Não
faz muito tempo que a chupeta era usada praticamente sem restrições
para acalmar as crianças pequenas e fazer com que parassem de
chorar. Agora sabemos que não é bem assim. Chupeta causa
dependência e faz com que o instinto básico de sucção no peito
não seja plenamente suprido, assim como as necessidades afetivas do
bebê, já que o motivo real do choro silenciado fica sem resposta.
Muitos
pais ainda insistem neste método, mesmo com entendimento de que pode
ser prejudicial, por ser mais prático. Outros pais não possuem a
informação adequada das reais consequências do uso contínuo da
chupeta. Desta forma vou tentar explicar alguns problemas que a
chupeta pode causar:
Amamentação
O
avanço de pesquisas científicas comprovam que as crianças que
param de mamar antes usam chupeta com mais frequência do que aquelas
que são amamentadas por um período maior de tempo, sugerindo uma
relação entre esses dois fatos. Além disso, a sucção feita em um
bico artificial leva à perda da tonicidade e a alteração dos
músculos da face (principalmente dos lábios e da língua), o que
acaba confundindo a criança e a leva a não ser mais capaz de mamar
o peito da mãe da maneira correta.
Muitas
evidências apontam que o uso de chupeta diminui a produção de
leite da mãe, uma vez que o bebê procura menos pelo peito. Esse
fato pode até mesmo interferir no ganho de peso da criança.
A
Unicef e o Ministério da Sáude orientam aos pais não oferecer
bicos artificiais ou chupetas as crianças para não prejudicar o
sucesso do Aleitamento Materno.
Deformação
O
costume de chupar chupeta acaba causando deformações no
desenvolvimento das estruturas da boca e do rosto, intimamente
ligadas ao esforço repetitivo e artificial imposto pela chupeta. O
lábio superior da criança pode ficar encurtado, enquanto o lábio
inferior pode se tornar flácido e virado para fora. Outras
modificações como a pele do queixo mais enrugada ou a língua menos
tonificada alteram a fisiologia da região da mandíbula.
Os
ossos da face crescem de forma desarmônica, enquanto as arcadas e os
ossos nasais sofrem estreitamento e desvios (como o desvio de septo).
Por consequência, acaba prejudicando também as funções de
deglutição, mastigação, fala e respiração, tornando-se um
obstáculo mecânico à cura de uma série de patologias,
especialmente as ‘ites’: rinite, sinusite, amidalite, bronquite,
etc.
A
mandíbula também é afetada, pois se mantém na posição do
nascimento, ou seja, o queixo não cresce, prejudicando a estética e
a fisiologia. Segundo pesquisa brasileira de 2006, as crianças com
hábitos de chupar chupeta ainda apresentam 12 vezes mais chances de
desenvolver problemas de mordida do que crianças sem esse hábito. E
mais de 70% dos bebês acostumados com a chupeta apresentam algum
tipo de problema de mordida, como mordida cruzada, profunda, etc.
Dedo
Afirmar
que para o neném é melhor usar chupeta ao invés dos dedos é um
consenso equivocado. Apenas 10% das crianças chupam o dedo
prolongadamente, enquanto entre 60 e 82% chupam chupeta e 4,1%
associam os dois hábitos. Não que os 10% estejam certos, mas o que
surpreende aqui é que uma significativa maioria dos pais acha que
está fazendo a coisa certa nessa substituição – mas não está.
Os
danos causados pela sucção prolongada do dedo ou da chupeta são
bem semelhantes. O dedo, no entanto, ainda sai na frente porque se
assemelha mais ao peito, tem calor, odor e consistência mais
parecidos com o do mamilo e fica praticamente na mesma posição do
bico do peito dentro da cavidade bucal do bebê.
Chupar
o dedo desde a barriga é um hábito comum dos bebês durante seu
desenvolvimento. Especialmente nos períodos de desconforto e
irritação provocados pelo nascimento dos dentes. Nessa fase é
interessante proporcionar variedade de estímulos, como alimentos de
consistência dura, mordedores, além de brincadeiras diversas,
atenção e carinho, a fim de que o hábito cesse espontaneamente. A
persistência do hábito de chupar o dedo, porém, não é frequente
em crianças bem amamentadas: mais de 80% das crianças que recebem
aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida não
apresentam esses hábitos, acrescenta a dentista.
Respiração
Desde
cedo aprendemos que devemos respirar sempre pelo nariz, onde o ar é
devidamente filtrado e entra em nosso organismo de maneira correta. O
costume de se chupar chupeta, contudo, favorece a respiração
errada, pela boca. E isso acaba ocasionando diversos problemas mais
para frente na vida da criança.
Uma
vez que o ar inspirado não passa pelo processo de filtragem
(aquecimento e umedecimento ao qual é submetido se inspirado pelo
nariz) o sistema respiratório acaba se tornando mais suscetível a
doenças em geral. A respiração bucal também ocasiona alterações
físicas, problemas nutricionais e de crescimento, alterações
fonoaudiológicas e do sono, como ronco, apnéia, pesadelos, terror
noturno, enurese noturna (o famoso “xixi na cama”) e bruxismo,
além de problemas na arcada dentária (principalmente no encaixe da
mordidas), desvios ortopédicos e posturais.
Problemas
comportamentais e emocionais, como problemas de aprendizado,
distúrbios de ansiedade, impulsividade, fobias, agitação, cansaço,
hiperatividade e baixa autoestima também podem ser desenvolvidos
pela criança acostumada à chupeta devido à má respiração.
Mudança de hábito
Se
o seu bebê já é acostumado com a chupeta é conveniente buscar
ajuda profissional de um fonoaudiólogo. A remoção repentina ou
abrupta da chupeta pode gerar efeitos psicológicos complexos e
difíceis de mensurar, e pode levar à substituição por hábitos de
sucção do dedo, do lábio ou da língua, de roer unhas, entre
outros. No decorrer da vida, os hábitos podem ser substituídos por
comer demais, fumar ou outros transtornos compulsivos. E seu efeitos
são observados desde cedo.
Como
citado no início desta postagem, os assuntos aqui abordados são
apenas as características mais marcantes e principais consequências
do uso prolongado da chupeta em bebês e crianças. No entanto, há
muito mais, desde o prejuízo à correta maturação funcional do
sistema que engloba as estruturas bucais ligadas à mandíbula,
passando pelo refluxo do conteúdo alimentar presente no estômago
para o esôfago. Existem também preocupações relativas às
chupetas em si, como a inexistência, no mercado, de bicos
anatomicamente comparáveis ao bico do peito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário