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sábado, 16 de julho de 2011

Linguagem - Inata ou adquirida


Muitos debates têm ocorrido ao longo da história a respeito da maneira pela qual nós adquirimos a linguagem. Alguns estudiosos defendem a imitação, outros o condicionamento, outros o inatismo e outros ainda consideram um pouco de cada um desses.

A imitação

Quando observamos os padrões e o vocabulário das crianças, percebemos que eles se parecem com o das pessoas que as cercam. Na verdade, os pais tendem a modificar a sua linguagem durante a comunicação com as crianças, falam mais alto, exageram na inflexão vocal e usam frases mais simples, tudo para tornar a fala mais agradável a elas. A essa fala adulta dirigida às crianças, damos o nome de matêrnes (motherese).

Segundo Fernald (1985 in STENBERG, 2000), as crianças parecem preferir a fala dirigida a elas a fala normal dos adultos. O matêrnes, de acordo com a circunstância, pode servir para chamar a atenção da criança, adverti-la ou confortá-la. Os adultos, geralmente, se esforçam para manter um diálogo com a criança, tentando entender o que ela quer dizer com suas poucas palavras ou apenas sons. À medida que a criança cresce, o diálogo se torna mais fluente, e o adulto tende a diminuir as modificações feitas no seu modo de falar. Segundo Stenberg (2000, p.259), "é como se eles inicialmente fornecessem um andaime pelo qual a criança pode construir um edifício de linguagem e, à medida que a sua linguagem desenvolve-se, os genitores removem gradualmente aquele andaime."

Parece ser uma explicação simples, mas ela não é completa. Primeiramente, se as crianças aprendem por imitação, já deveriam começar falando frases completas e essas frases não poderiam ser diferentes daquelas que elas um dia tivessem ouvido, no entanto, as crianças começam a falar usando elocuções de uma só palavra e são extremamente criativas nas suas produções.

Outro argumento contra a imitação é a super-reguralização, isto é, as crianças aprende algumas regras gerais de funcionamento da língua e as aplica aos casos excepcionais.

Condicionamento

Esse mecanismo propõe uma solução bem simples. As crianças ouviriam a fala das outras pessoas e as associaria a um objeto ou a um evento. Mais tarde, quando reproduzisse essa fala, seriam recompensadas pelos adultos. Após aproximações sucessivas, conseguiriam alcançar o modo de falar dos adultos, isso explicaria o progresso da fala da criança, evoluindo do balbucio às frases complexas.

Mas esse mecanismo também tem suas falhas. Primeiramente, os pais das crianças não estão preocupados com os erros gramaticais ou fonéticos cometidos por elas, mas com o conteúdo das elocuções. Além disso, o fenômeno da super-regularização só encontra explicação para o seu término, mas não para o seu início e a produtividade lingüística continua sem explicação, já que as crianças produzem frases pelas quais jamais receberam esforço prévio.

O inatismo

Proposto, inicialmente, por Chomsky, despertou o interesse de outros estudiosos com o passar do tempo. De acordo com o inatismo, os humanos teriam um dispositivo de aquisição de linguagem (DAL), isto é, estariam biologicamente pré-configurados para adquiri-la.Diversos fatores apóiam essa teoria (STENBERG, 2000):

Nossa rápida especialização fonêmica;
A rapidez com que as crianças adquirem uma linguagem extremamente complexa, em contato com uma quantidade bem menor de estímulos;
Todas as crianças parecem adquirir esses aspectos da linguagem na mesma sucessão e aproximadamente no mesmo tempo;
Os humanos possuem diversas estruturas fisiológicas que servem exclusivamente para a fala;
As características universais documentadas ao longo do vasto conjunto de línguas humanas (centenas de padrões universais têm sido documentados por todas as línguas ao redor do mundo).
No entanto, parece que nem a natureza, nem a educação sozinhas determinam a aquisição da linguagem. O postulado da testagem de hipótese, sugere a união da natureza e da educação: "as crianças adquirem a linguagem formando mentalmente hipóteses experimentais quanto à mesma, baseadas em sua facilidade hereditária para a sua aquisição (natureza), e depois testando essas hipóteses no ambiente (educação)." (STENBERG, 2000, p.261)

Desse modo, na construção de hipóteses, as crianças pequenas prestariam atenção nos padrões de modificação das palavras, nas alterações morfêmicas que mudam o significado das palavras e na seqüência dos morfemas. Evitariam as exceções e aprenderiam os padrões característicos de sua língua.

Para Elissa Newport (1990 in STENBERG, 2000), as crianças não prestam atenção em todos os aspectos lingüísticos, mas somente nos mais notáveis que acabam sendo os mais significativos.

Embora nem todos os lingüistas apóiem essa concepção, os fenômenos da super-regularização e da produtividade lingüística parecem sustentá-la.

Fonte: Mestrado de informática aplicada à educação

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