre alimentos.

ASPECTO PSICO-SOCIAL 
O paciente que será submetido à cirurgia ortognática costuma apresentar um perfil característico.

Em muitos casos, o indivíduo é surpreendido com a necessidade da cirurgia quando sua principal queixa dizia respeito ao reposicionamento dentário ou dificuldades de mastigação e fala. Esta surpresa transforma-se, por vezes, em apreensão referente aos procedimentos aos quais será submetido, cabendo ao cirurgião fornecer as informações pertinentes para que este sinta-se seguro e confiante durante todo o processo.

Entretanto, alguns pacientes passam a ter expectativas fabulosas, superestimando os resultados. Ocorrem associações com outras dificuldades, as quais não apresentam relação com o problema. Estes pacientes, apesar de apresentarem ótima disposição para os trabalhos, costumam apresentar maiores queixas no pós- cirúrgico e observar novos defeitos.

Na situação de terapia, o paciente sente-se à vontade para narrar suas dificuldades com o processo e eventualmente demonstra dificuldade em sua identificação pessoal justamente porque a modificação facial é evidente.

Quando se trata de cirurgia ortognática inúmeros trabalhos relatam a notória modificação óssea e sua consequência nos tecidos moles. Estes trabalhos entretanto ressaltam principalmente a parte estética do resultado obtido geralmente sob a óptica dos profissionais envolvidos. É fato que a cirurgia ortognática tem objetivos tanto funcionais quanto estéticos, porém a funcionalidade do sistema estomatognático nos parece pouco enfatizada especialmente quanto a manutenção de padrões adaptativos anteriores assim como não há pesquisas suficientes referindo-se a como o paciente se sentiu e se viu após a cirurgia.

Existem predições referentes às respostas dos tecidos moles, mas estas dizem respeito apenas a postura de repouso. Seria interessante, até para dar respostas melhores e mais precisas aos pacientes, que houvessem maiores estudos e pesquisas sobre as outras funções, como por exemplo, a deglutição, a mastigação, a fala, etc. Isto só será possível aumentando e valorizando a conscientização dos pacientes sobre como eles sentem e funcionam antes e depois das cirurgias. Aprenderemos muito mais por meio deles, que são as pessoas que de fato sentiram o que acontece. Se valorizarmos suas colocações e os incentivarmos a descreverem estas percepções com certeza conheceremos com maior precisão as modificações reconhecendo as favoráveis e as indesejadas. 

Irene Queiroz Marchesan
Esther Mandelbaum Gonçalves Bianchini

I Mini-Seminário para Pais e Filhos do CAICA

No dia 18 de novembro a Equipe de Profissionais do Centro Multidisciplinar – CAICA, realizou o I Mini-Seminário para Pais e Pacientes com o objetivo de buscar maior integração com as famílias e principalmente aumentar os laços de afetividade e vivência entre os filhos e seus cuidadores.

O evento contou com a presença da dentista Isabel Correa Dora da Secretaria Municipal da Saúde, que muito bem conduziu a palestra sobre Higiene Bucal, e, dos Supervisores Lucas Campos e Priscila Castilhos da Secretaria Municipal de Educação, empolgando pais e filhos com dinâmicas através da música, dança, corpo e movimento.

O I Mini-Seminário faz parte da programação de aniversário de 1 ano do CAICA – Centro de Atendimento Integral à Criança e ao Adolescente, no qual a equipe também fechará este mês de programação especial realizando na próxima segunda-feira, dia 29 de Novembro o III Encontro de Formação para educadores de Camaquã e Região.

“Nosso I Mini-Seminário foi um sucesso. Toda a equipe de profissionais do Centro Multidisciplinar está muito contente com o resultado, pois sentimos a importância que foi este momento para as crianças e principalmente a felicidade nos olhos dos pais que dançaram, tiveram orientações, cantaram e realizaram atividades lúdicas junto aos filhos. Foi um momento muito especial”, ressalta a coordenadora do Centro Graziela Grala.

“Agradecemos às Secretarias envolvidas neste projeto, de forma muito especial a dentista Isabel Dora, pelo carinho e atenção aos presentes, houve inclusive distribuição de escovas e creme dental, ao Lucas Campos e a Priscila Castilhos – uma dupla dinâmica e muito competente, que transformou o olhar de tantos pais e tantas crianças com música, dança e muita alegria.”, completa.

