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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O que é a fonoaudiologia?


A Fonoaudiologia trabalha com os distúrbios da comunicação humana, no que se refere aos aspectos envolvidos na linguagem oral e escrita, voz, audição, fluência e funções estomatognáticas. Se você ainda não conhece o trabalho da fonoaudiológica, tem dúvidas ou deseja saber um pouco mais sobre nossa atuação, apresento abaixo uma breve descrição das áreas de atuação da Clínica de Fonoaudiologia. 

A atuação na área de Linguagem abrange o desenvolvimento da linguagem oral e escrita, habilita crianças com atraso ou distúrbio de linguagem ou pacientes que adquiriram a linguagem mas a perderam por algum motivo (por exemplo, devido a um acidente vascular cerebral). Nesta área, as queixas mais comuns são: atraso de linguagem (na emissão das primeiras palavras), trocas e/ou omissões de sons na fala, dificuldade na formação de frases e de leitura e escrita..

Em Motricidade Orofacial a atuação fonoaudiológica é responsável pela musculatura da face, boca e língua, principalmente no que se refere às funções de respirar pelo nariz (facilitando a respiração nasal de quem respira pela boca), mastigar e engolir os alimentos sem dificuldades (pois posicionar a língua de forma errada ou engolir alimentos de maneira incorreta, pode contribuir para o mau alinhamento dentário); manter a postura de língua e lábios adequada e articular os sons da fala corretamente. O fonoaudiólogo também soluciona problemas relacionados à sucção do bebê durante o aleitamento materno.

Quanto à Audiologia, a atuação fonoaudiológica é responsável por realizar exames audiológicos para verificar se a audição dos pacientes; seleciona e adapta aparelhos de audição (AASI) e habilita ou reabilita deficientes auditivos. Caso uma pessoa desconfie de alguma doença auditiva, pode solicitar ao profissional a avaliação da capacidade auditiva, baixa audição é as vezes sinal de algo errado, daí a necessidade de consultar um especialista em audiologia, de preferência quando bebê, pois desde o quinto mês de gestação, os bebês já são capazes de reconhecer a voz da mãe.

Na área de Voz, o atendimento clínico envolve a reabilitação de alterações nas funções da laringe, sendo a rouquidão o principal sintoma de lesão das pregas vocais como fendas, nódulos (os famosos “calos”), pólipos, cistos, edemas, entre outras afecções laríngeas; fraqueza da musculatura fonatória por problemas neurológicos (pacientes de Parkinson, paralisias e escleroses); gagueira, afonias e disfagias (dificuldade na deglutição) cujos sintomas mais comuns são: engasgos, tosse e penetração/aspiração nas vias áreas durante a alimentação. 

Nossa voz, fala, audição, respiração, mastigação e deglutição são fundamentais em todas as fases do desenvolvimento humano, do nascimento até a velhice e a Fonoaudiologia está aqui para favorecer todos esses aspectos por meio de prevenção, avaliação e tratamento adequado. Procure um FONOAUDIÓLOGO.

Por: Karen Raiocovitch
Fonoaudióloga CRFa 9313

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O que é deficiência auditiva?


A deficiência auditiva é considerada a perda da habilidade de ouvir, que pode ser causada por qualquer distúrbio no processo de audição normal seja qual for sua causa, tipo e intensidade.
As deficiências auditivas são causadas por alterações de orelha interna e podem ser divididas em congênita e adquiridas (GINSBERG; WHITE, 1999). A deficiência auditiva congênita expressa que a alteração esteve presente antes do nascimento, podendo ser hereditária (por alguma alteração no código genético) ou por fatores que agem enquanto o feto ainda está no útero, como nos casos de rubéola materna no primeiro ou segundo trimestre de gestação, quando há ruptura dos glóbulos vermelhos causando icterícia neonatal, por incompatibilidade do fator RH, por sofrimento fetal associado à anóxia, por ingestão de drogas pela mãe durante a gestação e prematuridade significativa.
Já, a perda de audição adquirida, segundo os autores anteriormente citados, ocorre por alguma alteração auditiva após o nascimento, e está ligada a doenças que são comuns na infância, como meningite, sarampo e caxumba, e por doenças próprias da orelha interna, como a doença de meniére, perda auditiva induzida por ruído (PAIR), deficiência auditiva por ototóxicos e vírus, presbiacusia (envelhecimento), entre outros.

Classificação das perdas auditivas:


As perdas auditivas podem ser classificadas quanto ao tipo, ao grau, ao tempo de aquisição e ao lado. Em relação ao tipo, Ceshim e Roslyng-Jensen (2002) classificam como: a) condutiva, quando a alteração está localizada na orelha externa e/ou na orelha média, podendo ser causada por mal formações da orelha, otites externa e média, rolha de cera, perfuração do tímpano, entre outros, e, geralmente, são passíveis de tratamento, devendo o paciente procurar um médico otorrinolaringologista; b) neurossensorial, quando a alteração localiza-se na orelha interna, órgão de Corti (cóclea) ou nas fibras do nervo auditivo, tendo como principais causas os fatores congênitos e adquiridos citados anteriormente. Na maioria das vezes, os pacientes não respondem a tratamentos clínicos ou cirúrgicos, sendo utilizados, quando indicados, os aparelhos de amplificação sonora (prótese auditiva ou aparelho auditivo) e, em casos selecionados, os implantes cocleares; e c) mista, quando existem alterações de características condutivas e neurossensoriais e nas alterações centrais, tendo como principais causas alterações do Sistema Nervoso Central, traumas cranianos, otosclerose, entre outros.
As perdas auditivas por tempo de aquisição podem ser: pré-natal, ocorre antes do nascimento; perinatal, por problemas causados durante o parto; pós-natal, por problemas e/ou doenças adquiridas durante o desenvolvimento da criança; congênita, a criança nasce com ela; e adquirida. Com relação ao lado, a perda auditiva pode ser unilateral, quando acomete apenas uma orelha, ou bilateral, quando afeta as duas orelhas, não sendo necessário apresentar as mesmas configurações. (CESHIN, ROSLYNG-JENSEN, 2002).
Silman e Silverman classificam as perdas auditivas quanto ao grau como: a) Normal, até 25 dB; b) Leve, de 26 a 40dB; c) Moderada, de 41 a 55dB; d) Moderadamente Severa, de 56 a 70dB; e) Severa, de 71 a 90dB e; f) Profunda, maior de 91dB. Redondo e Lopes Filho (1997) sugerem a inserção de um grau mínimo quando a classificação diz respeito à crianças, devendo o limiar estar entre 15 a 24dB.

Francine Nolasco Bastos Jorge
Fonoaudióloga

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Dificuldades de aprendizagem - De quem é a responsabilidade?

