Entre elas, alterações no crescimento crânio-oro-facial, na alimentação, na postura corporal e na qualidade do sono
Dificuldade
na escola, falta de atenção e problemas de memória, postura,
dentição, olheiras e até de interação com os colegas. Se seu
filho passa por situações como essas, o problema pode estar no fato
de ele respirar pela boca. A chamada Síndrome da Respiração Oral é
mais comum e grave do que se imagina e conduz a uma série de
consequências para o crescimento e desenvolvimento dos pequenos.
Quando
a pessoa nasce, é o nariz que desempenha a função da respiração.
Ela propicia qualidade ao ar que inspiramos, limpa, filtra, aquece e
umidifica-o fazendo com que chegue aos pulmões com uma boa
qualidade, protegendo as vias aéreas. Este tipo de respiração
favorece o posicionamento correto dos órgãos da face, garantindo o
bom desempenho das funções de mastigação, deglutição e fala.
Mas nem sempre a respiração é assim. "Devido a rinites,
hipertrofia das amígdalas ou adenóides, flacidez dos músculos da
face, desvio do septo nasal, ou até mesmo mau hábito,
as crianças podem alterar o seu modo de respirar começando
a fazê-lo pela boca", explica Raquel Luzardo, fonoaudióloga,
especialista em linguagem e atendimento infantil.
Gabriel,
7 anos, sempre estava com o nariz entupido e olheiras, mas foi
durante a ida ao dentista que a mãe descobriu que o filho sofre
da Síndrome
da Respiração Oral. Durante
a avaliação, a dentista notou que o menino estava com a arcada
dentária mau posicionada e língua e lábios flácidos. "Ela
começou a me explicar que a respiração dele era oral e estava
causando tudo aquilo. Primeiro era necessário resolver o problema da
respiração para depois corrigir os dentes", conta a mãe
Kátia, que foi aconselhada a procurar primeiro por uma fonoaudióloga
para trabalhar o fortalecimento da musculatura dos lábios e língua
e só depois retornar a dentista. Gabriel iniciou o tratamento em
novembro do ano passado. Os exercícios propostos pela profissional
são bem lúdicos, diz a mãe. "Ele assopra bexiga tentando
puxar o ar pelo nariz, estala a língua, segura um clips com os
lábios, mas tudo dentro do contexto de uma brincadeira para
estimulá-lo a fazer os exercícios, que são realizados uma vez por
semana com a fono e depois em casa. O que ele mais gosta é estourar
chocolate m&m com a boca, espertinho", diz.
Em
novembro, Kátia retornou com o filho a dentista e a profissional
ficou impressionada com o resultado do tratamento com a
fonoaudióloga. A melhora foi bastante significativa a ponto de a
dentista avaliar que neste momento ele não precise usar aparelho
para corrigir os dentes. Os exercícios de fonoaudiologia ajudaram a
melhorar o perfil facial do Gabriel, além do posicionamento dos
dentes. Mas ele ainda respira um pouco pela boca devido a rinite
alérgica que sofre.
Respiração
oral e suas consequências
A
respiração oral pode ter como consequências alterações no
crescimento crânio-oro-facial, na fala, na alimentação, na postura
corporal, na qualidade do sono e no desempenho da criança ao
longo do dia. A fala pode estar alterada devido à flacidez da
musculatura facial, do posicionamento da língua, de uma má oclusão
dentária ou por deficiências no crescimento da face.
As
alterações de fala mais descritas nos respiradores orais
são: anteriorização
da língua na produção dos fonemas línguo-dentais (t-d),
imprecisão nos fonemas bilabiais (p,b,m) e fricativos (f,v,s,z,ch,j)
e ceceio frontal ou lateral.
Também
é importante referir que as crianças respiradoras orais
podem ter tendência a serem mais irritáveis e agitadas, assim como
podem apresentar sonolência diurna ou imaturidade nas habilidades de
processamento auditivo. Todas estas intercorrências podem acarretar
dificuldades escolares. Além disso, podem não gostar de atividades
que exijam esforço físico, pois cansam-se facilmente.
Segundo
Raquel, o respirador oral é vulnerável a otites. Isto pode
interferir na capacidade de percepção dos sons da fala durante o
desenvolvimento, determinando atrasos ou alterações. Esta
dificuldade na percepção dos sons dificulta a aquisição e
correção da fala e da escrita.
-
Respirar
pela boca pode deformar o rosto e alterar a posição dos dentes, da
língua (prejudicando fala e mastigação) e até mudar a postura.
Pode evoluir para doenças cardiorrespiratória e endocrinológica
-
Alimentação:
é difícil respirar e comer ao mesmo tempo, por isso há
preferência a comidas fáceis de mastigar e há cansaço ou
irritação nas refeições. A criança come com a boca
aberta já que não tem respiração funcional pelo nariz. Come
pouco e tem baixo peso.
-
Escola:
a noite mal dormida diminui a concentração e atenção,
prejudicando o rendimento escolar. O aprendizado da leitura e
escrita, por exemplo, é mais lento. Kátia conta que Gabriel dormia
a noite toda, mas sempre acordava com olheiras porque não era um
sono saudável, já que não respirava corretamente.