Fonte: Assessoria de Imprensa Prefeitura Camaquã

Centro Multidisciplinar de Camaquã completa um ano de caminhada


O mês novembro de 2010 é muito especial para a comunidade camaquense, pois o Centro de Atendimento Integral à Criança e ao Adolescente – CAICA completa um ano de serviços prestados aos mais de 350 pacientes atendidos por semana.


No dia 3 de novembro, data em que foi inaugurado, a equipe de profissionais esteve no centro da cidade realizando uma panfletagem para divulgação dos serviços oferecidos pelo local. No dia 10 de novembro foi realizada uma palestra para os pais e professores com a presença do Sr. Edegar Barbosa da Secretaria de Educação do Estado, falando sobre a importância dos pais e educadores na vida das crianças. 



A grandiosa festa de aniversário foi realizada no dia 11 de novembro no Espaço BOOMBALAKA, onde as crianças atendidas no CAICA se divertiram com os diversos brinquedos e brincadeiras, se encantaram com a presença do Palhaço Paçoquinha, cantaram o tradicional “Parabéns” e se deliciaram com diferentes doces, cachorro-quente e algodão doce.



Encerrando a semana de atividades, a Equipe de Profissionais do Centro Multidisciplinar, juntamente com representantes do Centro de Referência Especializado em Assistência Social - CREAS e do Centro de Atenção Psicossocial - CAPS Harmonia estiveram presentes no V Simpósio Regional de Políticas Públicas - Saúde Mental na Infância e Adolescência, com o objetivo de promover o debate em temas afeitos à infância e juventude, trazendo à discussão assuntos de relevância na construção de um sistema de proteção e eficaz.



No dia 18 de novembro foi realizado o I Mini-Seminário Infanto-Juvenil, onde pais e filhos puderam juntos, receber orientações sobre Higiene Bucal, Alimentação e realizaram atividades de corpo e movimento.



Ainda, para fechar a programação de atividades referentes ao aniversário do CAICA, dia 29 de novembro será realizado o III Encontro De Formação para Educadores, onde se refletirá o tema Ideias Práticas para a Inclusão.



“A Equipe agradece todo carinho recebido da comunidade, pais e pacientes que estiveram conosco prestigiando toda a programação”, completa a coordenadora do CAICA, Graziela Grala. “Agradecemos de forma especial, ao prefeito Ernesto Molon, às Secretarias de Educação, Saúde e Ação Social que apostam e valorizam nosso trabalho. Também agradecemos a tantas parcerias recebidas como: Renata Ferrão, proprietária do espaço BOOMBALAKA, a Edilaine Decorações, ao Lucas Peluffo e Priscila Castilhos da Secretaria de Educação, ao dentista Dr. Aldo Rocha, à nutricionista Viviane Kruguer, a Srª Tânia da Secretaria de Trabalho e Ação Social que fez e distribuiu o algodão-doce e à Vânia Nunes - Palhaço Paçoquinha, que nos ajudaram a fazer com que a festa para a criançada fosse mais brilhante e divertida”, completa.

Fonte: Assessoria de Imprensa Prefeitura Camaquã

Centro Multidisciplinar comemora um ano de atividades


O CAICA – Centro de Atendimento Integral à Criança e ao Adolescente, é um local especializado nas questões referentes à Saúde, Educação e Assistência Social, para crianças e adolescentes até 14 anos de idade, e vem realizando um trabalho de referência para Camaquã e região.


Neste mês de novembro a equipe comemora um ano de atendimento à comunidade Camaqüense, onde estão previstas diversas atividades. No dia 3 de novembro, a equipe esteve reunida na Praça Donário Lopes, juntamente com o prefeito, Ernesto Molon e os Secretários da Saúde, Reges Kulczynski, Educação, Marisa Albuquerque e do Trabalho e Ação Sócia, Marizabel Giacomuzzi, quando realizaram uma panfletagem a comunidade local divulgando ações, atividades realizadas e orientações gerais. 


No dia 10 de novembro será realizada uma palestra aos pais dos pacientes atendidos e a todos os professores interessados com o vereador e educador, Milton Silveira Pereira sobre “O papel dos Pais e Educadores na vida das crianças e adolescentes”, às 19h no auditório da SME. Dia 11 de novembro a equipe comemorará juntamente com as crianças a Festa de Aniversário, à tarde no BOOMBALAKA. 