        
          Como aprendemos? Esta é uma indagação constante com sede de respostas de quem pesquisa e trabalha com a aprendizagem escolar. Podemos dizer que a aprendizagem precisa ser adquirida com prazer. Não há quem aprenda sob pressão, precisa vir naturalmente, com gosto, construindo o conhecimento no aprender. Pensar - construir - aprender. Esta é a condição básica das atividades diárias escolares.
            Sabemos também que as condições anatomofuncionais estão no mesmo processo, porém nem sempre ao mesmo tempo. Isto quer dizer que, quando a criança está com algum comprometimento das atividades intelectivas, como a memória, atenção, concentração, como também as habilidades auditivas, visuais e motoras, orientação espaço-temporal, pode ser causada a lentidão no processo de aprendizagem: Leitura, escrita, comunicação. Por mais que a criança tente, dificilmente aprenderá sozinha, de maneira natural. Já estamos entrando no campo das dificuldades de aprendizagem.
            Para identificarmos estas dificuldades na rotina escolar de uma criança, precisamos observar algumas modificações nas atitudes dela: falta de desejo de ir à escola, dor de barriga constante, dor de cabeça, sonolência, desculpas diversas para não querer fazer os deveres. Nestes casos, estamos chamando à atenção para os problemas de ordem emocional, os quais vão que desencadear sinais físicos. Estas mudanças de comportamento podem ser observadas pela família, já que a criança indica com facilidade que ela está vulnerável. Quando ela é comparada com os colegas ou com outros irmãos, pode ser desastrosa a tentativa inadequada de ajuda.
            Afinal, de quem é a responsabilidade? Da escola, da família ou da criança? É justo incluir a criança nesta tríade? Claro que não! Ela está no centro das atenções e não pode receber essa carga tão pesada em suas costas. Ela já está sofrendo o bastante e precisa de atenção, compreensão, afeto. Então a responsabilidade será da escola e da família? Sim, responsabilidade e não culpa. Responsabilidade é o sinal para a ação. Família e escola juntas, várias vezes, sempre quando necessário. Não adianta a família dizer que a escola não ensina direito, e a escola responsabilizar unicamente a família porque a criança não faz os deveres todos os dias, não se "comporta" como os outros colegas, ficando a criança para lá e para cá, ouvindo bobagens dos dois lados. É hora de agir, o mais rápido possível, é hora de os educadores se perguntarem em uníssono: - por onde começamos?
            Pesquisem sobre o assunto, levantem a história familiar e escolar da criança, encaminhem aos profissionais competentes – neurologistas, pediatras, psicólogos e fonoaudiólogos, que estão à disposição para dirimir quaisquer dúvidas. Creio ser este o caminho mais saudável para tratar os problemas de aprendizagem de uma determinada criança.
Por: Cal Coimbra 

domingo, 12 de dezembro de 2010

Afasia


O que é afasia?
            Afasia é um distúrbio de linguagem adquirido após a ocorrência de uma lesão no Sistema Nervoso Central (SNC). Basicamente, a lesão cerebral ocorre em áreas envolvidas no processamento lingüístico, gerando uma alteração no conteúdo, forma e /ou uso da linguagem.

Quais as causas?
            A afasia tem como causa a ocorrência de uma lesão cerebral. As lesões cerebrais são normalmente causadas por AVCs (acidentes vasculares cerebrais- comumente chamados de derrames) isquêmicos ou hemorrágicos, além de traumatismos craniencefálicos, sobretudo os abertos, infecções que atingem o cérebro, como as encefalites, tumores cerebrais, anóxias ou hipóxias, entre outras causas menos comuns.

Quais os tipos?
            Existem 10 tipos de Afasias Corticais, ou seja, afasias cujas lesões ocorreram no córtex cerebral. São elas: Afasia de Broca, de Condução, Transcortical Motora, de Wernicke, Transcortical Sensorial, Amnéstica ou Anômica, Transcortical Mista, Motora Mista, Mista e Global.
            Também existem os quadros das chamadas Afasias Subcorticais, cujas lesões atingem regiões como tálamo, putamem, substância branca periventricular, cápsula interna entre outras. As Afasias subcorticais são basicamente divididas em Afasias Talâmicas ou Extratalâmicas. São mais raras que as Afasias corticais e, em linhas gerais, têm prognóstico melhor e evolução mais rápida.
            Para simplificar, no entanto, podemos afirmar que, quando o paciente está afásico, há certamente um déficit de emissão e também de compreensão da linguagem. Desta forma, quando o paciente apresenta uma dificuldade em emitir uma mensagem, por exemplo, (falando ou compreendendo), maior do que compreender uma mensagem, estamos diante de uma Afasia Emissiva ou Expressiva.
            Se, ao contrário, o paciente apresenta um déficit maior em compreender uma mensagem (ouvida ou lida) do que para expressar-se verbalmente, estamos diante de uma Afasia Receptiva ou Compreensiva. E ainda, se a compreensão e a emissão das mensagens mostram-se comprometidas de modo similar, temos a ocorrência de uma afasia Mista. As Afasias Emissivas são mais comuns, mas há um grande erro quando se afirma, por exemplo, que “o paciente entende tudo, mas não diz nada”, porque, nesse caso, pode ser realmente que a expressão verbal esteja marcadamente mais prejudicada do que a compreensão,no entanto, por se tratar de um distúrbio de linguagem, certamente a compreensão também estará comprometida, mesmo que em grau leve.

Quais os sintomas?
            Dificuldades para falar ou entender a fala, ler e compreender o conteúdo e escrever. Diversas alterações são previstas na fala, como dificuldade em articular as palavras, que em casos mais graves podem chegar a uma ausência total da fala, distorção de sons, enunciados agramaticais, esquecer nomes de objetos ou palavras comuns, trocar palavras que se assemelham quanto à forma ou quanto ao significado, dificuldades em iniciar ou manter uma conversa, em relatar fatos mantendo-se o foco principal do assunto, entre outras. Entre as dificuldades de compreender mensagens oralmente (fala) ou graficamente (leitura), os distúrbios variam consideravelmente quanto à gravidade, podendo o paciente ter dificuldade em compreender desde palavras simples, ou apresentar déficits mais leves, como em compreender textos complexos, ou sutilezas lingüísticas como piadas, inferências, conteúdos com duplo sentido.
            Já na escrita, o paciente pode perder completamente a capacidade de escrever, escrever com troca de letras ou apresentar dificuldades mais leves como organizar as idéias e elaborar um texto com coesão e coerência.
            Basicamente o que se observa, portanto, é que os casos variam muito quanto aos tipos de déficits encontrados, bem como quanto à severidade dos mesmos.

