O
desenvolvimento da fala não se realiza em todas as criança da mesma
forma e na mesma época, variando de acordo com a influência de
fatores hereditários, condições orgânicas individuais e
ambientais.
Ao
nascer, a criança já apresenta alguns processos fisiológicos que
depois vão participar da fonação. Estes são, principalmente, a
respiração, a sucção, o grito e o choro infantil.
Ao
vir ao mundo a criança chora, sendo esta a sua primeira manifestação
provocada pela entrada de ar nos pulmões e pela mudança de
temperatura, sendo o choro um reflexo involuntário.
Os
choros de desagrado, são o início de uma manifestação
linguística, pois traduzem sensação de mal-estar, fome, sede, etc.
No
primeiro semestre, o bebê começa suas primeiras atividades,
pondo-se a brincar com sua própria voz e com os ruídos de sua
língua e de seus lábios. Costumam ser repetições incessantes e,
aparentemente, sem motivo de sons vocais. A partir deste momento, a
criança também passa a imitar os sons que ouve dos adultos só para
divertir-se ou para agradá-los.
Numa
criança normal, as primeiras expressões fônicas surgem quando há
formação e memorização das imagens auditivas e visuais associadas
ao desenvolvimento da coordenação muscular. Ela regula os sons que
emite, através do processo de auto-regulação auditiva e visual.
No
segundo semestre, a criança regula os sons da linguagem que se fala
em torno dela. Esta etapa é de suma importância como fenômeno
fisiológico, pois não só faz atuar a inibição que vai suprindo
todos os sons que não são adequadamente reforçados, como também,
a imitação vai reforçando todos os sons que são característicos
da língua que se fala ao redor da criança.
Dos
seis aos oito meses, há uma certa inibição. A criança, embora
pouco fale, está acumulando lembranças fônicas, auditivas e
visuais que associa com a sua significação efetiva. Neste período,
a criança vai incorporando os primeiros feitos próprios da
compreensão da linguagem, começando, então, a ligar uma palavra
determinada a objetos relacionados com sua vida infantil, com suas
atividades vitais, como por exemplo, a mãe, a alimentação, o sono,
jogos, etc. Os primeiros significados que adquire estão ligados a
tudo que constitui o seu interesse biológico central.
No
terceiro semestre, a aquisição de palavras ao lado do aumento da
compreensão da linguagem desenvolve-se rapidamente. Essas palavras
ligam-se à objetos concretos que tem uma íntima relação com os
interesses biológicos principais da criança.
No
quarto semestre, a fala caracteriza-se por uma progressiva interação
dos elementos da linguagem, regidos pela riqueza de influência
social. Esta "influência social" traduz-se como uma
aprendizagem, cuja expressão mais corrente é a imitação. Neste
período, aparece a "palavra-frase", em que um só vocábulo
tem a propriedade de transmitir um conteúdo comunicativo amplo e de
significado completo.
A
aquisição da linguagem falada referirá, a princípio, aos
elementos concretos, aos substantivos e, imediatamente, passará por
distintas etapas, tais como os verbos de ação, adjetivos, pronomes,
chegando a uma etapa decisiva, com a aquisição do pronome pessoal
"eu" por volta dos três anos.
Fonte:
Fernandes Júnior (2002)
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