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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Informações sobre disfagia


A disfagia é definida como uma dificuldade em deglutir ou uma sensação de comida "presa" na garganta ou no esôfago. As causas incluem a obstrução mecânica e os distúrbios na motilidade dos músculos da cavidade oral, da faringe ou esôfago. É útil distinguir a disfagia causada por doenças que afetam a orofaringe daquela que é devida a distúrbios esofágicos.
A disfagia orofaríngea pode ser causada por uma obstrução mecânica, mas geralmente resulta de motilidade no comportamento de origem neuromuscular.
Os pacientes podem apresentar uma regurgitação nasal e tosse durante a deglutição, como resultado de uma anormalidade na transferência do bolo alimentar da cavidade oral para o esôfago. Freqüentemente, existe evidência de um distúrbio neurológico generalizado, sendo a disfagia um deles e, possivelmente, a única manifestação.
A disfagia esofágica é mais freqüentemente devida a uma obstrução mecânica. Em muitos pacientes, é possível distinguir uma causa mecânica de uma anormalidade na motilidade através da obtenção de uma história cuidadosa.
Tipicamente, a obstrução mecânica é caracterizada inicialmente pela disfagia a sólidos e líquidos. A sua rápida progressão sugere fortemente um processo neoplásico.
Em contraste com a disfagia devida à obstrução mecânica, os distúrbios da motilidade esofágica estão geralmente associados a disfagia a líquidos e sólidos desde o seu estabecimento.
Os pacientes com comportamento da motilidade esofágica podem apresentar dor torácica e descobrir manobras, como deglutir repetidamente e a valsalva, que alivia a disfagia.
A progressão rápida não é um aspecto proeminente da disfagia devida a uma motilidade anormal. Pirose, perda de peso, regurgitação da comida, tosse e chiado ocorrem tipicamente com a obstrução esofágica, mas podem estar associados a uma motilidade anormal.

Fonte: Geriatria Prática - 2ª Ed. - 1997.
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terça-feira, 24 de agosto de 2010

Saúde Vocal


O segredo para ter uma boa saúde vocal.

A voz apresenta três funções primordiais na comunicação humana. Revela algum aspecto do falante: idade, emoção e nível sócio-cultural-econômico. A voz é uma das extensões mais fortes da nossa personalidade um meio essencial de atingir o outro.
A voz fluida é a melhor, visto que, do ponto de vista auditivo apresenta uma emissão mais agradável, solta e relaxada. Do ponto de vista psicológico, é considerada uma voz atraente e sedutora.

Devemos priorizar o cuidado com a voz, para se ter uma boa voz é necessário:
• Diminuir os fatores estressores da voz (frio e calor);
• Evitar ruído intenso;
• Evitar ar condicionado (ambiente muito seco);
• Aumentar a hidratação;
• Manter a coordenação respiratória adequada
• Fazer massagens e relaxamentos na região da cabeça, pescoço e ombros;
• Fazer aquecimento e desaquecimento vocal;
• Manter uma postura adequada na hora da locução;
• Evitar excesso alimentar antes da locução;

Recomendações básicas para ter uma boa saúde vocal:
• Repouso Vocal Relativo: Evitar o uso prolongado do telefone; falar em alta intensidade e utilizar a impostação vocal profissional no cotidiano.
• Aquecimento Vocal: É importante eliminar tensões corporais antes de realizar a locução. Exercícios corporais podem ser realizados juntamente com os exercícios vocais
• Lubrificação Laríngea: Indica-se o consumo de 2,5 L a 3,0 L de água ao dia (um copo a cada 40 minutos na presença do ar condicionado) e redução de consumo de cafeína, leite, e derivados, álcool, tabaco e medicamentos que causam ressecamento da mucosa.

Por Ele Cristina
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Crianças com dificuldades na fala






Atenção especial no período de alfabetização

Falar é um ato que envolve as estruturas dos aparelhos respiratório e digestivo, além de funções como respiração e deglutição. Quando qualquer um destes fatores é afetado, podem surgir distúrbios da fala, passíveis de correção através de tratamento especializado. As alterações da fala têm causas fisiológicas: respiração bucal, língua, bochechas, dentes e maxilares mal posicionados geram alterações na arcada dentária e problemas de pronúncia das palavras. O uso prolongado de chupeta, sucção de dedo e alimentação pastosa por muito tempo prejudicam a mobilidade e tonicidade dos órgãos fono-articulatórios. Fatores hereditários, traumas, timidez, e até mesmo o bilingüismo também podem comprometer a comunicação oral da criança. Dentre as alterações mais comuns, destacamos as seguintes: Deglutição atípica: É o pressionamento atípico da língua ou interposição anterior ou lateral da língua nos dentes, podendo levar a alterações na pronúncia dos fonemas (T/D/N/L) e ceceio lateral ou sigmatismo (S/Z). Dislalia: A criança troca letras, fala enrolado. Consiste em: 1) troca de fonemas: |F| por |V|, |G| por |C|, |T| por |D|, etc. 2) omissão de fonemas: sapato/ apato, palhaço/paiaço. 3) distorção: papagaio/ papaigaio. 4) inversão: televisão/tevelisão. Ocorre também de não se entender nada ou pouca coisa do que ela fala. A dislalia poderá ser um problema sério se persistir além da idade de aquisição normal da fala que é 4 anos, podendo deixar a criança inibida, tímida, causada pelas observações dos amiguinhos (ele fala errado!!!). Os pais e professores devem estar atentos, pois no período de alfabetização a criança pode transferir as trocas da fala para a leitura e escrita. Disfluência ou gagueira: A criança, por volta dos 3 a 4 anos apresenta uma gagueira fisiológica. Dependendo de como é vivenciada, passa naturalmente ou se instala e os fatores emocionais e hereditários podem interferir nesse processo. Para estimular a fluência recomenda-se brincar com ritmo, música, teatro, dramatização, poesia, etc. Os pais devem evitar ao máximo corrigir e pressionar a criança, dando atenção especial ao conteúdo da mensagem e não a forma como ela está falando. Não completem as palavras, dando o tempo necessário para que ela termine a frase tranquilamente. Os pais devem evitar comparação e discriminação, ter calma, paciência e reduzir a ansiedade para não transferir ao filho. Atraso na aquisição da fala: Algumas crianças começam a falar muito cedo, já na época do primeiro aniversário e outras que falarão só final do segundo ano de vida. A partir dessa idade, as crianças que apresentam vocabulário restrito, dificuldade em elaborar frases, dificuldade de compreensão, fala ininteligível e uso de gestos podem necessitar de tratamento especializado para estimulação da fala. Dentre as causas do atraso na aquisição da fala, destacamos: - Fatores hereditários e falta de estimulação de modo geral: - Fatores afetivos: abandono, rejeição, superproteção; ambiente familiar - Fatores orgânicos: rubéola, viroses, prematuridade, anoxia, etc.; Disfonia infantil: A voz apresenta-se rouca. Crianças que falam alto imitam sons com esforço, choram em excesso, gritam nos parques, jogos e escolas, estão falando de forma incorreta, causando esforço vocal e sendo sérios candidatos a terem nódulos nas pregas vocais. Elas necessitam de orientações sobre como usar a voz (higiene vocal) e buscar uma melhor forma de se comunicar.