Qual o tratamento? Tem cura?
            O tratamento consiste na realização de terapia fonoaudiológica. A terapia tem como objetivo, após a realização de um diagnóstico preciso e de um estudo minucioso sobre quais são os déficits no processamento de linguagem, a reativação, a reorganização ou a substituição da função. A reativação consiste em rever a informação, regras ou procedimentos no processamento lingüístico que estão deficitários. A reorganização consiste em ensinar ao paciente um modo diferente de realizar a mesma tarefa e a substituição consiste no uso de estratégias funcionais para processamentos extremamente deficitários.
            O prognóstico varia de paciente para paciente e depende tanto de fatores neurológicos (tipo, extensão e área da lesão cerebral), individuais (idade, escolaridade) quanto de fatores clínicos como melhoras que o paciente obteve espontaneamente após a lesão, e resposta inicial (primeiros 6 meses, principalmente) à estimulação. Além disso, claramente também depende de fatores não mensuráveis cientificamente, mas igualmente importantes como motivação do paciente e participação do paciente e da família na reabilitação.
            Pode-se afirmar que todos os pacientes expostos à estimulação de linguagem (terapia fonoaudiológica) apresentam melhoras, porém há pacientes que melhoram tanto, que o distúrbio de linguagem fica praticamente imperceptível, enquanto outros apresentam melhoras menos acentuadas ou pouca resposta à reabilitação. Nestes casos, também é papel do terapeuta trabalhar com adaptações, tendo como objetivo final sempre viabilizar a comunicação do paciente no meio em que ele vive. É importante destacar que quanto mais precoce é a exposição ao programa de reabilitação, melhores e mais rápidas são as respostas do paciente ao tratamento. Portanto, após a ocorrência da lesão cerebral e conseqüente afasia, a terapia fonoaudiológica deve ser iniciada o mais rápido possível, assim que o paciente tiver condições clínicas gerais de ser exposto ao tratamento.

A doença acomete que tipo de pessoas?
            Normalmente, pessoas que apresentam fatores de risco para um AVC como: hipertensão arterial sistêmica não-controlada (pressão alta), algumas doenças cardíacas, fumantes – pela aceleração do processo de arterioesclerose, malformações artério-venosas, sedentarismo, diabetes, associação entre múltiplos fatores, entre outros.

Existe prevenção?
            A prevenção consistirá em evitar a ocorrência e também a re-incidência do insulto cerebral, prevenindo, tratando e realizando acompanhamento médico diante da presença de um ou de vários fatores de risco para um AVC. Ressalta-se que o AVC é a mais freqüente das doenças vasculares encefálicas que constituem a terceira causa de morte em vários países desenvolvidos. No Brasil, é a principal causa de morte em adultos e é ainda a doença mais incapacitante. Infelizmente, o AVC não é a única causa da afasia, mas certamente é a mais comum e pode ser evitado em muitos casos com mudanças de hábitos e acompanhamento médico adequado.

sábado, 11 de dezembro de 2010

A fala infantil revela saúde



Dizem que falar é fácil e difícil é fazer. No entanto, a fonoaudiologia, ciência que estuda os distúrbios da comunicação humana, tem percebido que para algumas pessoas falar é bastante complicado sendo uma questão de saúde. Agindo preventivamente, essa pode tornar-se uma tarefa fácil, pois os pais ou responsáveis podem evitar problemas de fala, voz, linguagem e audição na primeira infância se forem orientados desde a gestação a tomar cuidados específicos em cada fase.