Estão previstos ainda um encontro de formação para os Profissionais do Centro Multidisciplinar em Pelotas e o I Mini-Seminário Infanto-Juvenil para os pais e pacientes do CAICA. Para fechar o mês de comemoração, será realizado no dia 29 de novembro no auditório da SME o III Encontro de Formação para professores de Camaquã e região que terá como tema: “Idéias Práticas para a Inclusão”.


“A Equipe do CAICA está bastante entusiasmada com toda esta programação, porém está ainda mais contente com os resultados, avanços e o apoio recebido durante este primeiro ano”, comenta a coordenadora Graziela Grala.


Para o próximo ano o CAICA tem como objetivo estreitar ainda mais os laços com as famílias, as escolas e outros órgãos representativos da comunidade camaquense.

Fonte: Assessoria de Imprensa Prefeitura Camaquã

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Triagem auditiva neonatal


A audição é de fundamental importância na vida das pessoas, pois é o sentido que melhor permite o relacionamento com o mundo em geral por meio da comunicação.

É na infância que o indivíduo aprende a falar, e isto ocorre a partir do modelo que lhe é apresentado, ou seja, ele fala o que escuta. Qualquer perda auditiva, mesmo que pequena, pode acarretar sérios comprometimentos relacionados à aquisição de fala e linguagem, interferindo na vida social, psicológica, emocional e cognitiva.


A triagem auditiva neonatal é capaz de detectar precocemente se o bebê apresenta alguma perda auditiva, ela é indicada para todo recém-nascido, e deve ser realizada até o terceiro mês de vida, uma vez que este é o melhor período de aproveitamento para aquisição de linguagem. De acordo com especialistas, de 0 a 3 meses de vida, as “estratégias” de tratamento são mais eficazes e geram melhores resultados.


A realização do exame é bem simples, não é invasivo; indolor, não requer sedação ou anestesia e é realizado por fonoaudiólogo durante o sono natural da criança, tem duração de aproximadamente 05 minutos. Uma pequena sonda de borracha é introduzida no ouvido do bebê e um estímulo sonoro é emitido para avaliar a função das células ciliadas externas da cóclea.


A intervenção fonoaudiológica até os seis meses de idade possibilita o desenvolvimento da linguagem muito próximo ao da normalidade. Sendo assim, fica clara a importância de se realizar a triagem auditiva neonatal, visando o desenvolvimento global da criança. É importante ressaltar que quanto mais cedo o bebê for avaliado, melhor será o prognóstico.

Comentário: A perda auditiva quando detectada tardiamente pode trazer sérios comprometimentos para a vida da pessoa. O atraso na aquisição de fala e linguagem é um fator que trará prejuízos na comunicação, e conseqüentemente nas relações interpessoais, bem como no psicológico e emocional. Diante de tais fatores, fique atento, NÁO DEIXE DE REALIZAR A TRIAGEM AUDITIVA EM SEU RECÉM NASCIDO!

Por Audioclick





Neonatologia


Qual é o papel do Fonoaudiólogo na Neonatologia?

Promover o desenvolvimento do sistema sensório motor oral por meio da estimulação da sucção não nutritiva e/ou nutritiva; garantir o sucesso do aleitamento materno; realizar orientações aos pais e o acompanhamento interdisciplinar; realizar o teste da orelhinha.

  1. Como é a avaliação fonoaudiológica nos bebês prematuros?

A avaliação deverá ser realizada quando o recém nascido está clinicamente estável, ou seja, com a frequência cardíaca e respiratória adequadas, com idade gestacional igual ou superior a 34 semanas e com um balanço calórico acima de 90Kcal/dia. É importante leitura prévia do prontuário e coleta de dados sobre a história do RN. Em seguida faremos a análise do ambiente no qual o RN encontra-se (se o mesmo está em incubadora, berço aquecido, berço comum, se faz uso de algum tipo de suporte respiratório, de sonda para alimentação, etc). Após a observação rigorosa dos critérios acima referidos, o RN é posicionado adequadamente e então será iniciada a avaliação propriamente dita. Avaliaremos a postura do RN (se este está organizado ou desorganizado) a presença dos reflexos de alimentação (busca, sucção, deglutição) e dos protetivos (gag, tosse), a coordenação entre o ato de sugar, deglutir e respirar e aspectos referentes a pressão intraoral, vedamento labial e canolamento de língua.

