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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Alguns prejuízos do uso da chupeta no desenvolvimento dos bebês


Não faz muito tempo que a chupeta era usada praticamente sem restrições para acalmar as crianças pequenas e fazer com que parassem de chorar. Agora sabemos que não é bem assim. Chupeta causa dependência e faz com que o instinto básico de sucção no peito não seja plenamente suprido, assim como as necessidades afetivas do bebê, já que o motivo real do choro silenciado fica sem resposta.
Muitos pais ainda insistem neste método, mesmo com entendimento de que pode ser prejudicial, por ser mais prático. Outros pais não possuem a informação adequada das reais consequências do uso contínuo da chupeta. Desta forma vou tentar explicar alguns problemas que a chupeta pode causar:

Amamentação

O avanço de pesquisas científicas comprovam que as crianças que param de mamar antes usam chupeta com mais frequência do que aquelas que são amamentadas por um período maior de tempo, sugerindo uma relação entre esses dois fatos. Além disso, a sucção feita em um bico artificial leva à perda da tonicidade e a alteração dos músculos da face (principalmente dos lábios e da língua), o que acaba confundindo a criança e a leva a não ser mais capaz de mamar o peito da mãe da maneira correta.
Muitas evidências apontam que o uso de chupeta diminui a produção de leite da mãe, uma vez que o bebê procura menos pelo peito. Esse fato pode até mesmo interferir no ganho de peso da criança.
A Unicef e o Ministério da Sáude orientam aos pais não oferecer bicos artificiais ou chupetas as crianças para não prejudicar o sucesso do Aleitamento Materno.

Deformação


O costume de chupar chupeta acaba causando deformações no desenvolvimento das estruturas da boca e do rosto, intimamente ligadas ao esforço repetitivo e artificial imposto pela chupeta. O lábio superior da criança pode ficar encurtado, enquanto o lábio inferior pode se tornar flácido e virado para fora. Outras modificações como a pele do queixo mais enrugada ou a língua menos tonificada alteram a fisiologia da região da mandíbula.
Os ossos da face crescem de forma desarmônica, enquanto as arcadas e os ossos nasais sofrem estreitamento e desvios (como o desvio de septo). Por consequência, acaba prejudicando também as funções de deglutição, mastigação, fala e respiração, tornando-se um obstáculo mecânico à cura de uma série de patologias, especialmente as ‘ites’: rinite, sinusite, amidalite, bronquite, etc.
A mandíbula também é afetada, pois se mantém na posição do nascimento, ou seja, o queixo não cresce, prejudicando a estética e a fisiologia. Segundo pesquisa brasileira de 2006, as crianças com hábitos de chupar chupeta ainda apresentam 12 vezes mais chances de desenvolver problemas de mordida do que crianças sem esse hábito. E mais de 70% dos bebês acostumados com a chupeta apresentam algum tipo de problema de mordida, como mordida cruzada, profunda, etc.

Dedo

Afirmar que para o neném é melhor usar chupeta ao invés dos dedos é um consenso equivocado. Apenas 10% das crianças chupam o dedo prolongadamente, enquanto entre 60 e 82% chupam chupeta e 4,1% associam os dois hábitos. Não que os 10% estejam certos, mas o que surpreende aqui é que uma significativa maioria dos pais acha que está fazendo a coisa certa nessa substituição – mas não está.
Os danos causados pela sucção prolongada do dedo ou da chupeta são bem semelhantes. O dedo, no entanto, ainda sai na frente porque se assemelha mais ao peito, tem calor, odor e consistência mais parecidos com o do mamilo e fica praticamente na mesma posição do bico do peito dentro da cavidade bucal do bebê.
Chupar o dedo desde a barriga é um hábito comum dos bebês durante seu desenvolvimento. Especialmente nos períodos de desconforto e irritação provocados pelo nascimento dos dentes. Nessa fase é interessante proporcionar variedade de estímulos, como alimentos de consistência dura, mordedores, além de brincadeiras diversas, atenção e carinho, a fim de que o hábito cesse espontaneamente. A persistência do hábito de chupar o dedo, porém, não é frequente em crianças bem amamentadas: mais de 80% das crianças que recebem aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida não apresentam esses hábitos, acrescenta a dentista.

Respiração

Desde cedo aprendemos que devemos respirar sempre pelo nariz, onde o ar é devidamente filtrado e entra em nosso organismo de maneira correta. O costume de se chupar chupeta, contudo, favorece a respiração errada, pela boca. E isso acaba ocasionando diversos problemas mais para frente na vida da criança.
Uma vez que o ar inspirado não passa pelo processo de filtragem (aquecimento e umedecimento ao qual é submetido se inspirado pelo nariz) o sistema respiratório acaba se tornando mais suscetível a doenças em geral. A respiração bucal também ocasiona alterações físicas, problemas nutricionais e de crescimento, alterações fonoaudiológicas e do sono, como ronco, apnéia, pesadelos, terror noturno, enurese noturna (o famoso “xixi na cama”) e bruxismo, além de problemas na arcada dentária (principalmente no encaixe da mordidas), desvios ortopédicos e posturais.
Problemas comportamentais e emocionais, como problemas de aprendizado, distúrbios de ansiedade, impulsividade, fobias, agitação, cansaço, hiperatividade e baixa autoestima também podem ser desenvolvidos pela criança acostumada à chupeta devido à má respiração.

Mudança de hábito


Se o seu bebê já é acostumado com a chupeta é conveniente buscar ajuda profissional de um fonoaudiólogo. A remoção repentina ou abrupta da chupeta pode gerar efeitos psicológicos complexos e difíceis de mensurar, e pode levar à substituição por hábitos de sucção do dedo, do lábio ou da língua, de roer unhas, entre outros. No decorrer da vida, os hábitos podem ser substituídos por comer demais, fumar ou outros transtornos compulsivos. E seu efeitos são observados desde cedo.
Como citado no início desta postagem, os assuntos aqui abordados são apenas as características mais marcantes e principais consequências do uso prolongado da chupeta em bebês e crianças. No entanto, há muito mais, desde o prejuízo à correta maturação funcional do sistema que engloba as estruturas bucais ligadas à mandíbula, passando pelo refluxo do conteúdo alimentar presente no estômago para o esôfago. Existem também preocupações relativas às chupetas em si, como a inexistência, no mercado, de bicos anatomicamente comparáveis ao bico do peito.

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