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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Conhecendo a Língua de Sinais


A língua natural dos deficientes auditivos


A LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) é uma estrutura linguística de modalidade espaço-visual e completa como qualquer outra língua. É uma língua natural dos deficientes auditivos e cada país apresenta a sua.

A LIBRAS foi baseada na Língua de Sinais Francesa. Como acontece em toda a língua, com a Libras também não poderia ser diferente, apresenta expressões que diferem de região para região (os regionalismos), mantendo a legitimidade de língua.

Para se comunicar através dessa língua, existe um estudo que ensina os sinais a partir de combinações, movimentos, entre outros, que são realizados no momento da comunicação. Conheça alguns dos parâmetros utilizados e como ocorre esse processo de comunicação:

• A configuração das mãos se dá através da datilologia (alfabeto manual), bem como outras formas que são realizadas pela mão predominante ou, em alguns casos, pelas duas. Certas letras são usadas várias vezes para expressar uma determinada palavra, porém, se diferem pelo ponto no corpo em que é expresso.

• O ponto de articulação é simbolizado através do local onde incide a mão predominante, ou seja, o local onde é feito o sinal.

• O movimento da mão pode existir ou não, dependendo do sinal que irá representar.

• A expressão facial é essencial para a compreensão real do sinal, pois na língua de sinais a entonação é realizada através da expressão facial.

• Os sinais seguem determinadas orientações e direções. Por exemplo, ao expressar o verbo IR e VIR, as direções são opostas.

Ao se comunicar através da LIBRAS, assim como as demais línguas, é necessário conhecer principalmente a sua estrutura gramatical e não somente os símbolos de uma forma solta.


Por Elen Cristine Campos Caiado
Graduada em Fonoaudiologia e Pedagogia
Equipe Brasil Escola

terça-feira, 27 de abril de 2010

NÃO FALE DEMAIS


Estresse vocal

Pesquisa feita pela USP mostra que o sofrimento emocional leva a problemas na voz, assim como falar excessivamente

Três anos à frente da sala de aula minaram a saúde e o sonho da professora Edriane Madureira Daher, 39 anos, de mudar o futuro de crianças pobres por meio da educação. Em 1992, ela perdeu a voz. Um calo nas cordas vocais a afastou da atividade de lecionar.

Além do uso excessivo da voz – eram três períodos de aulas por dia –, a professora tinha de lidar com situações de intenso estresse. Faltava material, incluindo papel e giz, a escola carecia de limpeza e as salas eram superlotadas.

De acordo com uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), o estresse está diretamente relacionado aos distúrbios vocais. A fonoaudióloga Susana Giannini avaliou 167 professores da rede municipal de São Paulo e os comparou a 105 colegas de trabalho, que lecionavam nas mesmas escolas, mas que não apresentavam problemas de saúde. A pesquisa mostrou que, no primeiro grupo, 70% dos que tinham algum distúrbio vocal também estavam esgotados pelo excesso de trabalho. Já entre os professores saudáveis, o índice de excesso de trabalho e pressão foi de 54,4%.

Segundo a fonoaudióloga, mesmo sem perceber, o professor acaba se cansando e ficando irritado ao ter de elevar a voz, coisa que acontece principalmente em salas lotadas e com acústica deficiente. Na pesquisa, ela também concluiu que a falta de autonomia é um fator agravante para o desenvolvimento de distúrbios vocais.

O otorrinolaringologista Ronaldo dos Reis Américo, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, de São Paulo, explica que o sistema límbico, que controla, no cérebro, a parte emocional do ser humano, também está relacionado ao sistema nervoso motor.

De acordo com o médico, o primeiro sinal de que algo não vai bem é a rouquidão que aparece sem que a pessoa esteja resfriada, e persiste por mais de 17 dias.

– Com o passar do tempo, a pessoa sente dores musculares e uma sensação de aperto na garganta. Essa alteração pode favorecer o aparecimento de nódulos e pólipos na prega vocal, sendo que nesse último caso, é preciso fazer cirurgia – diz.