  1. Fonoaudiólogo atua em conjunto com outros profissionais?

Sim. Na Unidade de Cuidados Neonatais Progressivos, o fonoaudiólogo trabalha em conjunto com pediatras, neonatologistas, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos e assistentes sociais.

  1. Todos os bebês são encaminhados para a realização da Triagem Auditiva Neonatal (Teste da Orelhinha)?

Sim, todos os bebês são encaminhados para a realização do teste da orelhinha e orientados quanto a importância da realização do mesmo. A triagem é realizada no Ambulatório de Fonoaudiologia da UFMG, localizado no 3º andar do Hospital São Geraldo, por fonoaudióloga especialista em audiologia e com vasta experiência na realização da triagem. Em outros serviços este teste é realizado pela mesma fonoaudióloga que atua com estimulação do sistema sensório motor oral.

  1. O que é necessário para trabalhar nessa área?

Acredito que um curso de pós-graduação em Fonoaudiologia Hospitalar seja bastante importante, bem como cursos de aperfeiçoamento especificamente na área de Neonatologia e primeiros socorros, por exemplo.

Considerações do Grupo

A atuação do fonoaudiólogo no setor de Neonatologia ainda é pouco conhecida por parte dos profissionais que atuam dentro do hospital. Conforme dito na entrevista, este profissional atua dentro das unidades de Neonatologia com o objetivo de promover o bem estar do recém nascido e da família, prevenir alterações na deglutição, aplicando métodos que contribuem para a organização e coordenação entre o ato de sugar, deglutir e respirar, no incentivo e orientações quanto à importância do aleitamento materno, no controle dos estímulos ambientais como ruído e luminosidade, nas orientações em geral e na realização da Triagem Auditiva Neonatal.  Os fonoaudiólogos se integram à equipe no trabalho interdisciplinar e o seu papel é muito importante para a prevenção e detecção precoce de alterações alimentares e auditivas nos bebês, possibilitando às mães segurança para amamentar seus filhos e garantindo um adequado desenvolvimento das crianças.

Por: Camila Dantas Martins   

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Surdez: Problema que Merece uma Atenção Especial


Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 10% da população mundial tem algum déficit auditivo. Já a chamada "surdez severa" incide em uma em cada mil pessoas nos países desenvolvidos e em quatro em cada mil nos países subdesenvolvidos. No Brasil, calcula-se que 15 milhões de homens e mulheres tenham algum tipo de perda auditiva e que 350 mil nada ouçam.
O ouvido é o órgão que capta esse som, transforma-o em estímulos elétricos e os envia ao nervo auditivo, para que cheguem ao cérebro. Ali, eles são decodificados como uma palavra, ou como uma canção. Quando esse precioso mecanismo apresenta falhas, surgem as deficiências auditivas, que podem ter vários graus e culminar na surdez total. O som é energia mecânica de vibração do ar
A surdez tem a sua classificação de acordo com a área do ouvido que apresenta a deficiência. Quando ela está relacionada a problemas do ouvido interno, cóclea, labirinto ou nervo auditivo (que transmite as informações geradas no ouvido até o cérebro), chama-se surdez neurossensorial. Normalmente é de difícil tratamento e possui intensidades variadas. Muitas vezes é total. Podem surgir por causas congênitas e hereditárias, ou em razão de doenças sistêmicas, drogas tóxicas para o ouvido, trauma acústico sonoro e envelhecimento. O outro tipo é a surdez de condução do som do meio externo para o ouvido interno. Tudo o que obstrui a passagem do som, como as "rolhas" de cera e as otites (inflamações do ouvido), causa essa surdez, além de problemas na membrana timpânica nos ossinhos do ouvido que amplificam o som. Podemos citar ainda nesse grupo a surdez transitória, que acontece quando se está gripado ou se desce a serra ou, ainda quando se viaja de avião. Felizmente, na maior parte dos casos, a surdez de condução pode ser revertida por meio de tratamentos clínicos ou cirúrgicos.
Unilateral
Caso a deficiência auditiva seja unilateral, causará poucos problemas, pois há a compensação do outro lado. Se atingir os dois ouvidos e, dependendo do grau, causará dificuldades sociais e de comunicação. No idoso, costuma gerar isolamento, o que pode levar à depressão e a problemas no trabalho e de relacionamento.
Na criança, se a deficiência aparece já nos primeiros anos de vida, poderá causar distúrbios ou atrasos na aquisição de linguagem, além de problemas no desenvolvimento intelectual e de aprendizado. A detecção e a correção da doença devem ocorrer o quanto antes.
Formas de Prevenção
A prevenção é palavra-chave, pois é possível prevenir alguns tipos de surdez, um exemplo: a rubéola é uma doença contagiosa que ataca gestantes nos primeiros meses de gravidez e pode afetar seriamente o desenvolvimento normal do aparelho auditivo do feto e causar a surdez infantil. São instrumentos de prevenção: a vacinação contra a rubéola em mulheres antes da gravidez; o tratamento de doenças como a sífilis, a toxoplasmose e o citomegalovírus; a imunização contra a meningite meningocócica; o tratamento adequado de otites na infância; e a precaução no uso de medicamentos potencialmente tóxicos para o ouvido. Infelizmente, poucos hospitais e maternidades hoje fazem exame de audição em recém-nascidos.
Ele é importante porque, se a deficiência auditiva não for percebida a tempo, causará alterações no desenvolvimento normal das vias auditivas cerebrais por falta de estimulação. Em casa e na escola, é importante observar o comportamento da criança.
Atrasos no desenvolvimento da linguagem e da comunicação, alterações de comportamento, dificuldade no aprendizado e isolamento são indícios que pedem exames. Nas empresas e indústrias, testes de audição periódicos e proteção de ouvido para empregados expostos a muito barulho ajudam a prevenir a surdez ocupacional, relacionada a ruídos em ambiente de trabalho. De modo geral deve-se evitar a exposição a ruídos que agridam o ouvido.
Os especialistas no assunto lembram que a surdez de condução pode ser tratada com medicamento ou cirurgia. Já a surdez neurossensorial dificilmente tem solução. Por isso, é necessário que se procure um especialista a qualquer sinal de perda de audição. Um diagnóstico precoce do problema pode impedir a progressão da surdez e, em casos raros, saná-la. Na presbiacusia (surdez do idoso), a perda de audição se deve ao desgaste provocado pelo envelhecimento. Nos casos em tratamento, a melhor opção para recuperar a audição é a prótese auditiva (aparelho de surdez). É fundamental ainda ressaltar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do problema auditivo, na infância, como forma de evitar que crianças tenham seu desenvolvimento afetado pela surdez.
Audição e Fala
A audição é essencial para o desenvolvimento da fala, da linguagem, da socialização e de outras formas de comportamento. Sem a audição a criança tende a se afastar do seu meio ambiente, isola-se, e pode ter a aparência de criança retardada, com distúrbios emocionais e de aprendizagem. Torna-se claro que a audição deve ser testada em qualquer criança que venha para avaliação de distúrbios do desenvolvimento.
Classicamente, surdez é descrita como perda de audição para determinado número de decibéis e freqüentemente não se leva em conta o aspecto funcional da audição, como propósito de comunicação. Ouvir não é apenas escutar; implica numa interpretação ótima de sons levando à produção de pensamento e linguagem.