-
Autoestima:
as dificuldades no desenvolvimento da comunicação mexem com a
autoestima, gerando agitação e agressividade, especialmente na
interação com os colegas. Tudo isso acaba gerando estresse,
cansaço e ansiedade.
Como
identificar a respiração oral?
Crianças com
a Síndrome da Respiração Oral apresentam as características:
-
Padrão
respiratório predominantemente oral (inclusive durante o sono);
-
Barulho
ao respirar, indicativo de perturbação respiratória;
-
Perturbações
durante o sono (ressonar e/ou existência de secreções salivares);
-
Alterações
craniofaciais (ósseas e musculares - rosto alongado);
-
Alterações
ortodônticas (mordida aberta, incompetência labial, palato/céu da
boca ogival);
-
Alterações
na postural corporal (cabeça e ombros projetados para a frente);
-
Olheiras.
Como
tratar?
Devido
às múltiplas causas e consequências da Síndrome
da Respiração Oral,
a abordagem terapêutica deverá ser feita por vários especialistas.
Neste sentido, a abordagem multidisciplinar conta com a atuação de
fonoaudiólogos, médicos alergistas, otorrinolaringologista,
dentista e fisioterapeuta.
Qual
o papel do fonoaudiólogo?
Ele
é o responsável pela avaliação dos órgãos fonoarticulatórios
(lábios, língua, bochechas e palato) e das estruturas
estomatognáticas de respiração, mastigação, deglutição e fala.
E responsável pela reeducação da musculatura oral e aprendizagem
de um padrão respiratório costodiafragmático. O fonoaudiólogo
irá fazer uma reeducação, onde o paciente irá re-aprender a fazer
uso do nariz.
Como
os pais podem ajudar?
-
Ensinar
a criança a limpar bem o nariz.
-
Lavar
com soro fisiológico.
-
Fazer
exercícios de fortalecimento de lábios (beijinhos, assobios,
encher bochechas e evitar que rebentem quando se bate nelas).
-
Segurar
clipes de papel entre os lábios enquanto vê televisão, monta um
quebra-cabeça ou pintar um desenho.
-
Soprar
bolas de sabão inspirando pelo nariz e expirando pela boca.
Nos
primeiros anos de escolaridade, a pronúncia das palavras influencia
diretamente a aprendizagem da leitura e escrita a ponto de afetar a
aquisição e desenvolvimento das mesmas. Uma pesquisa da Ufes,
de 2013, mostrou que 24% das crianças do ensino
fundamental de Vitória, com idades entre 6 e 12 anos, são
respiradores bucais. "As consequências estruturais e funcionais
da respiração oral, muitas vezes são irreversíveis
espontaneamente, então torna-se necessário uma identificação o
mais precocemente possível para que uma atuação multidisciplinar
possa atuar", orienta Raquel.
Respirar
pelo nariz é essencial para o bom funcionamento de outras funções
(mastigar, engolir e falar) promovendo uma melhor qualidade de vida
à criança. Hoje o Gabriel, tem a pele mais corada, não tem
olheiras e mais disposição. "Nunca imaginei que aquelas
olheiras do meu filho era um problema de respiração. Quando olho a
foto dele um pouco menor e comparo com uma atual vejo como não tinha
percebido isso antes. É nítida a melhora", comemora Kátia.
Fonte:
Papai Educa
Respirar
pela boca pode deformar o rosto e alterar a posição dos dentes, da
língua (prejudicando fala e mastigação) e até mudar a postura.
Pode evoluir para doenças cardiorrespiratória e endocrinológica
Alimentação:
é difícil respirar e comer ao mesmo tempo, por isso há
preferência a comidas fáceis de mastigar e há cansaço ou
irritação nas refeições. A criança come com a boca
aberta já que não tem respiração funcional pelo nariz. Come
pouco e tem baixo peso.
Escola:
a noite mal dormida diminui a concentração e atenção,
prejudicando o rendimento escolar. O aprendizado da leitura e
escrita, por exemplo, é mais lento. Kátia conta que Gabriel dormia
a noite toda, mas sempre acordava com olheiras porque não era um
sono saudável, já que não respirava corretamente.
Autoestima:
as dificuldades no desenvolvimento da comunicação mexem com a
autoestima, gerando agitação e agressividade, especialmente na
interação com os colegas. Tudo isso acaba gerando estresse,
cansaço e ansiedade.
Padrão
respiratório predominantemente oral (inclusive durante o sono);
Barulho
ao respirar, indicativo de perturbação respiratória;
Perturbações
durante o sono (ressonar e/ou existência de secreções salivares);
Alterações
craniofaciais (ósseas e musculares - rosto alongado);
Alterações
ortodônticas (mordida aberta, incompetência labial, palato/céu da
boca ogival);
Alterações
na postural corporal (cabeça e ombros projetados para a frente);
Olheiras.
Ensinar
a criança a limpar bem o nariz.
Lavar
com soro fisiológico.
Fazer
exercícios de fortalecimento de lábios (beijinhos, assobios,
encher bochechas e evitar que rebentem quando se bate nelas).
Segurar
clipes de papel entre os lábios enquanto vê televisão, monta um
quebra-cabeça ou pintar um desenho.
Soprar
bolas de sabão inspirando pelo nariz e expirando pela boca.
Fonte: Papai Educa
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