As doenças

A voz pode ser afetada por problemas que vão desde a rouquidão até tumores

DISFONIA

Caracteriza-se pela dificuldade na emissão da voz. Formas de manifestação:

> Pigarros, ardência na garganta, esforço durante a emissão da voz, dificuldade em manter a voz, cansaço ao falar, variações na frequência habitual, rouquidão, falta de volume e projeção, perda da eficiência vocal, pouca resistência ao falar, tensão na musculatura cervical

LESÕES FUNCIONAIS

Nódulos

Resultam de fatores anatômicos predisponentes (fendas triangulares), personalidade (ansiedade, agressividade, perfeccionismo) e do comportamento vocal inadequado (uso excessivo e abusivo da voz). O tratamento fonoterápico ou cirúrgico.

Pólipos

Inflamações decorrentes de traumas em camadas mais profundas da lâmina própria da laringe, de aparência vascularizada. O tratamento é cirúrgico. A voz típica é rouca. As causas podem ser abuso da voz ou agentes irritantes, como alergias e infecções agudas.

Edemas

São localizados e agudos. O tratamento é medicamentoso ou por meio de repouso vocal. Os edemas generalizados e bilaterais representam a laringite crônica, denominada Edema de Reinke. É encontrado em pessoas expostas a fatores irritantes externos, especialmente o tabagismo.

Laringite crônica

Agravamento das irritações crônicas da laringe. Os sintomas são rouquidão e tosse, com sensação de corpo estranho na garganta, aumento de secreção, pigarro e, ocasionalmente, dor de garganta.

Síndrome de Down

Campanha brasileira de gagueira 2007 - Filme Rede Globo

Terapia da Fala

Dislexia

Campanha nacional do aleitamento materno

Projeto Saúde Vocal

Fonoaudiologia: Atuação Escolar

Fonoaudiologia

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Definição oficial do que é ser fonoaudiólogo

LEI Nº 6.965, DE 09 DE DEZEMBRO DE 1981

Dispõe sobre a regulamentação da profissão de Fonoaudiólogo, e determina outras providências.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º É reconhecido em todo território nacional o exercício da profissão de Fonoaudiólogo, observados os preceitos da presente Lei.

Parágrafo único. Fonoaudiólogo é o profissional, com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológica na área da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em aperfeiçoamento dos padrões da fala e da voz.

Art. 2º Os cursos de Fonoaudiologia serão autorizados a funcionar somente em instituições de ensino superior.

Parágrafo único. O Conselho Federal de Educação elaborará novo currículo mínimo para os cursos de Fonoaudiologia em todo o território nacional.

Art. 3º O exercício da profissão de Fonoaudiólogo será assegurado:

a) aos portadores de diploma expedido por curso superior de Fonoaudiologia oficial ou reconhecido;

b) aos portadores de diploma expedido por curso congênere estrangeiro, revalidado na forma da legislação vigente;

c) aos portadores de diploma ou certificado fornecido, até a data da presente Lei, por cursos enquadrados na Resolução nº 54/76, do Conselho Federal de Educação, publicada no Diário Oficial da União, de 15 de novembro de 1976:

§ 1º Os portadores de diploma ou certificado de conclusão de curso teórico-prático de Fonoaudiologia, sob qualquer de suas denominações - Logopedia, Terapia da Palavra, Terapia da Linguagem e Ortofonia, bem como de Reeducação da Linguagem, ministrado até 1975, por estabelecimento de ensino oficial, terão direito ao registro como Fonoaudiólogo.

§ 2º Serão assegurados os direitos previstos no art. 4º aos profissionais que, até a data da presente Lei, tenham comprovadamente exercido cargos ou funções de fonoaudiólogo por prazo não inferior a 5 (cinco) anos.