Durante a gestação inicia-se o desenvolvimento da fala através dos movimentos respiratórios e de sucção, que só estarão aptos após o nascimento, isto é, no período de amamentação.
Logo após o nascimento o bebê realiza atividades motoras concentradas na região oral como a sucção, respiração, mastigação e deglutição, que prepararão toda musculatura adequadamente dando condições necessárias para a criança esboçar corretamente os sons das palavras e desenvolver sua aprendizagem.
Tanto os "gritinhos" e choros, como a alta sensibilidade tátil existente na boca do recém-nascido lhe permitem conhecer o mundo e se relacionar com ele. Nesses período a criança vive situações prazerosas, reconhece texturas, objetos, ativa sua memória gustativa e assim organiza seu esquema corporal bucal que será fundamental na fase de aprendizagem da fala. Também ao mamar, a criança realiza movimentos de sensibilização do palato (céu da boca), contração e relaxamento nos órgãos móveis da face como a língua, lábios, mandíbula e bochechas. Ela vai conjugando equilibradamente as forças musculares da face e da mandíbula. Esta última vai deslocando-se para frente, pois ao nascer apresenta-se retraída permitindo a passagem do bebê pelo canal vaginal durante o parto.
Os diversos sons emitidos durante a metade do segundo mês até o terceiro caracterizam a época do balbucio. Nessa fase a criança vai ganhando mais precisão nestes movimentos e articula sons variando ritmo e intensidade, que ganham significação na comunicação, sendo interpretados como desejo de comunicação, e devem ser incentivados pelos adultos. Por esses e outros motivos já bastante conhecidos é muito importante que a criança exercite-se mamando no seio, pois as estruturas da região oral estão em formação e necessitam de estimulação para desenvolvê-las harmoniosamente.
Aproximadamente aos seis meses o bebê inicia a imitação voluntária, isto é, a emissão de sons que se aproximam dos produzidos em nossa língua e que serão aperfeiçoados mais tarde. Ainda nessa época é introduzida à alimentação da criança uma dieta variada com alimentos mais consistentes, pois a musculatura já está apta a desenvolver novos padrões de fala e mastigação. Em geral, é nesta fase que ocorre o desmame do bebê, que é a introdução de qualquer outro alimento além de leite materno, e a conseqüente ampliação das relações da criança com o mundo. No período de seis a sete meses apresentam um balbucio altamente diferenciado. A ausência desta última característica em geral aponta para dificuldade severa de audição ou ainda um atraso no desenvolvimento geral da criança.
Estimular o aleitamento exclusivo no seio até os seis meses é fundamental no aprimoramento das funções da respiração, sucção, mastigação e deglutição porém, é preciso considerar que após este período algumas mães mantém a forma de alimentação baseada apenas na sucção. Esta atitude deve ser melhor avaliada, pois a criança no seu desenvolvimento natural deverá alcançar funções motoras mais elaboradas como a mastigação, que favorecerá o fortalecimento das estruturas envolvidas na fala. Assim como espera-se que a criança vença as etapas do sentar, engatinhar, ficar de pé até caminhar e cada uma delas é importante para a fase posterior, retardar a passagem de novos padrões de alimentação prejudica o desenvolvimento das funções orais, pois fixa o padrão de sucção, mantendo posturas inadequados de língua, lábios para a mastigação, respiração e fala. As funções mais prejudicadas são a fala e mastigação, porque necessitam de estímulo e aprendizagem.
Alguns cuidados devem ser observados pelos responsáveis para prevenir alterações neste campo como verificar a postura da criança ao dormir evitando o descanso das mãos sob a face, a obstrução nasal crônica, lábios entreabertos, para que não haja deformações faciais que alterem a oclusão dentária ou padrão respiratório nasal. Evitar patologias auditivas que prejudicam a discriminação dos sons da fala, verificar se o furo da mamadeira apresenta tamanho adequado além de posicionar a mamadeira não muito verticalizada, para exigir do bebê o exercício da sucção e não apenas a deglutição.
O hábito vicioso de chupar o dedo, chupeta, assim como de outros objetos, deve ser evitado em todo período de desenvolvimento infantil. Nos primeiros anos a região oral apresenta maior plasticidade, podendo ser erradamente modelada pela introdução dos objetos ou posturas, provocando deformações como flacidez labial, encurtamento do lábio superior, impedindo a vedação do mesmo, flacidez lingual que empurram os dentes gerando mau posicionamento deles na arcada durante o seu aparecimento, aprofundamento do palato com conseqüente estreitamento da região nasal, aumento da produção da saliva e baba durante a noite, respiração bucal oferecendo pouca oxigenação cerebral com prejuízos na concentração da criança e conseqüentemente na aprendizagem. Há também uma maior suscetibilidade às doenças respiratórias de repetição que culminam na fixação de um padrão respiratório inadequado de fala, mastigação e deglutição, além, é claro, de ser anti-higiênico. Portanto o falar está diretamente relacionado à saúde revelando as condições orgânicas existentes.
Somente a condição anatômica dos órgãos da fala não garantem sua boa dicção, é preciso considerar também o estímulo que a criança recebe para utilização destas estruturas. Alguns adultos reforçam as palavras ditas erradamente com um "estilo" infantil, o que significa dizer que "ensinam o errado " não dando chance à criança de perceber o correto. Muitas crianças apresentam boas condições orgânicas, porém, não têm necessidade de nomeação dos objetos, ações e pessoas, pois são compreendidas por todos ao apontá-los. Deve-se propiciar à criança experiências variadas como a nomeação de seus atos, objetos e partes do corpo sem auxiliá-las, apenas reforçando.
Algumas crianças apresentam um atraso no aparecimento da fala, ultrapassando a idade de dezoito meses, sem pronunciar uma só palavra. Esse comportamento pode expressar a falta de estímulo verbal oferecida a criança ou até mesmo ser um primeiro sinal de sua dificuldade de contato com o mundo. Pode revelar a presença de muitas patologias como surdez congênita, Síndromes, comprometimento de aspectos psico-emocionais que caracterizam o autismo, entre outras.
As alterações na fala tornam-se diferenças no "mundo dos falantes" e para muitas crianças essas alterações causam dificuldades no convívio em grupo, principalmente na fase escolar. A criança pode ser alvo de constrangimentos, pois ela é percebida apenas pela sua dificuldade. Nesse período é comum receber "apelidos", que por vezes permanecem ao longo do seu desenvolvimento, resultando em prejuízos emocionais custosos ao convívio social.
Estimular a aquisição e superação de cada fase no processo da comunicação oral é fundamental para a saúde da criança.
É preciso que pais, profissionais de educação e saúde procurem desenvolver medidas preventivas buscando o acompanhamento fonoaudiológico regular da criança desde o seu nascimento. A identificação precoce de alterações neste campo pode evitar o aparecimento de dificuldades de aprendizagem e patologias fonoaudiológicas.

Por: Rosane Paiva da Silva

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Avaliação de jogos educativos computadorizados


Resumo:

O ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, na verdade o jogo faz parte da essência de ser dos mamíferos.
O ensino utilizando meios lúdicos cria ambientes gratificantes e atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança.
Um jogo educativo computadorizado é um ambiente de aprendizagem que une as características dos jogos com as de software.
O uso da informática na educação através de softwares educativos é uma das áreas da informática na educação que ganhou mais terreno ultimamente. Isto se deve principalmente a que é possível a criação de ambientes de ensino e aprendizagem individualizados (ou seja, adaptado às características de cada aluno) somado às vantagens que os jogos trazem consigo: entusiasmo, concentração, motivação, entre outros. Os jogos mantêm uma relação estreita com construção do conhecimento e possui influência como elemento motivador no processo de ensino e aprendizagem.
Quando se estuda a possibilidade da utilização de um jogo computadorizado dentro de um processo de ensino e aprendizagem devem ser considerados não apenas o seu conteúdo senão também a maneira como o jogo o apresenta, relacionada, é claro, com a faixa etária do seu público alvo. Também é importante considerar os objetivos indiretos que o jogo pode propiciar, como: memória (visual, auditiva, cinestésica); orientação temporal e espacial (em duas e três dimensões); coordenação motora visomanual (ampla e fina); percepção auditiva, percepção visual (tamanho, cor, detalhes, forma, posição, lateralidade, complementação), raciocínio lógico-matemático, expressão lingüística (oral e escrita), planejamento e organização.
Para uma utilização eficiente e completa de um jogo educativo é necessário realizar previamente uma avaliação consciente do mesmo, analisando tanto aspectos de qualidade de software como aspectos pedagógicos e fundamentalmente a situação pré-jogo e pós-jogo que se deseja atingir.
O jogo no processo de ensino e aprendizagem
 O ato de jogar é tão antigo quanto o próprio homem, na verdade o jogo faz parte da essência de ser dos mamíferos. O jogo é necessário ao nosso processo de desenvolvimento, tem uma função vital para o indivíduo principalmente como forma de assimilação da realidade, além de ser culturalmente útil para a sociedade como expressão de ideais comunitários.
Na concepção piagetiana, os jogos consistem numa simples assimilação funcional, num exercício das ações individuais já aprendidas gerando, ainda, um sentimento de prazer pela ação lúdica em si e pelo domínio sobre as ações.
Portanto, os jogos têm dupla função: consolidar os esquemas já formados e dar prazer ou equilíbrio emocional à criança. [FAR 95]
Segundo Vygotsky, o lúdico influencia enormemente o desenvolvimento da criança. É através do jogo que a criança aprende a agir, sua curiosidade é estimulada, adquire iniciativa e autoconfiança, proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração [VYG 89]
O uso da informática na educação através de softwares educativos é uma das áreas da informática na educação que ganhou mais terreno ultimamente. Isto se deve principalmente a que é possível a criação de ambientes de ensino e aprendizagem individualizados (ou seja, adaptado às características de cada aluno) somado às vantagens que os jogos trazem consigo: entusiasmo, concentração, motivação, entre outros. Os jogos mantêm uma relação estreita com construção do conhecimento e possui influência como elemento motivador no processo de ensino e aprendizagem.
Existem certos elementos que caracterizam os diversos tipos de jogos e que podem ser resumidas assim:
  • Capacidade de absorver o participante de maneira intensa e total (clima de entusiasmo, sentimento de exaltação e tensão seguidos por um estado de alegria e distensão). Envolvimento emocional
  • Atmosfera de espontaneidade e criatividade.
  • Limitação de tempo: o jogo tem um estado inicial, um meio e um fim; isto é, tem um caráter dinâmico.
  • Possibilidade de repetição
  • Limitação do espaço: o espaço reservado seja qual for à forma que assuma é como um mundo temporário e fantástico.
  • Existência de regras: cada jogo se processa de acordo com certas regras que determinam o que "vale" ou não dentro do mundo imaginário do jogo. O que auxilia no processo de integração social das crianças.
  • Estimulação da imaginação e auto-afirmação e autonomia
Classificação dos Jogos
Os jogos podem ser classificados de diferentes formas, de acordo com o critério adotado. Vários autores se dedicaram ao estudo do jogo, entretanto Piaget elaborou uma "classificação genética baseada na evolução das estruturas" (Piaget, apud [RIZ 97]). Piaget classificou os jogos em três grandes categorias que correspondem às três fases dos desenvolvimento infantil.
Fase sensório-motora (do nascimento até os dois anos aproximadamente): a criança brinca sozinha, sem utilização da noção de regras.
Fase pré-operatória (dos dois aos cinco ou seis anos aproximadamente): As crianças adquirem a noção da existência de regras e começam a jogar com outras crianças jogos de faz-de-conta.
Fase das operações concretas (dos sete aos 11 anos aproximadamente): as crianças aprendem as regras dos jogos e jogam em grupos. Esta é a fase dos jogos de regras como futebol, damas, etc.
Assim Piaget classificou os jogos correspondendo a um tipo de estrutura mental:
Jogos de exercício sensório-motor
Como já foi dito antes, o ato de jogar é uma atividade natural no ser humano. Inicialmente a atividade lúdica surge como uma série de exercícios motores simples. Sua finalidade é o próprio prazer do funcionamento, Estes exercícios consistem em repetição de gestos e movimentos simples como agitar os braços, sacudir objetos, emitir sons, caminhar, pular, correr, etc. Embora estes jogos comecem na fase maternal e durem predominantemente até os dois anos, eles se mantém durante toda a infância e até na fase adulta. Por exemplo, andar de bicicleta, moto ou carro.
Jogos simbólicos
O jogo simbólico aparece predominantemente entre os dois e seis anos. A função desse tipo de atividade lúdica, de acordo com Piaget, "consiste em satisfazer o eu por meio de uma transformação do real em função dos desejos", ou seja, tem como função assimilar a realidade. (Piaget apud [RIZ 97])
A criança tende a reproduzir nesses jogos as relações predominantes no seu meio ambiente e assimilar dessa maneira a realidade e uma maneira de se auto-expressar. Esses jogo-de-faz-de-conta possibilita à criança a realização de sonhos e fantasias, revela conflitos, medos e angústias, aliviando tensões e frustrações.
Entre os sete e 11-12 anos, o simbolismo decai e começam a aparecer com mais freqüência desenhos, trabalhos manuais, construções com materiais didáticos, representações teatrais, etc. Nesse campo o computador pode se tornar uma ferramenta muito útil, quando bem utilizada. Piaget não considera este tipo de jogo como sendo um segundo estágio e sim como estando entre os jogos simbólicos e de regras. O próprio Piaget afirma: "... é evidente que os jogos de construção não definem uma fase entre outras, mas ocupam, no segundo e, sobretudo no terceiro nível, uma posição situada a meio de caminho entre o jogo e o trabalho inteligente...”. (Piaget, apud [RIZ 97])
Jogos de Regras
O jogo de regras, entretanto, começa a se manifestar por volta dos cinco anos, desenvolve-se principalmente na fase dos sete aos 12 anos. Este tipo de jogo continua durante toda a vida do indivíduo (esportes, trabalho, jogos de xadrez, baralho, RPG, etc.).
Os jogos de regras são classificados em jogos sensório-motor (exemplo futebol), e intelectual (exemplo xadrez).
O que caracteriza o jogo de regras é a existência de um conjunto de leis imposto pelo grupo, sendo que seu descumprimento é normalmente penalizado, e uma forte competição entre os indivíduos. O jogo de regra pressupõe a existência de parceiros e um conjunto de obrigações (as regras), o que lhe confere um caráter eminentemente social.
Este jogo aparece quando a criança abandona a fase egocêntrica possibilitando desenvolver os relacionamentos afetivo-sociais.
O jogo como recurso pedagógico
            O jogo é uma atividade que tem valor educacional intrínseco. Leif diz que "jogar educa, assim como viver educa: sempre sobra alguma coisa”. [LEI 78]
            A utilização de jogos educativos no ambiente escolar traz muitas vantagens para o processo de ensino e aprendizagem, entre elas:
  • O jogo é um impulso natural da criança funcionando assim como um grande motivador
  • A criança através do jogo obtém prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo do jogo.
  • O jogo mobiliza esquemas mentais: estimula o pensamento, a ordenação de tempo e espaço
  • O jogo integra várias dimensões da personalidade: afetiva, social, motora e cognitiva.
  • O jogo favorece a aquisição de condutas cognitivas e desenvolvimento de habilidades como coordenação, destreza, rapidez, força, concentração, etc.
O uso da informática na educação através de softwares educativos é uma das áreas da informática na educação que ganhou mais terreno ultimamente. Isto se deve principalmente a que é possível a criação de ambientes de ensino e aprendizagem individualizados (ou seja, adaptado às características de cada aluno) somado às vantagens que os jogos trazem consigo: entusiasmo, concentração, motivação, entre outros. O jogo mantém uma relação estreita com construção do conhecimento e possui influência como elemento motivador no processo de ensino e aprendizagem.
A participação em jogos contribui para a formação de atitudes sociais: respeito mútuo, cooperação, obediência às regras, senso de responsabilidade, senso de justiça, iniciativa pessoal e grupal.
O jogo é o vínculo que une a vontade e o prazer durante a realização de uma atividade. O ensino utilizando meios lúdicos cria ambiente gratificantes e atraentes servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança.
Jogos Educativos Computadorizados
            Os Jogos educativos computadorizados são criados com a finalidade dupla de entreter e possibilitar a aquisição de conhecimento.
            Nesse contexto os jogos de computador educativos ou simplesmente jogos educativos devem tentar explorar o processo completo de ensino-aprendizagem. E eles são ótimas ferramentas de apoio ao professor na sua tarefa. Basicamente bons jogos educativos apresentam algumas das seguintes características:
  • Trabalham com representações virtuais de maneira coerente.
  • Dispõem de grandes quantidades de informações que podem ser apresentadas de maneiras diversas (imagens, texto, sons, filmes, etc.), numa forma clara objetiva e lógica.
  • Exigem concentração e uma certa coordenação e organização por parte do usuário.
  • Permite que o usuário veja o resultado de sua ação de maneira imediata facilitando a auto-correção (afirma a auto-estima da criança)
  • Trabalham com a disposição espacial das informações, que em alguns casos pode ser controlada pelo usuário.
  • Permitem um envolvimento homem-máquina gratificante.
  • Têm uma paciência infinita na repetição de exercícios.
  • Estimulam a criatividade do usuário, incentivando-o a crescer, tentar, sem se preocupar com os erros.
            Quando se estuda a possibilidade da utilização de um jogo computadorizado dentro de um processo de ensino e aprendizagem devem ser considerados não apenas o seu conteúdo senão também a maneira como o jogo o apresenta, relacionada é claro à faixa etária que constituirá o público alvo. Também é importante considerar os objetivos indiretos que o jogo pode propiciar, como: memória (visual, auditiva, cinestésica); orientação temporal e espacial (em duas e três dimensões); coordenação motora visomanual (ampla e fina); percepção auditiva, percepção visual (tamanho, cor, detalhes, forma, posição, lateralidade, complementação), raciocínio lógico-matemático, expressão lingüística (oral e escrita), planejamento e organização.
            Apesar de parecer que alguns destes tópicos são exclusivamente de pré-escola e, portanto não precisariam ser trabalhados em estágios superiores, é impressionante ver quantos alunos de 8º série carecem de uma boa coordenação motora...
            Para uma utilização eficiente e completa de um jogo educativo é necessário realizar previamente uma avaliação consciente do mesmo, analisando tanto aspectos de qualidade de software como aspectos pedagógicos e fundamentalmente a situação pré-jogo e pós-jogo que se deseja atingir.
Por: Liliana Maria Passerino