Marta Mônica C. Cassarotti
Fonoaudióloga

Orientações fonoaudiológicas para familiares e cuidadores de pacientes portadores de afasia


A afasia é um distúrbio da comunicação oral e/ ou escrita adquiridos após uma lesão no Sistema Nervoso Central (SNC). As características das alterações da linguagem variam de um indivíduo para o outro. Existem várias formas de afasia que podem se caracterizar por:
·         uma leve alteração durante a fala com incapacidade para produzir alguns sons e palavras, associado a uma dificuldade na escrita e na leitura.
·         uma limitação importante da expressão oral, da escrita, da compreensão e da leitura.
·         uma perda grave da fala (quase ausência) e da compreensão com incapacidade para leitura e escrita.
Em alguns casos, o paciente consegue falar razoavelmente, mas com a velocidade da fala alterada. As orações podem ficar desorganizadas, o que freqüentemente está associado à dificuldade para ler ou escrever, calcular, para cantar. Em outros casos, quando o dano cerebral não é tão extenso, a afasia pode apresentar uma forma mais leve, já quando o paciente apresenta um grande comprometimento para comunicar-se, necessita de acompanhamento com orientações mais especializadas.
Existem aspectos do tratamento do distúrbio da linguagem que devem ser abordados por um especialista, pois necessitam de uma abordagem específica. As orientações também são oferecidas em casos para os quais o atendimento fonoaudiológico em consultório não é indicado, mesmo assim, sempre é necessário que se aborde a família do paciente afásico.
É importante lembrar que, na afasia, não se pode precisar o tempo da reabilitação ou o quanto o paciente poderá recuperar a linguagem. Mesmo assim, sabe-se que a motivação e o empenho da família são aspectos que são importantes durante o tratamento, pois o paciente encontra-se fragilizado por suas dificuldades. Além disso, na maioria dos casos, os ganhos obtidos, principalmente no primeiro ano após a lesão cerebral, e/ ou as seqüelas que persistirem, são aspectos praticamente estabelecidos.
A afasia é um distúrbio apenas da linguagem, mas pode ocorrer associada à perda da memória, a déficit cognitivo ou mental, quando a lesão cerebral comprometer todos estes aspectos.
As orientações apresentadas neste material são simples, e o seguimento por todas as pessoas que participam do ambiente do afásico é importante para que tomem a mesma conduta de comunicação. O familiar e/ ou um acompanhante com maior disponibilidade e melhor entrosamento com o paciente deverá acompanhá-lo. Sugere-se que parentes que apresentem dificuldades de relacionamento prévias com o afásico não se envolvam diretamente com o tratamento da linguagem.
Orientações domiciliares
·         A motivação, a compreensão e o apoio da família nos mais diversos aspectos são fundamentais para que o paciente manifeste e mantenha o interesse em executar o que foi prescrito.
·         Por mais incompreensível que seja a fala do paciente, devemos nos dirigir ao afásico sempre demonstrando tranqüilidade. Sua dificuldade para a comunicação pode piorar caso ele perceba que seu interlocutor está ansioso por sua resposta.
·         Quando o paciente apresentar um bloqueio ou sentir dificuldade para iniciar a fala, deve-se auxiliar a comunicação dando “pistas” ou “dicas”, não falar por ele nem corrigir.
·         Não deixar que ele permaneça em ambientes tumultuados caso não tenha certeza que ele se sente à vontade. Freqüentemente, sua dificuldade para compreender o que outros falam pode piorar nestes locais por confundir as informações dos indivíduos conversando.
·         Em uma festa de família ou qualquer evento onde várias pessoas poderão dirigir-se ao afásico, ele deverá contar com algum acompanhante já bastante adaptado ao problema da linguagem para auxiliar a comunicação.
·         Informar aos parentes e amigos para que não façam visitas em grupo, principalmente após o período inicial e mais crítico da doença, pois o paciente pode ficar bastante ansioso por não conseguir comunicar-se com um grupo. Solicitar que façam visitas individuais.
·         O paciente poderá apresentar, após a lesão, um comportamento instável. Poderá apresentar choro freqüente, riso incontrolado, agressividade, irritação, depressão ou falta de iniciativa. Deve-se entender que a maior parte destas reações fogem a sua vontade, são decorrentes do distúrbio neurológico. Pode-se adequar sua conduta naquele momento desviando sua atenção do que tenha desencadeado o problema.
·         Logo após a fase crítica, podemos perceber alterações da memória associadas ao distúrbio da linguagem. O paciente poderá recuperar completamente a memória e permanecer com a comunicação deficiente ou recuperar a linguagem e permanecer com deficiências na memória. Tudo dependerá do tipo de lesão cerebral.
·         Associado ao quadro, o paciente afásico também poderá apresentar distúrbios dos movimentos nos membros superiores e inferiores de um mesmo lado (hemiplegia).
·         A recuperação deste aspecto motor nem sempre estará associada à reabilitação da comunicação, isto é, o paciente poderá ter melhora nos movimentos e manter uma limitação mais grave na linguagem.
·         Em relação aos familiares que convivem com o paciente, deve-se lembrar que não deixem transparecer seu compadecimento como por exemplo: chorar ou fazer observações de comiseração pelo paciente. Estas reações podem deixá-lo desestimulado a manter contato com outras pessoas.
·         Mesmo que ele não tenha boa compreensão, não faça comentários que possam perturbá-lo (ex.: “Ele não poderá mais dirigir!”), como também não prometa ou afirme coisas a seu respeito sem antes confirmar com os especialistas que acompanham o caso. Existe uma lesão no Sistema Nervoso Central cuja recuperação nem sempre apresentará os resultados que se espera.
·         Mantê-lo sempre informado sobre os assuntos do dia a dia e participando das decisões, o máximo possível, de acordo com sua capacidade, como: escolher o passeio no fim de semana, suas refeições, roupas, entre outras preferências do paciente.