Art. 4º É da competência do Fonoaudiólogo e de profissionais habilitados na forma da legislação específica:

a) desenvolver trabalho de prevenção no que se refere à área da comunicação escrita e oral, voz e audição;

b) participar de equipes de diagnóstico, realizando a avaliação da comunicação oral e escrita, voz e audição;

c) realizar terapia fonoaudiológica dos problemas de comunicação oral e escrita, voz e audição;

d) realizar o aperfeiçoamento dos padrões da voz e fala;

e) colaborar em assuntos fonoaudiológicos ligados a outras ciências;

f) projetar, dirigir ou efetuar pesquisas fonoaudiológicas promovidas por entidades públicas, privadas, autarquias e mistas;

g) lecionar teoria e prática fonoaudiológicas;

h) dirigir serviços de fonoaudiologia em estabelecimentos públicos, privados, autárquicos e mistos;

i) supervisionar profissionais e alunos em trabalhos teóricos e práticos de Fonoaudiologia;

j) assessorar órgãos e estabelecimentos públicos, autárquicos, privados ou mistos no campo da Fonoaudiologia;

l) participar da Equipe de Orientação e Planejamento Escolar, inserindo aspectos preventivos ligados a assuntos fonoaudiológicos;

m) dar parecer fonoaudiológico, na área da comunicação oral e escrita, voz e audição;

n) realizar outras atividades inerentes à sua formação universitária pelo currículo.

Parágrafo único. Ao Fonoaudiólogo é permitido, ainda, o exercício de atividades vinculadas às técnicas psicomotoras, quando destinadas à correção de distúrbios auditivos ou de linguagem, efetivamente realizado.

Art. 5º O exercício das atividades de Fonoaudiólogo sem observância do disposto nesta Lei configurará o ilícito penal, nos termos da legislação específica.

Art. 6º Ficam criados o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Fonoaudiologia - CFF e CRF - com a incumbência de fiscalizar o exercício da profissão definida nesta Lei.

§ 1º O Conselho Federal e os Regionais a que se refere este artigo constituem, em conjunto, uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Trabalho.

§ 2º O Conselho Federal terá sede e foro no Distrito Federal e jurisdição em todo o País, e os Conselhos Regionais terão sede e foro nas Capitais dos Estados, dos Territórios e no Distrito Federal.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Amamentação



A fonoaudiologia atuando diretamente nesta área

O leite da mãe é um alimento completo, composto por proteínas, gorduras, carboidratos e células, contribuindo para o desenvolvimento e crescimento do bebê. Protege contra infecções intestinais, respiratórias, urinárias, otites, alergias alimentares e câncer. Além disso, independe da renda familiar, pois não custa nada.

O aleitamento materno estimula o desenvolvimento neuro-psicomotor e social, assim como desenvolve a estrutura facial e suas funções: mastigação, fala, alinhamento dos dentes e respiração.

A comunicação é de suma importância para os seres humanos. A fala é o modo mais freqüente na comunicação, mas para que ela ocorra os músculos envolvidos devem estar adequados. Quem se encarrega de preparar esses músculos para a fala é a amamentação materna, pois através da sucção, há um desenvolvimento muscular necessário para uma boa articulação. Portanto, a amamentação é um dos fatores responsáveis pela comunicação oral.

Uma vez que o fonoaudiólogo estuda os distúrbios da comunicação humana e as funções de sucção, deglutição, mastigação e respiração, atuando diretamente, diagnosticando e intervindo nas desordens dessas funções, é de fundamental importância sua atuação direta em programas de incentivo e assistência ao aleitamento materno, detectando e corrigindo erros de pega e sucção.

Uma pega incorreta da mama pelo bebê, ou uma sucção inadequada, podem levar a um desmame precoce.

Os benefícios da amamentação ainda são pouco divulgados, tanto quanto a importância desta como prevenção das alterações das funções de sucção, deglutição e respiração e conseqüentemente de patologias da comunicação, como por exemplo, a prevenção de distúrbios articulatórios, retardos de fala, otites médias crônicas, disfunção da mastigação, deglutição e respiração, instalação de hábitos orais inadequados (sucção de dedo, de língua, roer unha, etc...) e até alteração do crescimento facial e oclusão dentária.

DICAS PARA O SUCESSO NA AMAMENTAÇÃO

Pega da mama pelo bebê:

• O queixo do bebê toca a mama;

• Boca bem aberta;

• Lábio inferior virado para fora;

• Bochechas arredondadas ou achatadas contra a mama;

• Vê-se pouca aréola;

• Vê-se mais aréola acima da boca do bebê do que abaixo dela;

• Durante a mamada, a mama parece arredondada;

• Sucções lentas e profundas: o bebê suga, dá uma pausa e suga novamente;

• A mãe pode ouvir o bebê deglutindo (engolindo).