Jogos educativos para sala de aula


RESUMO

            Os jogos educativos tanto computacionais como outros são, com certeza, recursos riquíssimos para desenvolver o conhecimento e habilidades se bem elaborados e explorados.
            Vendo os jogos educativos computacionais como mais um recurso para a criação, desenvolvimento e prática do conhecimento, facilitando o processo de ensino-aprendizagem e ainda sendo prazerosos, interessantes e desafiantes, este artigo visa fazer uma reflexão sobre o brincar e o uso dos jogos educativos no desenvolvimento dos educandos.
            Apresentam-se algumas vantagens dos mesmos na educação, apontando possibilidades para serem ricos instrumentos para a construção do conhecimento.

EDUCATIVE GAMES

INTRODUÇÃO

            Segundo Orso (1999, p. 7) “a acriança precisa ser alguém que joga para que, mais tarde, saiba ser alguém que age, convivendo sadiamente com as regras do jogo da vida. Saber ganhar e perder deveria acompanhar a todos sempre”. Através de jogos se desenvolvem muitas habilidades e conhecimentos e ainda, aprender de forma lúdica é muito mais prazeroso e encantador.
            Quem não lembra de um jogo divertido e animador? É muito bom quando através de jogos se consegue atingir objetivos educacionais. Aprender brincando é muito mais valioso para a criança, pois brincar faz parte de seu mundo e desenvolvimento. É através das brincadeiras que ela descobre ou pode descobrir o mundo. Com jogos pode-se trabalhar questões de matemática, de ciências, de escrita, questões físicas, psicológicas, sociais...
            Com a presença dos computadores na educação, com os inúmeros jogos educacionais e demais softwares disponíveis para esse processo, se ganham novas possibilidades, são mais recursos a serem integrados como mediadores do ensinoaprendizagem. Acrescentam-se também a educação formal possibilidades nãopresenciais. Conforme Oliveira (2001) o ato de ensinar e aprender ganha novo suporte com o uso de diferentes tipos de softwares educacionais, de pesquisas na Internet e de outras formas de trabalhos com o computador. Acrescenta que o computador com seus inúmeros softwares pode ser uma ferramenta muito importante na mediação do processo da construção do conhecimento, capaz de favorecer a reflexão do aluno, viabilizando a sua interação ativa com determinado conteúdo de uma ou mais disciplinas e não só, um recurso auxiliar ao aluno na aquisição de informações na internet, em enciclopédias eletrônicas e nas produções e apresentações mais elaboradas de trabalhos escolares.
            Hoje em dia se encontram muitos jogos educativos e cabe ao educador selecionar e avaliar esses, buscando utilizá-los da melhor forma possível. Esses podem ser mais um dos agentes transformadores da educação, mas vai depender muito da forma como serão utilizados e explorados. Os educadores têm papel fundamental, pois é através do contexto, reflexão crítica e intervenções que os jogos educativos vão contribuir para o desenvolvimento dos educandos e a construção da aprendizagem.
            Pretende-se, por meio deste artigo, promover a discussão sobre o espaço de possibilidades oferecido pelo uso dos jogos educativos como recursos que possibilitem estratégias interativas de ensino-aprendizagem. Na primeira parte, apresenta-se uma visão geral sobre o brincar, a importância do lúdico. Em seguida, analisam-se os jogos computacionais, sua importância como ferramentas de auxílio ao aprendizado, suas possibilidades, vantagens e as considerações finais.

2. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR, DO LÚDICO NA FORMAÇÃO DO INDIVÍDUO