·         É necessário motivá-lo para realizar as atividades que executava antes do problema como: auxiliar na lista de compras do supermercado, na organização das despesas da casa ou tarefas que ele mesmo venha a sugerir, sempre com supervisão cuidadosa.
·         Seu familiar afásico deve ser tratado de acordo com sua idade e da forma mais natural possível. Apesar de estar mais dependente, até mesmo para a higiene pessoal ou alimentação, não significa que necessite ser abordado como uma criança.
·         Os pacientes que são bilingües (falam duas línguas), geralmente recuperam a língua materna primeiro, podendo levar algum tempo para recuperar o português.
·         Mas isto não é regra, alguns pacientes recuperam ou recorrem mais facilmente à língua estrangeira.
·         Situações em que o paciente poderá fazer escolhas como: as roupas que deseja vestir, na preferência do lanche, na programação da televisão, entre outros, devem sempre ser apresentadas a ele pois, mesmo não tendo uma boa compreensão, o paciente tem “noção” idéia do assunto e é importante que se sinta responsável pela escolhas de suas atividades.
·         Nos estágios iniciais ou em casos nos quais se tenha certeza de que o afásico não compreende o que se fala, devem ser utilizadas frases curtas e objetivas para perguntar algo. Como já foi citado anteriormente, aponte ou segure o objeto sobre o qual quer perguntar.
·         Da mesma forma, caso o paciente não consiga dizer o nome dos objetos e queira alguma coisa, aponte ou apresente a ele aquilo que você entende que ele esteja querendo, dizendo o nome ou escrevendo (ou as duas coisas), caso ele leia palavras simples, tenha sempre à mão uma prancheta com papel e lápis.
·         Dependendo do comprometimento da expressão oral do paciente, deve-se auxiliar simplificando as perguntas para facilitar as respostas. Formulam-se perguntas que ele possa responder apenas com “sim” ou “não”, permitindo-se que expresse mais palavras, caso tenha interesse.
·         Mesmo que o paciente não consiga falar as palavras corretamente, não corrigir, ao contrário, incentivá-lo continuando a “conversa” (se você conseguir compreender, já é o suficiente). Deve-se lembrar que ele está fazendo um grande esforço para se comunicar.
·         Existem vários momentos em que se pode “trabalhar” a linguagem. Por exemplo, antes da refeição, solicitar que o paciente escolha, como conseguir, o que gostaria de comer; após a refeição, estimular para que comente sobre o que gostou de comer, para escolher o que deseja comer na próxima refeição; permitir que ele escolha a roupa que deseja vestir; ao manusear seus objetos pessoais, incentive-o a contar sobre eles, quando comprou, se foi presenteado, entre outros aspectos. É importante que sejam aspectos bastante concretos aproveitando as atividades do dia-a-dia e da vivência do paciente.
·         Usar fotografias, principalmente aquelas que trazem lembranças divertidas ou situações que ele goste de relembrar. Não utilizar nenhuma recordação que o deixe ansioso ou deprimido. Poderá ocorrer um efeito contrário daquele que se espera, ou seja, o afásico poderá negar-se a falar.
·         As atividades deverão ser modificadas a cada dia (com temas diferentes) para evitar que o paciente apenas “decore” as palavras ou a frases.
·         Caso o paciente apresente um déficit severo da compreensão, não utilize palavras que não expliquem a situação concreta ou descreva claramente o objeto, por exemplo, evite usar preposições ou advérbios (em, dentro, ao redor, além, embora, etc.) sem a presença de algum gesto que as represente.
·         Quando for possível, embora sem exageros, procure gesticular e criar mímicas para interpretar aquilo que descreve dentro da atividade. O apoio visual facilita a compreensão por parte do paciente.
·         Não interromper se ele usar mímica ou gestos em demasia para comunicar-se. Provavelmente, é a única ou a melhor forma que consegue expressar seus desejos no momento. Manter-se paciente e compreensivo.
·         Também é importante manter a tranqüilidade quando ele estiver “contando” algo, mesmo que as frases sejam bastante incompreensíveis. Aprenda a analisar toda a sua expressão: face, mãos, braços, palavras confusas, jargão (fala sem sentido).
·         Se possível, não demonstrar que não está compreendendo logo no início da fala para que não se negue a continuar falando. Após ele iniciar, quando estiver fluindo mais, interromper com delicadeza auxiliando em seus bloqueios, dando “dicas”, fazendo perguntas sobre o assunto para confirmar se é aquilo que o paciente quer dizer.
·         Criar situações para que ele se manifeste, quanto mais tentar falar, maior será o “exercício”. À medida que vai evoluindo clinicamente, o paciente fica mais consciente de seus erros e tenta adequar seu padrão de fala.
·         Caso ele não compreenda definitivamente o que você quer perguntar ou contar, aguarde alguns momentos e aborde de outra maneira. Insistir poderá deixá-lo ansioso ou deprimido.
·         Se o paciente tem capacidade para a leitura, apresentar palavras importantes para o seu convívio como: nomes dos familiares, objetos do seu interesse ou uso diário, alimentos, entre outros. Usar letras de forma e escrever em folhas que ele tenha acesso quando quiser.
·         Algum erro cometido pelo afásico poderá realmente ser engraçado, mas não se deve criticar nem rir de seus esforços, ele ficará inibido em tentar novamente, prejudicando a reeducação.
·         À medida que você perceber progressos na reabilitação, diminua o seu auxílio para que o paciente se torne cada vez mais independente.
Estas são apenas algumas das orientações que se sugere para familiares e cuidadores. Como já descrito, a abordagem e os procedimentos devem ser adequados a cada caso e de acordo com as possibilidades da família. Além disso, em caso de dúvidas, sempre consultar os especialistas que acompanham o paciente para o manejo de sua comunicação.