As perturbações da audição podem ser classificadas em quatro categorias: por condução, neurossensorial, mista e central. O déficit de audição por condução envolve perturbação da área do ouvido responsável pela transmissão mecânica de sons, portanto limitada à patologia do ouvido externo e médio (por exemplo, má formação congênita, cerúmen, infecção). Quase sempre a redução da audição não é total, e pode, na maioria das vezes, ser resolvida do ponto de vista médico. A maioria dos casos de déficit auditivo por condução se relaciona diretamente com disfunção da trompa de Eustáquio, devido à infecção das vias aéreas superiores, obstrução tubária, secreção de líquido no ouvido médio e posterior infecção.
A perda de audição neurossensorial resulta de dano no ouvido interno e nas fibras nervosas associadas. Tais lesões são usualmente permanentes, levando ao déficit sensorial e distorção dos sons, perturbando a discriminação auditiva mesmo daqueles sons ouvidos. O déficit neurossensorial pode ser congênito ou adquirido e as causas mais comuns são defeitos genéticos, infecções viróticas e bacterianas, uso de drogas ototóxicas e exposição contínua a ruídos de alta intensidade. Quanto mais precoce é a perda, e mais severo o déficit, mais dramático é o efeito sobre o aprendizado da fala e da linguagem, e sobre outros tipos de comportamento.
A perda de audição de origem central é muito mais difícil de ser determinada em crianças porque existem muitas vias pelas quais o estímulo sonoro chega até o córtex cerebral.
De modo geral, os testes utilizam a fala para o diagnóstico, requerendo resposta verbal do paciente. Por esse método, apenas quando as lesões são unilaterais elas podem ser identificadas. Dessa forma, a patologia central é mais freqüentemente presumida, depois de excluída uma anormalidade periférica da função auditiva através da anamnese e exame físico. Mesmo captando e transmitindo os sons, o paciente é incapaz de utilizar os estímulos auditivos para finalidade de comunicação. O que já está demonstrado é que as lesões centrais não produzem déficit de audição do tipo observado nas lesões periféricas (por exemplo mensurável através da audiometria). Do ponto de vista prático, a criança seria incapaz de utilizar os estímulos sonoros para propósitos funcionais. Das lesões centrais, apenas os tumores poderiam ter soluções do ponto de vista médico, sendo as demais abordadas como seqüelas, através de educação especializada e foniatria.
Fala e Voz - Um Caminhar Junto
A comunicação verbal está relacionada à possibilidade do indivíduo receber, perceber e elaborar simbolicamente os sons, e planejar e executar os movimentos articulatórios adequadamente. Estas são peculiaridades próprias do sistema nervoso central do ser humano, que o diferencia dos outros animais.
A linguagem pode ser definida como a maneira pela qual as experiências e as idéias são comunicadas para outras pessoas. A compreensão e expressão envolvem uma conceituação de formas simbólicas (palavras) e sua combinação dentro de determinadas normas (gramática).
A fala é o ato motor da produção dos sons, a qual envolve a respiração, fonação, ressonância e articulação. É claro que a aquisição e desenvolvimento de bons padrões de comunicação dependem de circunstâncias externas ao indivíduo, desde que o sistema simbólico de cada língua seja aprendido, de maneira dinâmica, dentro da comunidade em que ele vive. Nesse processo intervêm basicamente os estímulos ambientais e o relacionamento afetivo.
Para avaliarmos em profundidade os distúrbios da linguagem e da fala é necessário que se conheça a seqüência e ritmo do desenvolvimento normal, e para tal seria necessário recorrer a livros especializados, o que foge ao objetivo. Para abordagem inicial, pode-se utilizar a Escala de Desenvolvimento de Denver adaptada. Além disso, considerar que, do ponto de vista fonético, a dislalia de troca (p-b, r-l, etc.) deverá normalmente ser superada aos três anos de idade e a de supressão (por exemplo, "cao"; em vez de carro) aos quatro anos.
Do ponto de vista prático, as crianças que apresentam desvios do desenvolvimento de fala e linguagem podem ser divididas em dois grandes grupos: aquelas com queixa de que não falam, e aquelas que falam pouco ou muito mal. As principais causas de um atraso nítido no aparecimento da fala, são a deficiência auditiva do tipo neurossensorial, falta de estímulos ambientais, lesões cerebrais, distúrbios neuróticos, autismo, malformações graves dos órgãos da fala, disfunção cerebral mínima e deficiência mental. A história clínica é sempre de fundamental importância para se esclarecer a natureza da doença. Aquelas crianças com lesões do sistema nervoso irão apresentar alterações grosseiras, posturais e de movimento, e sinais evidentes de espasticidade ou rigidez muscular, paralisia na língua, lábios, mandíbulas e palato.
A abordagem da criança que não fala pode ser realizada da seguinte forma: reação aos sons, reações aos gestos, reações a estímulos visuais e táteis, vocalização, função motora e respostas sociais. Além disso deverá ser feito o exame físico para afastar alterações anatômicas que possam interferir na produção dos sons: fenda labial e palatina, micrognatia, má oclusão dentária, hipertrofia de amígdalas e adenóides, etc.
Outras causas comuns de distúrbios da linguagem são a disfunção cerebral mínima e distúrbio emocional. Na maioria das vezes as crianças portadoras de distúrbios da fala e linguagem devem ser atendidas em equipe, da qual participam o médico (neuropediatria e o otorrinolaringologista), o psicólogo e o foniatra, tanto na fase do diagnóstico quanto na terapia.