            O jogo e a brincadeira infantil são formas da criança manejar experiências, criar situações para dominar a realidade e experimentá-la. Segundo Teles (1999) brincar se coloca num patamar importantíssimo para a felicidade e realização da criança, no presente e no futuro. Brincando, ela explora o mundo, constrói o seu saber, aprende a respeitar o outro, desenvolve o sentimento de grupo, ativa a imaginação e se autorealiza.
            Teles (1999) acrescenta que criança que não brinca, que desenvolve muito cedo, a noção do “peso” da vida, não tem condições de se desenvolver de maneira sadia e que de alguma forma, esta lacuna irá se manifestar em sua personalidade adulta. Se não se tornar completamente neurótica, percebe-se, em seu comportamento, traços neuróticos e até psicóticos e, muitas vezes, esta pessoa carregará sempre a vida como se esta fosse uma provocação, um sacrifício, um dever a ser cumprido. Dificilmente conseguirá soltar-se, ser feliz com as pequenas coisas e sentir um prazer genuíno.
            Teles (1999) explica que brincando a criança também coloca para fora as suas emoções e personaliza os seus conflitos.
            O brincar estimula a criatividade, a imaginação, aprofunda, para a criança, a compreensão da realidade.
            Conforme Teles (1999) a brincadeira, o jogo e o humor colocam o indivíduo em estado criativo. Entretanto, se a brincadeira que estimula a criatividade só pode florescer num ambiente de liberdade e flexibilidade psicológicas, de busca de prazer, de autorealização, deve-se concluir que o desenvolvimento daquela encontra-se profundamente vinculado aos objetivos educacionais.
            O brinquedo não só possibilita o desenvolvimento de processos psíquicos, por parte da criança, como também serve como instrumento para conhecer o mundo físico (e seus usos sociais) e, finalmente, entender os diferentes modos de comportamento humano (os papéis que desempenham, como se relacionam e os hábitos culturais...). Para que as brincadeiras infantis tenham lugar garantido no cotidiano das instituições educativas é fundamental a atuação do educador. É importante que as crianças tenham espaço para brincar, assim como opções de mexer no mobiliário; que possam, por exemplo, montar casinhas, cabanas, tendas de circo, etc. O tempo que as crianças têm à disposição para brincar também deve ser considerado: é importante dar tempo suficiente para que as brincadeiras surjam, se desenvolvam e se encerrem. (REGO citado por TELES, 1999, p.16).
            A escola e os pais muitas vezes limitam esse brincar espontâneo e feliz nas crianças, ao invés de darem liberdade e estimularem esse brincar que é tão importante para o seu desenvolvimento saudável e feliz.
            De acordo com Teles (1999) o reconhecimento, o apoio e o incentivo, por parte de pais e professores, é condição essencial para o bom funcionamento da criança criativa, de auto-estima positiva, segura e equilibrada.
            Teles (1999) afirma que a brincadeira, além dos mil motivos da importância da vida da criança, é o verdadeiro impulso da criatividade e que não existe adulto criativo sem criança que brinque.