Simone A. Finard de Nisa e Castro*
Antonio Cardoso dos Santos**

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Dislexia



A dislexia é um transtorno genético e hereditário presente em aproximadamente 10% da população mundial, podendo também ser causada pela produção exacerbada de testosterona pela mãe, durante a gestação.

Muitas vezes confundida com déficit de atenção, problemas psicológicos, ou mesmo preguiça; esse transtorno se caracteriza pela dificuldade do indivíduo em decodificar símbolos, ler, escrever, soletrar, compreender um texto, reconhecer fonemas, exercer tarefas relacionadas à coordenação motora; e pelo hábito de trocar, inverter, omitir ou acrescentar letras/palavras ao escrever.

Indivíduos disléxicos possuem a área lateral-direita do cérebro mais desenvolvida que a de pessoas que não possuem esta síndrome, tendo geralmente, por tal motivo, mais facilidade em questões relacionadas à criatividade, solução de problemas, mecânica e esportes.

Levando em consideração o despreparo que muitas instituições de ensino têm em relação às particularidades dos alunos - muitas vezes, inclusive, criando e reforçando estigmas – esse comportamento é responsável por uma grande parcela das causas de evasão escolar. Além disso, muitos casos de suicídio e de violência juvenil têm sido associados aos portadores dessa síndrome; comportamentos estes muitas vezes relacionados às alterações emocionais decorrentes das suas dificuldades.

O diagnóstico consiste na análise do paciente, geralmente por equipe multidisciplinar (psicólogo, fonoaudiólogo, psicopedagogo, etc.), excluindo outras possíveis causas. Tal avaliação permite que o acompanhamento seja feito de forma mais eficaz, já que leva em consideração suas particularidades individuais.

O tratamento embora não seja capaz de curar o paciente, o auxilia quanto às suas limitações, permitindo uma melhora progressiva, e evitando assim que sofra problemas sérios relacionados à autoestima e socialização.


Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia
Equipe Brasil Escola

A importância do teste da orelhinha nos bebês recém-nascidos


Teste da orelhinha: a triagem auditiva neonatal

Todo bebê está submetido a apresentar possíveis problemas auditivos ao nascer ou adquiri-los nos primeiros anos de vida. Com a finalidade de prevenir a deficiência auditiva ou até mesmo de remediar, no caso dos bebês que apresentam surdez congênita, foi criada a lei municipal nº. 3028, de 17 de maio de 2000.

Tal lei se refere a um programa de triagem auditiva neonatal que tem como finalidade avaliar a audição em recém nascidos. Esse programa é eficaz no sentido de prevenção e cuidados auditivos, sendo indicado por instituições do mundo inteiro, visando o diagnóstico precoce de perda auditiva, uma vez que sua incidência, na população geral, é de 1 a 2 por 1000 nascidos vivos.

Saiba questões importantes em relação a esse teste, como:

Quando deve ser feito?

Orienta-se realizar o teste da orelhinha, nos primeiros anos de vida do bebê (3 meses), detectando perdas precoces que possam influenciar no aprendizado da linguagem. Geralmente o exame é realizado no berçário em sono natural, de preferência no 2º ou 3º dia de vida. O tempo de duração varia entre 5 e 10 minutos, não tem qualquer contra-indicação, não acorda nem incomoda o bebê. Não exige nenhum tipo de intervenção invasiva (uso de agulhas ou qualquer objeto perfurante) e é absolutamente inócuo. A triagem auditiva é feita inicialmente através do exame de Emissões acústicas evocadas (código 51.01.039-9 AMB).

Como marcar o teste?

Procure clínicas que possuem médicos especializados em otorrinolaringologia e procure também o fonoaudiólogo, esses irão encaminhar e realizar o teste da orelhinha, respectivamente.

Qual o método utilizado?

O método mais utilizado para a triagem auditiva neonatal é o exame de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs) de acordo com o código (51.01.039-9 AMB).

Considerado bastante objetivo, este exame é indolor e de execução rápida, realizada durante o sono natural do bebê.

Utiliza-se um fone na parte externa da orelha do bebê. Demora de 5 a 10 minutos e não tem qualquer contra-indicação, não acorda nem incomoda o bebê.

O exame de EOAs baseia-se na produção de certo estímulo sonoro, bem como na percepção do retorno desse estímulo (eco), o registro é feito através do computador, verificando se a cóclea (parte interna da orelha) está normal, ou seja, em funcionamento, é emitido um gráfico com o diagnóstico do exame.

Como é dado o resultado?

Após o final do exame, além do resultado, é passado para o responsável e para o médico que solicitou o exame, um protocolo de avaliação. No caso de suspeita de alguma anormalidade após a realização da triagem auditiva neonatal, o bebê será encaminhado para uma avaliação otológica e audiológica completa.