sábado, 6 de novembro de 2010

Estética Funcional da Face


A Fonoaudiologia trabalha com diversas áreas do corpo, sendo a estética funcional de face uma prática inovadora baseada na motricidade orofacial, que é tida como uma das especialidades da área da fonoaudiologia.
TRATAMENTO:
A Terapia nesta área visa trabalhar a musculatura facial através de relaxamentos musculares, exercícios específicos e orientações diárias para que o paciente tenha conhecimento de suas expressões e hábitos, de forma que proporcione condições para modificá-los e obter o que grande parte das pessoas busca: saúde e beleza.
Considerando que o trabalho do fonoaudiólogo com a face tem como principal finalidade o fortalecimento e balanceamento dos músculos da mesma, permite a adequação da face propiciando o funcionamento correto que os músculos da face necessitam, propiciando benefícios como:
- fortalecimento e sustentação da face;
- hamonizar o estético e o funcional da face;
- aumentar a oxigenação e vascularização da pele;
- minimizar ou eliminar as mímicas faciais exacerbadas ou inadequadas;
- eliminar e/ou atenuar as rugas e marcas de expressão;
- equilibrar as forças musculares da face e pescoço;
- proporcionar a aquisição de hábitos saudáveis orofaciais e cervicais;
- adequar a postura, a respiração, a mastigação, a deglutição e a fala.
A atuação fonoaudiológica na estética da face previne e adéqua as alterações dos músculos mímicos e da mastigação desencadeadas pelo envelhecimento, pelos movimentos exagerados da mímica facial ou por distúrbios orofaciais e cervicais.
O trabalho é voltado ao reequilíbrio das funções estomatognáticas (sucção, mastigação, deglutição, voz, fala e respiração), com a finalidade de minimizar rugas e expressão facial, equilibrar o tônus da face, dando ao rosto um aspecto mais harmonioso e simétrico, favorecendo uma expressão mais equilibrada e também sinalizando para um aumento na auto-estima e melhoria na qualidade de vida.
A contração exagerada dos músculos é responsável pelo aparecimento de marcas e consequentemente facilita o surgimento das rugas. Ao mastigar, respirar, engolir e falar errôneamente fazemos com que algumas regiões não sejam trabalhadas ou trabalhadas incorretamente. A fonoaudiologia desenvolverá um trabalho de reorganização neuromuscular através da adequação das funções, relaxamento, alongamento, massagens, drenagem linfática e exercícios para as regiões do rosto e pescoço.
Após o término do tratamento o paciente é quem passa a ter a função de conduzir a continuidade do processo, através de um programa de exercícios prescritos pelo fonoaudiólogo. O programa deverá ser periodicamente reavaliado. Importante salientar que depois de apreendidas, as técnicas, acabam sendo incorporadas ao cotdiano e o paciente não mais precisará da intervenção fonoaudológica.
Por fonoaudióloga Arlete Barth

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

10 dicas para falar com um deficiente auditivo



Antes de qualquer coisa, é importante saber que existe mais de um tipo de deficiente auditivo. Não somos todos iguais (in) felizmente.

Existem os “verdadeiros” deficientes auditivos que, tal como diz o nome, tem algum tipo de perda auditiva de leve a moderada, que geralmente se resolve com aparelhos auditivos. Com eles, basta você falar um pouco mais alto, mas pelamordosdeuses, não fale como se você estivesse falando num megafone, porque o aparelho já ajuda muito. E, mais importante, espere ele dizer pra aumentar a voz, senão perigam os tímpanos dele estourarem junto com as suas cordas vocais!

Além deles, existem os surdos sinalizados, mais conhecidos como surdos-mudos, muito embora a maioria tenha voz, apenas não costuma usá-la ou porque não aprendeu o necessário ou porque tem vergonha/não gosta, eles falam uma língua própria, chamada Língua Brasileira de Sinais ou simplesmente Libras. Uma boa parcela nasceu surda ou perdeu a audição antes da formação plena da fala. São também chamados de surdos pré-linguais.

