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segunda-feira, 6 de junho de 2011

Dedos e chupetas


Muitos dos bebés chupadores são calmos, bem adaptados, tranquilos e simpáticos, sem sinais ou sintomas de stresse mal gerido.


A esmagadora maioria dos bebés tem uma predilecção especial por chupar, em alguns casos uma verdadeira obsessão. Estabelece-se com o dedo polegar (menos com os outros) ou com a chupeta um autêntico caso amoroso. O chupar enquadra-se nas atividades de autocontrolo e de gestão do stresse.
Todavia, chupar na chupeta ou no dedo parece ser um problema maior para os adultos do que para as próprias crianças. Muitos pais interpretam estes sinais de uma forma demasiado rígida, como se pelo fato de chupar no dedo ou na chupeta o bebé estivesse zangado, triste ou lhe faltasse alguma coisa. Errado.

Muitos dos bebés «chupadores» são calmos, bem adaptados ao ambiente, tranquilos e simpáticos, sem quaisquer sinais ou sintomas de stresse mal gerido. Outro receio dos pais está relacionado com os problemas dentários que podem surgir e é aqui que recorrem a medidas dissuasoras, como produtos de sabor amargo, luvas ou outras formas de restringir à criança o acesso, por exemplo, do dedo à boca. Como a prática se encarrega de demonstrar, estas medidas em pouco ou nada resultam. Até aos dois anos de idade, são raros os casos em que o dedo ou a chupeta interferem com o desenvolvimento dos dentes. Contudo, a partir desta idade chuchar no dedo pode, de fato, levar os incisivos superiores a ficarem mais salientes.

Há várias maneiras de tentar enganar a criança. Durante o dia, por exemplo, mantendo as mãos ocupadas, com jogos e bonecos, de modo a que se distraia sem necessitar do seu companheiro. Pelo contrário, as constantes chamadas de atenção só servem para centrar a criança no problema. Quanto ao chupar à noite, uma estratégia pode ser tentar substituir pelo abraço a um boneco ou à almofada, retirando a vontade de chupar (embora seja apenas passar de um vício para outro...). Muitos psicanalistas dizem que, durante o sono, regressamos às atividades mais primárias e ao úteromaterno. Por outro lado, os estudos mostram que os bebés alimentados ao peito, que mamam à vontade durante a noite ou os que não começam a comer outros alimentos para além do leite antes de chegar a altura certa, têm menos tendência para chupar no dedo ou na chupeta.

CHUPETA

Algumas crianças são imediatamente confrontadas com a chupeta, mal acabam de nascer... ou quase. Muitos pais, quando o bebé nasce, estão já equipados com este objeto porque preferem que o bebe aprenda a não chorar de noite e a consolar-se de dia. Há, no entanto, alguns detalhes que convém saber. Quando um bebé se está a adaptar ao mamilo da mãe – o que pode demorar dias, a introdução da chupeta poderá dificultar essa aprendizagem, pois para mamar na chupeta o bebé não precisa de abrir tanto a boca e, se utilizar a mesma técnica com o peito da mãe, vai extrair pouco leite, ficar com fome, causar stresse na mãe, o que leva a uma diminuição ainda maior da saída de leite e ainda causar dores e gretar o mamilo.

Por outro lado, o cheiro e a textura da borracha ou do material com que é feita a chupeta podem confundir a criança, na altura de pegar no peito. Será boa política evitar a chupeta quando o bebe está a ser amamentado.

Quanto à deformação dentária, existem chupetas ortodônticas, achatadas e que interferem menos com a dentição, tendo também a vantagem de simularem melhor o mamilo materno. Idealmente, as chupetas deveriam ter em conta o interesse e o bem-estar dos bebés e não as conveniências dos pais. Um ponto é, todavia, importante: se uma criança chora porque lhe falta alguma coisa é errado tentar adiar ou resolver o problema através da chupeta. Só servirá para fazer do bebé uma pessoa frustrada e derrotista. As chupetas destinam-se aos períodos em que o bebé tem necessidade de chupar e não para servir como rolha para abafar o barulho do choro. Portanto, quando o bebe está bem, calmo e tranqüilo, não se deve dar chupeta ou, se ele a tiver na boca, deve-se retirá-la. A chupeta deve ser o último recurso. 

Nada disto é, contudo, dramático, nem se deve fazer um bicho de sete cabeças com coisas destas. Apenas se exige bom senso, instinto e não ceder demasiado a facilitismos.

DESMAMAR A CHUPETA OU O DEDO

Talvez a maioria das crianças chegue ao segundo ano de vida (e ao terceiro ou até ao quarto) usando chupeta ou chupando no dedo. Chupar funciona como um fator securizante, porque os movimentos rítmicos relembram o coração da mãe e a rotina sem quebras, devolvendo por isso a segurança a uma criança que esteja amedrontada, ansiosa ou simplesmente com medo de adormecer. É por isso que as crianças, a determinada altura, deverão ter conquistado uma autoconfiança e processos de securização que lhes permitam largar a chupeta ou o dedo. 