Com o objetivo de ajudar a prevenir a deficiência auditiva, seguem abaixo alguns fatores que levam à surdez:

Fatores de risco para a surdez :

Bebê de 0 a 28 dias

- História familiar: ter outros casos de surdez na família;

- Infecção intra-uterina: provocada por citomegalovírus, rubéola, sífilis, herpes genital ou toxoplasmose;

- Baixo peso;

- Hiperbilirubinemia: doença que ocorre 24 horas depois do parto. O bebê fica todo amarelo por causa do aumento de uma substância chamada bilirrubina;

- Medicações ototóxicas;

- Síndromes neurológicas: Síndrome de Down ou de Waldemburg, entre outros.






Por Elen Cristine M. Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Conhecendo a gagueira


A gagueira e suas diversas causas
A gagueira, também conhecida como disfemia, é considerada pelos estudiosos como uma síndrome ocasionada pela insuficiência linguoespeculativa e também considerada resultado da reação de luta interior do indivíduo que fala.
A insuficiência linguoespeculativa é a inabilidade em traduzir o pensamento lingüístico para a forma articulada da linguagem oral, com precisão momentânea que a linguagem oral necessita.
Segundo Van Riper (1982), quando uma pessoa começa a gaguejar ao pronunciar uma palavra, ocorre uma ruptura temporal da programação simultânea e sucessiva dos movimentos musculares necessários pra que se possa pronunciar tal palavra ou para emitir as sílabas de forma apropriada.
A gagueira é difícil de ser definida por existir diferentes visões, visto que as abordagens e as definições se diferenciam de um estudioso para outro.
Ao gaguejar, a pessoa pode realizar bloqueios clônicos e tônicos ou ambos concomitantemente.
O bloqueio clônico é aquele que está presente durante toda a fala do indivíduo e é caracterizado por repetições de fonemas ou palavras. O bloqueio tônico aparece no início da fala do indivíduo, apresentando espasmos musculares que impedem a fala seqüencial.
Segundo Borel- Maisonny (1976), a gagueira é dividida em sete tipos diferentes:
• Gagueira familiar ou hereditária: é aquela em que há, de geração em geração, numa mesma família, pessoas gagas.
• Gagueira afásica: é a gagueira adquirida em conseqüência de lesão cerebral. Ocorre bastante na recuperação dos afásicos com diminuição de fluência.
• Gagueira dos bilíngües: é manifestada em crianças com grau linguoespeculativo baixo e que convivem em ambiente bilíngüe.
• Gagueira tônica do atraso de linguagem: ocorre quando a criança sai do estágio do atraso de linguagem, apresentando gagueira com acidentes tônicos.
• Gagueira esquizóide: é aquela apresentada dentro de um quadro pré-psicótico. A gagueira surge juntamente com a psicose.
• Gagueira oligofrênica: a oligofrenia causa uma insuficiência linguoespeculativa causando a gagueira.
• Gagueira mista: quando ocorre um ou mais tipos de gagueira num mesmo indivíduo.
Ressalta-se que a gagueira pode ser classificada por outros estudiosos como: fisiológica, primária e secundária.

Por Elen Cristine C. Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola

Tratamentos para Gagueira


Tratamento Fonoaudiológico - Tratamento Médico - Tratamento Psicológico

1) Gagueira tem tratamento?
Sim, a gagueira tem tratamento. A Fonoaudiologia e algumas especialidades médicas, por exemplo, dispõem de técnicas e procedimentos específicos para tratar a gagueira.
2) Adultos também podem se beneficiar com um tratamento para gagueira ou apenas as crianças?
O tratamento especializado para gagueira pode ser eficaz em qualquer idade. Portanto, adultos também podem se tratar.
3) Qual a idade ideal para uma criança iniciar o tratamento para a gagueira?
Na maioria das crianças, a gagueira melhora espontaneamente em até 1 ano após o aparecimento dos primeiros sintomas. Entretanto, os pais não têm como saber de antemão quais as chances de ocorrer melhora espontânea com seu filho. Por isso, é fundamental realizar uma avaliação especializada para saber se é mais alta a chance de a gagueira melhorar espontaneamente ou se é mais alta a chance de a gagueira persistir. Portanto, não existe idade ideal, mas sim época em que a gagueira se manifestou na criança, sendo que os pais podem procurar atendimento especializado assim que a gagueira se manifestar. O fonoaudiólogo especializado em gagueira avaliará o risco de a gagueira se tornar crônica. Fatores de risco incluem: a criança ser do sexo masculino, a existência de outros familiares com gagueira, a ocorrência de complicações durante o parto (prematuridade, baixo peso ao nascer, hipóxia), ocorrência de traumatismo craniano com perda temporária da consciência, dentre outros. Somente um profissional especializado saberá avaliar adequadamente o risco para gagueira. A conduta adotada dependerá da intensidade do risco:
Se o risco for baixo, os pais e o profissional podem optar por fazer um acompanhamento mensal para observar se ocorre recuperação espontânea; não ocorrendo melhora total da gagueira em até 1 ano, o tratamento especializado deve ser iniciado.
Se o risco for alto, o tratamento pode ser iniciado imediatamente, independente da idade da criança.
4) O tratamento cura a gagueira?
Até o momento, não existe nenhum tratamento que realmente cure a gagueira (no sentido de fazer com que a gagueira desapareça completamente sem que o indivíduo precise tomar nenhum cuidado adicional com sua fala). Os tratamentos disponíveis promovem uma diminuição significativa da gagueira, mas poderão persistir alguns resquícios, mesmo que sutis.