Posicionamento:

• O corpo do bebê próximo ao da mãe;

• Corpo e cabeça do bebê alinhados;

• Queixo do bebê tocando o peito;

• Nádegas do bebê apoiadas;

• A mãe deve segurar o bebê no colo com firmeza.

Existem várias posições para amamentar, o importante é que a posição seja a mais confortável para a mãe e para o bebê. Procure um ambiente tranqüilo para amamentar e aproveite este momento para conversar com seu bebê e toca-lo. Ele já é capaz de sentir e entender todo esse amor e carinho.

Aleitar é preciso...


Por Cláudia Pietrobon

Fissuras Labiopalatinas



São malformações congênitas de lábio e palato, consideradas craniofaciais. Podemos classificar as fissuras como anteriores ou posteriores.

As alterações encontradas nas fissuras anteriores são:

- Alterações no músculo orbicular dos lábios;

- Comprometimento da sucção e articulação;

- Depressão da asa nasal e desvio de septo que podem contribuir para obstrução nasal.

Já nas fissuras posteriores, as alterações encontradas são:

- Hipernasalidade.

- Refluxo alimentar para a cavidade nasal.

- Aparecimento de otites médias secretoras por impossibilidade de abertura das tubas auditivas.

A fissura que acomete o palato mole é denominada Fissura Palatina Submucosa, que pode provocar hipernasalidade vocal e refluxo alimentar nasal.

Distúrbios Auditivos: Os Distúrbios Auditivos podem ocorrer devido à entrada de líquidos na tuba auditiva durante a deglutição, causando otites médias.

O mecanismo da tuba auditiva pode encontrar-se alterado devido a alterações na inserção e contração do músculo tensor do véu-palatino. Também podem ocorrer devido a anomalias anatômicas da tuba auditiva e seu funcionamento com o músculo tensor do véu palatino.

Alterações de Voz: As características vocais de pacientes com fissura palatina são hipernasalidade, nasalidade mista, redução da intensidade e qualidade vocal tenso-estrangulada.

Distúrbios de Fala: Os principais Distúrbios de Fala encontrados são a presença de mecanismos compensatórios e de fala, na tentativa de compensar o escape de ar nasal (tentativa para impedir que a corrente aérea seja direcionada para o nariz). Dificuldade para produzir fonemas plosivos fricativos.

As causas para o Distúrbio Articulatório são:

1. Alterações na Função Velofaringea* – ocorre dificuldade na aquisição da pressão intra-oral necessária para e emissão de fonemas plosivos e fricativos. Também prejudica a ressonância vocal equilibrada.

2. Deformidade do palato e da arcada dentária – ocorre distorção dos fonemas em decorrência dos pontos articulatórios não se encontrarem íntegros.

3. Compensações glóticas (golpe de glote) – substituições devido à impossibilidade aérea de se obter os fonemas nos respectivos pontos.

Reabilitação Fonoaudiológica

A fonoaudiólogo atua no pré e pós operatório, para orientação inicial de sucção e alimentação e, posteriormente, na adequação funcional das estruturas.

Intervenção Precoce: Os objetivos da terapia fonoaudiologica no tratamento precoce são:

1. Alimentação: Atuar no aleitamento materno. (Obs: no pós-cirurgico da Queiloplastia não deve ser usada mamadeira por 15 dias. A alimentação deve ser pastosa rala por mais ou menos três meses).

2. Hábitos Orais: Evitar instalação de hábitos nocivos.

3. Sensibilidade: São feitos exercícios que abrangem três níveis de sensibilidade: tátil, térmica e gustativa. O objetivo desse trabalho é fornecer estímulos sensoriais na parte anterior da cavidade oral, evitando fixação de movimentos compensatorios.

4. Linguagem e Fala

5. Audição

6. Desenvolvimento Neuropsicomotor.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Dificuldades de Aprendizagem


De acordo com a definição do National Joint Committee of Learning Disabilities (NJCLD, 1988), Dificuldades de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldades significativas na aquisição e utilização da compreensão auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do raciocínio matemático.