Há também, um grupo grande, mas menos conhecido e facilmente confundido com deficiente auditivo. São os surdos oralizados, que se comunicam através da fala oral, lêem os lábios, mas o aparelho comum não costuma resolver o problema de audição deles. Podem ser surdos adquiridos após a aquisição plena da fala (chamada surdez pós-lingual) ou surdos de nascimento que aprenderam a falar com fonoterapia. Quando esses também falam a língua de sinais, são chamados de surdos bilíngües.

Agora que já se sabe quais são as cores e sabores dos deficientes auditivos, voilà as dicas.

1. Fale devagar, sempre. Mas com naturalidade. Não adianta falar separando as sílabas ou articulando demais. Além de você acabar fazendo careta o tempo todo – que certamente o surdo terá que se segurar pra não rir – além de provocar dores no maxilar, periga você acabar se perdendo na linha de pensamento. Devagar, sim. Em 33 rotações, só se seu objetivo for matar o interlocutor de tédio.

2. Fale de frente pra ele. Se passar uma linda deusa na sua frente e você precisar virar o rosto, faça uma pausa. Cada virada de rosto é uma sílaba ou palavra perdida que poderiam alterar completamente o sentido da conversa. Jogos de adivinhação são supimpa, mas podem causar um grande mal entendido desnecessário.

3. O volume da voz deve ser de acordo com a perda de audição da pessoa. Claro que você não precisa ser adivinho. Comece falando com o tom de voz habitual. Se necessário, a pessoa te avisa que precisa que você fale um pouquinho mais alto, mais baixo ou mantenha do jeito que está. Além do mais, se a pessoa tem surdez quase total, não adianta gritar. Se você gritar ou falar sem voz dá na mesma. Ela apenas lê seus lábios.

4. Surdo sinalizado geralmente lê os lábios pelo menos um pouquinho. Se você perceber ou souber que o surdo é usuário exclusivo da Libras e realmente precisar falar com ele, fale de maneira simplificada. Ele provavelmente irá te entender e responder como puder (falando oralmente, por sinais ou até escrevendo). Ficar com medo de falar com ele, faz com que ele ache que você tem medo DELE. Surdos não mordem (a não ser que você peça).

5. Surdos oralizados falam oralmente, tal como diz o nome. Achar que todo surdo fala libras também é uma gafe feia. Chegar achando que está abafando porque aprendeu alguns sinais pode ser indecoroso. Muitos não apenas não falam a língua de sinais, como não tem interesse de aprender. Com eles, você pode falar normalmente. Se não entender, ele avisa, claro. A voz dele pode soar estranha pra quem não está acostumado com ela, mas ele sabe disso, fique tranqüilo. Apenas tenha um pouquinho de boa vontade e fique a vontade pra pedir pra ele repetir, caso você não entenda alguma coisa…

6. Não tenha medo de cometer gafes com figuras de linguagem. “Você está me ouvindo” “Nossa, você já tinha ouvido falar nisso?” “Ei, ouve essa..” não fazem um surdo te odiar. 

7. Às vezes, as pessoas acham que surdos/deficientes auditivos são, na verdade, pessoas antipáticas. Porque falam com elas e elas não respondem, já que a deficiência não é visível. Se, por ventura, você se deparar com uma pessoa que não responde quando você fala com ela estando virado, existe alguma chance dela não ter boa audição. Na dúvida, pergunte. 

8. Para chamar um surdo, você precisa de algum sinal visual ou tátil. Você pode abanar as mãos, acender e apagar uma luz ou até tocar o ombro dele de leve. Mas, jamais dê um cutucão com força ou um tapa agressivo. 

9. Surdo não casa apenas entre si. Se você tem curiosidade de saber se o(a) namorado(a)/cônjuge dele(a) é surdo também, pergunte. Chegar falando com a outra pessoa como se ela também fosse surda, é uma gafe perigosa. 

10. Uma das piores gafes que os ouvintes infelizmente cometem, é achar que a deficiência auditiva afeta o intelecto (alias, qualquer deficiência, convenhamos). A menos que o surdo não tenha recebido educação adequada – o que acontece sim, mas é uma infelicidade não tão comum – ele tem a inteligência de uma pessoa normal. Não se preocupe em achar que ele não é bem informado ou que não vai entender alguma coisa. Como qualquer pessoa, ele pode ou não estar informado sobre determinado assunto (como música, por exemplo), pode ou não entender determinada coisa, mas isso, ele te fala.