Tratamento Fonoaudiológico Especializado para Gagueira
Sandra Merlo & Ignês Maia Ribeiro

1) Quais os aspectos mais importantes em um tratamento fonoaudiológico de gagueira?
Existem dois aspectos cruciais para uma terapia fonoaudiológica de sucesso para a gagueira:
Encontrar um profissional suficientemente capacitado para tratar gagueira. Ser capacitado para tratar gagueira é diferente de ser habilitado para tratar gagueira. Em princípio, todos os fonoaudiólogos estão habilitados para tratar gagueira. Entretanto, apenas uma minoria se especializa no tratamento da gagueira. Dê prioridade para fonoaudiólogos especializados.
O indivíduo que gagueja e sua família devem estar suficientemente motivados e decididos para o tratamento. Durante a terapia fonoaudiológica, é necessário observar e analisar a gagueira, modificar atitudes frente à gagueira e treinar novos padrões de fala para que se alcancem resultados satisfatórios. Portanto, motivação e determinação são essenciais para que resultados positivos sejam alcançados.
2) O tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira realmente funciona?
Sim. Existem pesquisas com neuroimagem funcional demonstrando que a terapia fonoaudiológica promove mudanças na maneira como o cérebro processa a fala. Em outras palavras, após a terapia fonoaudiológica, algumas regiões cerebrais estão mais ativadas e outras menos ativadas. Na verdade, as melhoras obtidas (tanto na fluência em si, como na forma de lidar com a gagueira) são devidas às mudanças funcionais no cérebro desencadeadas pelas técnicas terapêuticas fonoaudiológicas. A seguir, reportagens sobre as modificações na atividade cerebral em decorrência da terapia fonoaudiológica:
- Tropeçando em palavras: atente para a seção "Recuperando a fluência".
- Para derrotar a gagueira, médicos estudam o cérebro: atente para as imagens de PET Scan antes e depois do tratamento fonoaudiológico.
3) Como escolher um fonoaudiólogo capacitado para o tratamento da gagueira?
Dê preferência para fonoaudiólogos com pelo menos 5 anos de experiência profissional, com estudos específicos na área de gagueira (principalmente especialização, mestrado ou doutorado) e que já tenham tratado com sucesso outros casos semelhantes.
4) Como é feito o tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira?
Existem diversos métodos fonoaudiológicos para tratamento da gagueira. O método preconizado pelo Instituto Brasileiro de Fluência é a neuropsicolingüística. A abordagem de terapia via neurociências está apoiada nas seguintes premissas:
Informações sobre gagueira: o objetivo é dissolver mitos sobre a gagueira para que o paciente compreenda melhor o distúrbio e, a partir daí, comece a modificar sua maneira de compreender, lidar e reagir à gagueira. É fundamental esclarecer que a gagueira é um distúrbio com base neurológica, ou seja, o cérebro (mais especificamente os núcleos da base) encontra dificuldades para controlar os movimentos automáticos da fala espontânea. Isso explica por que a gagueira é involuntária (ou seja, a pessoa não gagueja porque quer ou porque não tem força de vontade para falar), por que a gagueira é relativamente imprevisível, por que não é possível ter controle absoluto sobre a fala, por que ocorre grande melhora da gagueira em certas situações (cantar, ler em coro, falar com outro sotaque, etc.) e qual o papel das emoções na gagueira. Ter uma visão realista sobre a gagueira permite atitudes mais favoráveis diante das dificuldades.
Conhecimento e compreensão das situações favoráveis à produção da fluência e das situações desfavoráveis à produção da fala fluente, que desencadeiam a gagueira.
Aprendizagem de estratégias ou técnicas que favorecem a fluência da fala, tais como: diminuição da taxa de articulação ("velocidade de fala"), aumento do uso de pausas, suavização dos movimentos articulatórios, aumento da melodia e maior uso de gestos apropriados durante a fala.
Compreensão e manejo das situações que desencadeiam a resposta de congelamento (freezing). Quando o paciente relata que a gagueira piora quando lê ou fala em público, quando fala com determinadas pessoas (chefes, professores, pais), quando se sente inseguro ou quando está com medo, ele fornece indícios de que entra em congelamento (freezing). A resposta de congelamento está relacionada a uma baixa geral de atividade do organismo, incluindo diminuição dos batimentos cardíacos, da pressão arterial e da vocalização. Quando uma pessoa (com gagueira ou não) se vê em uma situação que considera amedrontadora e não sabe como lidar com ela adequadamente, o cérebro dá uma ordem para o corpo permanecer imóvel até que a pessoa decida enfrentar ou fugir da situação. Na gagueira, a vivência de experiências comunicativas frustrantes, estigmatizadas e impregnadas de valores sociais negativos pode condicionar o disparo da resposta de congelamento (freezing).
O avançado recurso tecnológico de realidade virtual está sendo testado no tratamento da gagueira para que, através da simulação de situações, as técnicas de fluência da fala e a diminuição do congelamento (freezing) possam ser mais bem trabalhadas.
5) Como o tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira é agendado?
Geralmente são realizadas uma ou duas sessões por semana, com duração de 40 a 50 minutos cada.
6) Qual é o tempo médio de um tratamento fonoaudiológico especializado para gagueira?
O tempo de terapia depende de uma série de fatores, tais como: intensidade da gagueira, presença de outros distúrbios de fluência e/ou de linguagem, presença de outros distúrbios neurológicos ou psiquiátricos, idade do paciente, aderência do paciente ao tratamento e grau de especialização do fonoaudiólogo. Em média, os tratamentos duram de seis meses (casos mais leves) até dois anos (casos mais graves).
7) Se eu fizer um tratamento especializado, nunca mais precisarei de tratamento?
O fato de ter feito um tratamento fonoaudiológico para gagueira não implica nunca mais cogitar outro tratamento: a gagueira pode se modificar ou se agravar com o passar do tempo devido ao surgimento de outras doenças, a novas experiências estressantes que foram vivenciadas ou ao próprio envelhecimento.