O ponto mais importante a ser ressaltado é que a criança com dificuldades de aprendizagem não é uma criança deficiente. A criança com dificuldades de aprendizagem é normal, e apenas aprende de uma forma diferente; apresenta uma discrepância entre o potencial atual e o potencial esperado. Não apresenta deficiência mental, pois possui um potencial normal que não é realizado em termos de aproveitamento escolar.

Tomando como exemplo de dificuldade de aprendizagem a Dislexia, Rabinovitch (1960), um dos primeiros investigadores a integrar aspectos neuropsiquiátricos no conceito desta patologia. Este autor propõe que o perfil da criança disléxica pode ser provocado por:

Aspecto emocional: a capacidade está intacta, mas afetada por influência externa negativa;

Lesão cerebral: a capacidade de aprendizagem encontra-se afetada, devido a uma lesão cerebral manifestada por deficiências neurológicas (e não mentais) evidentes;

Verdadeira dificuldade de leitura: a capacidade de aprendizagem da leitura está afetada, sem nenhuma lesão cerebral detectada nos exames neurológicos.

De acordo com os estudos do autor sobre a Dislexia (um exemplo de dificuldade de aprendizagem), podemos verificar que uma criança com esta patologia não é portadora de deficiência, e sim uma criança que apresenta uma dificuldade específica.

As dificuldades de aprendizagem se manifestam quando o processo de aprendizagem não ocorre conforme o esperado, podendo se manifestar através de vários sintomas.

Podemos observar que numa criança que apresenta dificuldade de aprendizagem, existem sintomas que estão sempre presentes: as falhas de percepção visual e/ou auditiva.

O processo perceptivo complexo depende dos sistemas sensórios e também do cérebro. Os sistemas sensórios detectam as informações, convertem esta informação em impulsos nervosos, processam parte dela e mandam a maior parte para o cérebro via fibras nervosas. O cérebro irá desempenhar o papel mais importante no processamento dos dados sensoriais.

Portanto, a percepção depende de quatro operações:

Detecção > Transdução (conversão) > Transmissão > Processamento da informação

A maior parte do processo de informação sensorial realiza-se nas diferentes regiões do córtex cerebral. Na percepção visual, por exemplo, o homem utiliza várias estratégias de processamento para interpretar a informação visual dos objetos, dentre elas: a constância, a figura-fundo, o agrupamento.

Quando a criança com dificuldade de aprendizagem apresenta falhas na percepção visual, ela pode comprometer estes itens todos ou uma parte deles. E assim também ocorre com a percepção auditiva.

O fonoaudiólogo deve saber realizar avaliações muito criteriosas para fazer a triagem de uma criança com queixa de dificuldades de aprendizagem.

Segundo McCarthy (1974), as crianças com dificuldade de aprendizagem apresentam um conjunto de condutas que se desviam em relação à população de crianças que não apresentam tais dificuldades. O autor enumera mais de 100 comportamentos específicos, porém os 10 mais freqüentes são os seguintes:

 Hiperatividade;

 Problemas psicomotores;

 Labilidade emocional;

 Problemas gerais de orientação;

 Desordens de atenção;

 Impulsividade;

 Desordens na memória e no raciocínio;

Dificuldades específicas de aprendizagem: Dislexia (distúrbio grave da leitura devido à imaturidade e à disfunção neuropsicológica); Disgrafia (dificuldade no ato motor da escrita); Disortografia (troca de grafemas) e Discalculia (dificuldade para aprendizagem de noções da matemática, que inclui: quantidade, dimensão, ordem, relações, tamanho, espaço, forma, distância e tempo);

Problemas de audição e da fala;

Sinais neurológicos ligeiros e equívocos e irregularidades no Eletro-encefalograma.

A criança com dificuldade de aprendizagem apresenta inteligência normal, adequada recepção sensorial e comportamento motor e sócio-emocional adequado. Possui sinais difusos de ordem neurológica, provocados por fatores ainda hoje pouco claros, mas podendo incluir índices psico-fisiológicos, variações genéticas, irregularidades bioquímicas, lesões cerebrais mínimas, alergias, doenças, etc., que interferem no desenvolvimento e na maturação do sistema nervoso central. Se acrescentarmos a esses dados aspectos emocionais, afetivos, pedagógicos e sociais inadequados, o quadro torna-se mais complexo.