3. OS JOGOS NA EDUCAÇÃO

            Jogos educativos podem facilitar o processo de ensino-aprendizagem e ainda serem prazerosos, interessantes e desafiantes. O jogo pode ser um ótimo recurso didático ou estratégia de ensino para os educadores e também ser um rico instrumento para a construção do conhecimento.
            Lara (2004) afirma que os jogos, ultimamente, vêm ganhando espaço dentro das escolas, numa tentativa de trazer o lúdico para dentro da sala de aula. Acrescenta que a pretensão da maioria dos professores com a sua utilização é a de tornar as aulas mais agradáveis com o intuito de fazer com que a aprendizagem torne-se algo mais fascinante; além disso, as atividades lúdicas podem ser consideradas como uma estratégia que estimula o raciocínio, levando o aluno a enfrentar situações conflituantes relacionadas com o seu cotidiano.
            Jogos bem elaborados e explorados podem ser vistos como uma estratégia de ensino, podendo atingir diferentes objetivos que variam desde o simples treinamento, até a construção de um determinado conhecimento, afirma Lara (2004).
            A aprendizagem através de jogos, como dominó, palavras cruzadas, memória e outros permite que o aluno faça da aprendizagem um processo interessante e até divertido. Para isso, eles devem ser utilizados ocasionalmente para sanar as lacunas que se produzem na atividade escolar diária. Neste sentido verificamos que há três aspectos que por si só justificam a incorporação do jogo nas aulas. São estes: o caráter lúdico, o desenvolvimento de técnicas intelectuais e a formação de relações sociais. (GROENWALD e TIMM (2002) citado por LARA (2004, p.23)).
            Inúmeros jogos oferecidos pelo computador ajudam a desenvolver o pensamento, o raciocínio e ainda questões de matemática, de ciências, de escrita, físicas, psicológicas, sociais... Hoje em dia encontra-se uma infinidade de jogos educacionais e tipos. Segundo Valente (1993) a pedagogia por trás dos jogos educacionais é a de exploração auto-dirigida ao invés da instrução explícita e direta, esta filosofia de ensino defende a idéia de que a criança aprende melhor quando ela é livre para descobrir relações por ela mesma, ao invés de ser explicitamente ensinada.
            Valente (1993) acrescenta que existe uma grande variedade de jogos educacionais para ensinar conceitos que podem ser difíceis de serem assimilados pelo fato de não existirem aplicações práticas mais imediatas, como o conceito de trigonometria, de probabilidade, etc. Entretanto, destaca também, que o grande problema com os jogos é que a competição pode desviar a atenção da criança do conceito envolvido no jogo.
            Lara (2004) também coloca que a competição pode trazer efeitos negativos se não se souber lidar com a mesma de maneira positiva. Acrescenta que nem todos os jogos trazem a competição em primeiro lugar e muitas vezes é o professor quem sem nem se dar conta enfatiza um vencedor ou um perdedor. Caberá aos educadores mostrarem que o objetivo do jogo é fazer com que todos atinjam um desenvolvimento adequado e que certas habilidades devam ser adquiridas, motivando, assim, os alunos a se interessarem pelo jogo, reconhecendo suas dificuldades e detectando suas falhas e erros na tentativa de saná-los. Trabalhar também com a perda e a vitória é importante, pois em situações reais da vida algumas vezes se ganha, outras se perde. Também se podem desenvolver jogos colaborativos, ao invés de competitivos, onde um ajude ao outro a resolver a questão do jogo.
            Atualmente encontra-se também uma infinidade de portais de jogos e alguns bem interessantes. Destaca-se o Portal dos Jogos Cooperativos Computacionais (Jogos Cooperativos Computacionais, 2006) que vem ao encontro desta proposta de jogos colaborativo-cooperativos. O objetivo principal do projeto que mantém este portal é o de disponibilizar livremente jogos cooperativos computacionais, desenvolvidos pelos alunos do curso de Bacharelado em Ciência da Computação da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e pelo Grupo de Desenvolvimento de Jogos Cooperativos Computacionais do Núcleo de Estudos e Pesquisas Multidisciplinares (NEMU) do Departamento de Ciência da Computação (DCC – UFLA), para que sejam utilizados como ferramenta de apoio ao ensino em escolas de ensino fundamental e médio, geralmente com versões dos jogos tanto para o sistema operacional Linux, como para o Windows.
            Valente (1993) aponta também que muitos jogos exploram conceitos extremamente triviais e não tem a capacidade de diagnóstico das falhas do jogador e a maneira de contornar estes problemas é fazendo com que o aprendiz, após uma jogada que não deu certo, reflita sobre a causa do erro e tome consciência do erro conceitual envolvido na jogada errada. Nessas análises é muito importante à interação e mediação dos educadores, fundamentais neste processo para que os objetivos dos jogos não passem a ser unicamente vencer no jogo, deixando de lado as questões de aprendizagens com o mesmo.
            Existem diferentes tipos de jogos e aplicabilidades. Lara (2004) diferencia-os em quatro tipos. Jogos de construção, de treinamento, de aprofundamento e estratégicos, que podem ser perfeitamente aplicados também na classificação dos jogos computacionais.
            Jogos de construção, conforme Lara (2004), são aqueles que trazem aos educandos um assunto desconhecido fazendo com que, através da sua prática o aluno sinta a necessidade de buscar novos conhecimentos para resolver as questões propostas pelo jogo. Jogos desse tipo permitem a construção do aprendizado, despertando a curiosidade e levando o educando a procura de novos conhecimentos.
            Jogos de treinamento também são muito úteis, pois se sabe que mesmo que o educando tenha construído o conhecimento através do seu pensamento ele precisa exercitar para praticá-lo, estendê-lo, aumentar a sua autoconfiança e familiarização com o mesmo.
            O treinamento pode auxiliar no desenvolvimento de um pensamento dedutivo ou lógico mais rápido. Muitas vezes, é através de exercícios repetitivos que o/a aluno/a percebe a existência de outro caminho de resolução que poderia ser seguido, aumentando, assim, suas possibilidades de ação e intervenção. [...] pode ser utilizado para verificar se o/a aluno/a construiu ou não determinado conhecimento, servindo como um “termômetro” que medirá o real entendimento que o/a aluno/a obteve. (Lara, 2004, p.25).
            Os jogos de aprofundamento, segundo Lara (2004), podem se explorados, depois de se ter construído ou trabalhados determinados assuntos, para que os educandos apliquem-nos em situações através de jogos.
            Os jogos estratégicos como Dama, Xadrez, Freecell, Batalha Naval, Campo Minado e muitos outros são:
  • jogos que fazem com que o/a aluno/a crie estratégias de ação para uma melhor atuação como jogador/a, onde ele/a tenha que criar hipóteses e desenvolver um pensamento sistêmico, podendo pensar múltiplas alternativas para resolver um determinado problema. (Lara, 2004, p.27).
            Todo jogo deve ser analisado pelo professor antes de ser aplicado com os alunos. Também acrescenta Lara (2004) que não se deve tornar o jogo algo obrigatório; sempre buscar jogos em que o fator sorte não interfira nas jogadas, permitido que vença aquele que descobrir as melhores estratégias; estabelecer regras, que podem ser modificadas no decorrer do jogo; trabalhar a frustração pela derrota na criança, no sentido de minimizála; estudar o jogo antes de aplicá-lo e analisar as jogadas durante e depois da prática.
            O jogo na sala de aula pode ser um rico recurso de aprendizagem, explorado de maneiras diferenciadas de acordo com as situações e objetivos almejados, favorecendo os processos de ensino-aprendizagem.
            Oliveira (2001) aponta que os jogos educacionais têm como objetivo possibilitar entretenimento para o usuário, podendo ademais influenciar o seu desenvolvimento sócio-afetivo e cognitivo.
            Podem apresentar situações que contenham simulações, tutoriais ou sistemas inteligentes, mas o que evidencia esse tipo de software é seu caráter de divertimento, de prazer. Uma situação de jogo oferece aos usuários intensa interatividade, permitindo ampliar as relações sociais no ambiente de ensino, cativando o interesse dos alunos em relação a temas muitas vezes difíceis de ser apresentados por outras abordagens. A essência do jogo educacional é a aprendizagem com prazer e a criatividade com diversão (Oliveira, 2001, p.81).
            Segundo Oliveira (2001) a Informática na Educação pode proporcionar uma nova dinâmica ao processo de construção do conhecimento. Se até há pouco tempo livros, apostilas, jornais e revistas eram a principal fonte de pesquisa, hoje também se integram a esses recursos os CD-ROMs e as páginas de Internet, bem como o áudio e videoconferências. Se a biblioteca era a referência para pesquisas nas diversas áreas do conhecimento, o próprio conceito de biblioteca hoje muda com os sistemas de pesquisas on-line nas bibliotecas digitais e virtuais. As tecnologias inseridas no processo educacional abrem novos caminhos para a construção do conhecimento, com mais interação, colaboração, trocas, práticas...on-line nas bibliotecas digitais e virtuais. As tecnologias inseridas no processo educacional abrem novos caminhos para a construção do conhecimento, com mais interação, colaboração, trocas, práticas...
            Oliveira (2001) acrescenta que mesmo reconhecendo a comunicação como uma das condições basilares para a interação humana, não se pode entender a produção de materiais pedagógicos para o processo de ensino-aprendizagem dos saberes culturais como uma simples transmissão de um conhecimento por parte de alguns e a recepção por parte de outros, mas como construções e reconstruções inerentes ao conhecimento e através de jogos é possível também construir e reconstruir conhecimento.
            A construção de materiais pedagógicos, além disso, precisa levar em conta que a tarefa do professor não se restringe à atuação no âmbito da sala de aula, mas inclui aspectos de gestão e de manejo de relações humanas no contexto da escola, tendo em vista o caráter social e socializador da educação escolar (Coll (1996) citado por Oliveira (2001, p.8)).
            Os jogos educativos tanto computacionais como outros são, com certeza, recursos riquíssimos para desenvolver o conhecimento e habilidades se bem elaborados e explorados. São uma estratégia de ensino podendo atingir diferentes objetivos e áreas do conhecimento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Este artigo apresentou uma reflexão teórica sobre o uso de jogos na educação, suas possibilidades como estratégias de ensino, onde podem ser utilizados com o objetivo de construir conhecimentos, treinar habilidades já estudadas, aprofundar questões importantes e desenvolver estratégias de raciocínio lógico.
            Jogos educativos além de serem divertidos dando destaque ao lúdico, quando usados pedagogicamente, auxiliam os educandos na criação e familiarização de conhecimentos, possibilitam interação entre os jogadores e/ou trabalho em equipe. Destacam-se os jogos como um recurso a mais a ser construído e explorado com os alunos, vindo a somar positivamente no processo de ensino-aprendizagem. Utilizados de forma adequada e com mediações por parte dos educadores, com certeza, acrescentamse à educação como mais um agente transformador, enriquecendo as aulas de forma divertida e animada, pois brincando também se aprende e é muito mais prazeroso.
            Busca-se ainda uma maior integração entre os desenvolvedores de jogos educativos computacionais com profissionais da educação, com o objetivo de aliar o prazer de jogar, com as melhores práticas educativas, transformando a criança de hoje, em um adulto que saiba trabalhar em equipe, ganhar e perder e sinta prazer no que faz.
Fonte: www.cinted.ufrgs.br