Tratamento Médico Especializado para Gagueira
Pedro Gomes de Alvarenga & Sandra Merlo

1) Que medicações são utilizadas no tratamento especializado da gagueira?
Bloqueadores dos receptores beta-adrenérgicos, como o propranolol. Esta classe de medicamentos bloqueia os receptores de adrenalina do tipo beta. Esses medicamentos controlam os sintomas físicos de ansiedade e são eficazes apenas diante de situações específicas, como antes de uma reunião, ou antes, de proferir uma palestra.
Inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS), como a fluoxetina e sertralina (as mais estudadas). Esta classe de medicamentos promove um aumento na concentração do neurotransmissor serotonina na fenda sináptica devido ao bloqueio da recaptação da serotonina pelos neurônios pós-sinápticos, atuando provavelmente de duas maneiras em relação à gagueira:
O aumento da serotonina inibe a ação da dopamina, o que facilitaria a resposta motora da fala.
A regulação do sistema serotoninérgico diminui a ansiedade que freqüentemente acompanha a gagueira.
A regulação do sistema serotoninérgico atuaria na diminuição de sintomas obsessivo-compulsivos típicos da gagueira (por exemplo, os pensamentos fixos em relação ao desempenho de fala, o temor excessivo diante de certos sons e/ou palavras, as previsões catastróficas das conseqüências sociais da gagueira).
Neurolépticos atípicos, como a risperidona (a mais estudada). Esta classe de medicamentos bloqueia parte dos receptores D2 do neurotransmissor dopamina, diminuindo a entrada de dopamina nos neurônios pós-sinápticos, atuando provavelmente de duas maneiras em relação à gagueira:
Facilitando a resposta motora da fala.
Inibindo vocalizações e movimentos estereotipados e indesejados durante a fala (por exemplo, piscar ou fechar os olhos, fazer caretas faciais, levantar os ombros, fazer movimentos bruscos com a cabeça, grunhir, protruir a língua).
Agonista parcial do neurotransmissor GABA, como o pagoclone. Nos Estados Unidos, a equipe do psiquiatra Gerald Maguire está realizando pesquisas sobre a aplicabilidade do medicamento pagoclone para casos de gagueira. Caso o medicamento seja aprovado nos testes, estará disponível para comercialização daqui a alguns anos. Vale lembrar que o próprio Gerald Maguire gagueja. Lembremos que esta medicação foi ainda pouco estudada. A seguir, reportagens sobre o medicamento pagoclone:
2) As medicações podem produzir efeitos colaterais?
Todas as medicações podem produzir efeitos colaterais, devendo, sempre, serem prescritas por médicos. No caso dos ISRS, os efeitos colaterais mais freqüentes incluem insônia, sonolência, ansiedade, tremores, fadiga, náuseas e diarréia. Entretanto, a maioria destes efeitos colaterais remite em algumas semanas. Alguns pacientes referem disfunções na esfera sexual durante o uso crônico de ISRS. No caso dos neurolépticos atípicos, os efeitos colaterais mais freqüentes incluem sonolência, cefaléia, fadiga e ganho de peso. Poucos pacientes desenvolvem arritmias e sintomas extrapiramidais, como tremores, rigidez, acatisia (ansiedade física e psíquica), distonia aguda (contração violenta de grupos musculares) e discinesia tardia (movimentos estereotipados que acometem a musculatura facial/oral). O acompanhamento médico, incluindo exames laboratoriais e eletrocardiograma, sempre deve ser realizado.
3) É necessário utilizar os remédios durante toda a vida?
Os remédios têm efeito enquanto são utilizados. Portanto, para manter a melhora na fluência, o uso deve ser contínuo. Entretanto, o remédio também pode facilitar o tratamento fonoaudiológico e/ou psicoterapêutico e, após ganhos nessas duas esferas, pode-se experimentar retirar as medicações.
4) A toxina botulínica (botox) pode ser utilizada no tratamento da gagueira?
Não, porque os músculos envolvidos na gagueira não estão restritos a um pequeno conjunto de músculos (como é o caso da disfonia espasmódica, que acomete apenas os músculos da laringe).
5) Como escolher um médico capacitado para o tratamento da gagueira?
Dê preferência para psiquiatras especializados em transtornos do espectro obsessivo-compulsivo* (infantil ou adulto) bem como para neurologistas especializados em distúrbios do movimento (infantil ou adulto).

* Os "transtornos do espectro obsessivo-compulsivo" incluem os sintomas obsessivo-compulsivos e os tiques (motores e vocais).