Não há idade para isto acontecer, mas o momento pode ser estimulado pelos pais, fazendo ver à criança que não há perigo no ato de adormecer ou de enfrentar ambientes diferentes. Este processo não pode contudo ser à bruta, primeiro porque é um bom princípio não penalizar as crianças por comportamentos que escapam ao seu controle; depois porque não é criando mais insegurança que se gera segurança.

O mesmo se diz de ridicularizar ou humilhar a criança, chamando-a bebe, ou outro epíteto similar. Por vezes a criança precisa apenas de um estímulo ou de uma data (fazer anos, ser Natal) para largar o hábito.

Combinar estratégias, como fazer uma caminha para a chupeta, com uma caixa de fósforos, e deixá-la ao lado da criança para que não se sinta, de repente, expoliada, pode funcionar, como pode também guardar numa gaveta ou colocar numa estante, tipo bibelot. Não aconselho deitar no lixo, dizer que o cão levou ou qualquer desaparecimento irreversível porque, embora a criança necessite de um estímulo, perder algo de que necessita pode levar a maior sofrimento. Em certas circunstâncias, como a separação dos pais, mudanças de escola ou de casa, morte de um familiar, nascimento de um irmão ou qualquer evento semelhante, a criança pode querer continuar a usar chupeta ou voltar a usá-la. O fato não deve ser demasiadamente valorizado. Substituir a securização do chupar por outros rituais rítmicos, como adormecer a ouvir música clássica, ajuda a criança a acalmar.

Se, sem qualquer causa próxima, aos cinco, seis anos ainda usa chupeta, o assunto deve ser discutido com o médico-assistente, para se analisar o comportamento da criança e ver se há qualquer outro sintoma ou sinal que expressem mal-estar, dificuldade na progressão autonómica ou perturbação psicológica, até porque, com o aproximar da entrada no 1º Ciclo, podem surgir novos problemas de identificação e de integração social.

Um dos receios dos pais, mais do que o atraso no desenvolvimento da autonomia e da securização, é que os dentes fiquem tortos. E é verdade que ficam, quanto mais tempo o hábito da chupeta ou do dedo se mantiverem. E também é verdade que, quando os dentes já só se sobrepõem nos caninos, deixando os oito incisivos em oval, no Inverno o ar entra frio e lesa as estruturas faríngeas, provocando mais infecções respiratórias.

Pais: ao considerarem esta questão, podem ouvir opiniões diferentes e será conveniente que tenham a vossa própria opinião, mas elaborem-na sempre considerando as razões da necessidade de chupeta ou do chupar no dedo, com base no melhor interesse da criança e não em vergonhas sociais ou no que dizem as outras pessoas.

QUE CHUPETA ESCOLHER?
- escolha uma chupeta de peça única, para  não se partir e o bebé aspirar uma parte; 

- assegure-se que a chupeta pode ser lavada na máquina e que se limpa facilmente; 

- veja se tem buracos de ventilação; 

- escolha o tamanho adequado à idade; 

- evite que a parte circular (escudo) seja demasiadamente larga, pois pode obstruir as narinas do bebé quando este chucha; 

- se está e quer continuar a amamentar, escolha de preferência uma chupeta das  que são mais parecidas com a forma do mamilo; 

- as chupetas de latex são mais moles e mais flexíveis, o que parece melhor para um recém-nascido, mas as de silicone duram mais e têm menor risco de se degradar; 

- cuidado com os cordões e correntes que prendem a chupeta – podem envolver-se à volta do pescoço do bebé e magoá-lo; 

- deve colocá-la apenas quando o bebé vai dormir; 

- se o bebé a recusar não deve insistir. Nos bebés amamentados ao peito, esta prática deverá iniciar-se  depois do primeiro mês de vida; 

- as chupetas devem ser limpas e substituídas regularmente. Para evitar desenvolvimento de fungos, recomenda-se que se ponha a chupeta numa solução metade de água, metade de vinagre, cerca de dez minutos, todos os dias, deixando depois secar bem ao ar antes de dar ao bebé. Uma coisa que não deverá ser feita (e que se vê com alguma frequência) é «lavá-la» na boca da mãe: primeiro passam-na na sua própria boca e depois introduzem na boca do bebé. Esta prática não tem qualquer vantagem e só serve para transmitir micróbios da mãe para o filho; 

- nunca se deve, igualmente, colocar açúcar, mel ou outras substâncias doces na chupeta, porque causará, com elevada probabilidade, cárie dentária nos futuros dentes; 

- há que estar atento a sinais de deterioração da chupeta, pois se se quebrar ou fragmentar pode causar asfixia. Há chupetas no mercado que têm menos probabilidade de ocorrer esta deterioração; 

- deve escolher uma chupeta que tenha orifício para a entrada de ar, no caso (mesmo raro) de o bebé poder engolir a chupeta ou aspirá-la; 

- algumas crianças gostam de várias chupetas e, identificando-se com ela através do tacto e do olfacto, rejeitam outras. Convém por isso ter duas ou três e ir alternando, para o caso de se perder uma. Por vezes afeiçoam-se tanto à sua chupeta que a querem, mesmo que gasta – mas cuidado que pode ser perigoso, se houver o risco de se fragmentar.

Fonte: Pais e Filhos

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