Bannatyne (1971) apresentou numa visão global e diferenciada as principais características da criança com dificuldade de aprendizagem (ou da criança disléxica), salientando que nem todas as características obrigatoriamente necessitam estarem presentes para se identificar o problema:

 Problema de discriminação auditiva de vogais;

 Inadequada seqüência fonema-grafema;

 Fraca associação auditiva e pobre complemento auditivo;

 Problemas de linguagem falada;

 Problemas de maturação nas funções da linguagem;

 Alguma eficiência visuoespacial;

 Problemas de lateralidade;

 Inversão de imagens e de letras;

 Inconstância configuracional e direcional;

 Dificuldades em associar fatores verbais e conceitos direcionais;

 Dificuldades no ditado (integração auditivo-visual-motora);

 Fraco autoconceito.

Muitas vezes, a escola adota um critério seletivo e de rendimento que pode influenciar e reforçar a inadaptação escolar, culminando muitas vezes, mais tarde, no atraso mental, na delinqüência ou em sociopatias múltiplas.

Vamos determinar o que não é uma criança ou um jovem com dificuldades de aprendizagem, utilizando um diagnóstico por exclusão. A criança ou jovem com este problema:

 Não aprende normalmente;

 Não tem deficiências sensoriais (visuais ou auditivas). O que ocorre muitas vezes é uma falha no processo de percepção e discriminação (perceber e discriminar visualmente e/ou auditivamente);

 Não tem deficiência mental;

 Não tem distúrbios emocionais graves;

 Não emergiu de um contexto de privação ambiental ou sócio-cultural.

A importância da identificação precoce:

Na prática, a identificação precoce dos distúrbios de aprendizagem, se faz de modo a evitar os problemas que tendem a se complicar com a evolução escolar.

Esses pequenos problemas costumam surgir na idade pré-escolar, onde geralmente são identificados pelos professores. A pré-escola é o período mais adequado para a identificação das dificuldades de aprendizagem, pois assim, podemos garantir uma intervenção preventiva nos seguintes parâmetros de desenvolvimento:

 Linguagem;

 Psicomotricidade;

 Percepção auditiva e visual;

 Comportamento emocional.

A identificação não é um diagnóstico, mas sim um processo de despistagem e rastreio, voltando à atenção para as necessidades educacionais específicas das crianças.

A identificação precoce dos problemas deve levar em consideração vários fatores, conforme exemplo a seguir:

 Compreensão auditiva: compreensão do significado das palavras; discriminação de pares de palavras; discriminação de frases absurdas; compreensão de histórias lidas; compreensão dos diálogos realizados dentro da classe; memória de curto termo (palavras e frases); retenção da informação e execução de instruções verbais, etc.

 Linguagem: vocabulário; organização gramatical; formulação de idéias (fluência); contar histórias; relatar fatos e experiências e acontecimentos; descrição de figuras e ilustrações; explicação e fundamentação de opiniões; qualidade e entonação da fala; reprodução de canções, rimas, etc.

 Percepção visual: discriminação, identificação, complemento (gestalt), memória; coordenação visuomotora; figura-fundo; constância de forma; posição e relação de espaço; escrutínio visual; etc.

 Orientação: orientação espacial; apreciação das relações; lateralidade em si e nos outros; direcionalidade; ritmo; apreciação do tempo; etc.

 Psicomotricidade: equilíbrio; imagem corporal; imitação de gestos; desenho do corpo; agilidade; motricidade fina; manipulação de objetos; etc.

 Criatividade: espontaneidade; curiosidade; exploração; dramatização; modelação; pintura; desenho; invenção; imaginação; grafismo; etc.

 Comportamento social: cooperação com outras crianças e com adultos; atenção; organização; auto-suficiência; atividade lúdica; responsabilidade; cumprimento de tarefas; etc.

A intervenção fonoaudiológica se faz mais eficiente quanto mais cedo for colocada em prática. É importante lembrar que a intervenção é conseqüência de uma identificação dos sinais que funcionam como alerta para alguma coisa de "errado" que está acontecendo com a criança.


Por Flávia Paiva
Rio de Janeiro, RJ