Tratamento Psicológico para a Pessoa que Gagueja
Lucia Maria Gonzales Barbosa

1) A gagueira é psicológica?
Não. Embora ainda se encontre disseminada a noção de senso comum de que a gagueira seja um distúrbio psicológico, tal concepção é inadequada. Cientificamente a gagueira é um distúrbio da fluência da fala, cujos sintomas geralmente surgem entre a primeira infância e o início da adolescência e deve ser tratada pelo fonoaudiólogo.
O psicólogo não possui formação para tratar de distúrbios da fala ou da fluência. O profissional capacitado para tal tratamento é o fonoaudiólogo. Vale ressaltar que nem todo fonoaudiólogo sabe tratar a gagueira. Quando procurar por tratamento fonoaudiológico, certifique-se de que o profissional possua especialização ou conhecimentos aprofundados na área da fluência da fala.
Quem gagueja não apresenta, necessariamente, qualquer problema psicológico e nem terá que se submeter obrigatoriamente a uma psicoterapia.
No entanto, há um tipo específico e extremamente raro de gagueira cuja causa é psicológica: a gagueira psicogênica. Este distúrbio não deve ser confundido com a gagueira que aparece e pode se cronificar durante a infância e a adolescência. Ela surge em adultos que, após um trauma psicológico, começam a gaguejar, embora nunca em sua vida tenham manifestado a gagueira. São indivíduos que, até antes do trauma sofrido, jamais gaguejaram.
No caso específico da gagueira psicogênica, a terapia psicológica é eficiente e necessária, contribuindo para o desaparecimento total dos sintomas e para a remissão do problema, porque se trata de um distúrbio cuja causa é psicológica.
A gagueira psicogênica (como o próprio nome deixa explícito) não é um distúrbio da fluência da fala, mas um distúrbio psicológico. Por isso, ela não deve ser tratada por fonoaudiólogo, mas por psicólogo. Para outras informações sobre gagueira psicogênica, clique aqui.
2) Quando se deve cogitar a necessidade de tratamento psicológico para a gagueira?
Quando se estiver diante de um quadro de gagueira psicogênica, ou seja, quando a gagueira se manifestou após um trauma psicológico em indivíduo adulto.
Quando se estiver diante de um quadro de gagueira hereditária ou lesional, só se a gagueira estiver afetando negativamente a vida da pessoa em outras áreas, além da fala. Se o indivíduo experiência dificuldades sociais em razão de sua dificuldade de se expressar por meio da fala, talvez seja aconselhável procurar por uma ajuda psicológica. Muitas vezes, o aconselhamento psicológico pode fornecer o suporte necessário para que o indivíduo que gagueja lide com a aceitação de seu próprio problema.
Em alguns casos, a pessoa que gagueja pode iludir-se de que um dia ficará "totalmente curada". A psicoterapia pode ajudar esta pessoa a aceitar e lidar melhor com algumas limitações em sua comunicação verbal, decorrentes da gagueira já cronificada.
Porém, vale lembrar que não há distinção com relação à indicação da psicoterapia para quem gagueja ou para quem não gagueja. Recomenda-se a psicoterapia para qualquer pessoa, independentemente de gaguejar ou não gaguejar, quando, simplificadamente, se deseja se conhecer melhor ou ainda quando se busca enfrentar ou resolver algum conflito na relação consigo mesmo ou com os outros.
Jamais se deve procurar a psicoterapia para o tratamento dos sintomas de fala.
3) Como é o tratamento psicológico para a gagueira?
Não existe qualquer tratamento psicológico específico para a gagueira, uma vez que a gagueira é um distúrbio fonoaudiológico e deve ser tratada por fonoaudiólogo. O psicólogo está preparado para tratar a pessoa que gagueja, quando este for o caso.
4) O tratamento psicológico melhora a auto-estima e diminui a insegurança e a timidez para falar?
Sim, dependendo do comprometimento da pessoa com o seu próprio processo psicoterapêutico. Como em qualquer psicoterapia, o sucesso do tratamento depende do indivíduo. Se a pessoa realmente deseja resolver suas dificuldades pessoais, ela terá na psicoterapia um recurso fundamental.
É conveniente ressaltar que problemas com auto-estima, insegurança e timidez para falar não são característicos da gagueira e ocorrem em qualquer pessoa, independentemente de ela gaguejar ou não.
5) O tratamento psicológico melhora a gagueira?
Só nos casos de gagueira psicogênica. Para os casos de gagueira hereditária ou lesional, o tratamento psicológico melhora as dificuldades que a pessoa porventura enfrente, em decorrência de sua gagueira. Nem todo o indivíduo que gagueja enfrenta dificuldades decorrentes da gagueira ou precisa de tratamento psicológico.
6) Algumas pessoas com gagueira crônica referem que não podem fazer faculdade, arrumar emprego ou namorar devido à gagueira. Por que essas pessoas precisam se esconder atrás da gagueira?
Não existe nenhuma relação ou justificativa entre apresentar gagueira e não fazer faculdade, não arrumar emprego ou não namorar. Quem justifica tais fatos em função da gagueira está fugindo da responsabilidade de assumir o rumo de sua vida. É mais fácil colocar toda a culpa de seus problemas na gagueira do que assumir a sua falta de maturidade no enfrentamento da própria vida.
A gagueira não impede ninguém de estudar, porque não implica em qualquer deficiência ou limitação intelectual. A gagueira não impede ninguém de trabalhar, ter um emprego e ser bem sucedido em sua profissão, porque se fosse assim, não haveria pessoas que não gaguejam desempregadas. O desemprego é uma questão social muito mais ampla. A gagueira não impede ninguém de estabelecer vínculos com outras pessoas e de namorar, porque a gagueira não incapacita o indivíduo para expressar suas emoções e afetos. O indivíduo que gagueja deve enfrentar a sua dificuldade de fala, enfrentar a realidade, e não se furtar à vida em função de seu distúrbio de fala. Nada explica uma atitude tão passiva diante da vida.
O indivíduo não é a gagueira. A gagueira é apenas UM aspecto de sua vida. Portanto, a sua vida não pode e nem deve gravitar em torno da gagueira. O problema da pessoa que age dessa forma não está na gagueira, mas no enfrentamento da vida, na maturidade para aceitar os limites e frustrações que a realidade impõe a todos, independentemente de se gaguejar ou não.
7) Como escolher um psicólogo capacitado para tratar a pessoa que gagueja?
Conforme dito anteriormente, não existe psicólogo capacitado para realizar tratamento da gagueira. Por mais que o psicólogo possua informações a respeito da gagueira, ela é um distúrbio da fluência da fala e nenhum psicólogo possui formação suficiente para se aventurar no tratamento de tal distúrbio. Quem trata da gagueira é o fonoaudiólogo.
O psicólogo pode tratar dos problemas pessoais e sociais que decorram da gagueira, possibilitando uma melhor qualidade de vida ao indivíduo que gagueja, mas jamais deverá tratar do distúrbio em si.
8) Como o tratamento psicológico é agendado?
Caso a pessoa que gagueja decida iniciar uma psicoterapia, ela deve marcar por telefone ou e-mail uma entrevista inicial com o psicólogo, certificando-se de que o profissional possua sólida formação e esteja atualizado em seu campo de trabalho. É adequado que ele possua formação pós-graduada (seja especialização ou mestrado). Convém sempre buscar alguma indicação.
9) Qual é o tempo médio de um tratamento psicológico?
Se a pessoa que gagueja buscar a psicoterapia para lidar com quaisquer questões pessoais, a duração do tratamento dependerá do comprometimento dela para com o seu processo psicoterápico, como em qualquer psicoterapia com quem não gagueja. Não há um tempo médio que possa ser estipulado. Cada caso é um caso.
10) Se eu fizer um tratamento psicológico, nunca mais precisarei de tratamento?
Não necessariamente. A psicoterapia serve de tratamento auxiliar e não se pode dispensar o tratamento fonoaudiológico, que é essencial.







Autores: Ignês Maia Ribeiro, Lucia Maria Gonzales Barbosa, Pedro Gomes de Alvarenga e Sandra Merlo
Fonte: Instituto Brasileiro de Fluência - IBF