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terça-feira, 9 de agosto de 2011

Bebê Especial - o papel da família


A grande maioria das pessoas se imagina despreparada para cuidar de um filho especial. Parece-lhes que criar um filho normal é tarefa para a qual já se nasce pronto. Nenhuma preparação, nenhum aperfeiçoamento é necessário. Bastaria a esses pais seguirem seus instintos e tudo caminharia naturalmente.

Porém, a criança que nasce ou se torna especial representa o desconhecido, independente do grau de seu comprometimento. Os pais sentem-se incompetentes, atemorizados até pela idéia de criar e educar um filho especial.

O filho normal corresponde ao idealizado, sonhado, projetado e introjetado. Todas as etapas da vida estão imaginadas, programadas e previstas, mesmo que inconscientemente. Por experiência ou por comparação os pais sabem ou pensam que sabem como será a vida com este filho.

Com a criança especial tudo é diferente. Ela representa o inesperado, indesejado, desconhecido. Até que dor, surpresa, rejeição sejam superados um certo tempo decorre (às vezes uma vida inteira!). Desde o momento da notícia ou da descoberta os pais serão confrontados a todo instante com estes sentimentos e ainda com o da incompetência (imaginada) para cuidar desta criança.

Sabe-se porém que educar um filho normal ou especial exige dos pais a mesma dose de instinto e preparo, de arte e técnica. O filho especial vai necessitar certamente, na maioria dos casos, uma maior dose de dedicação. Criar um filho é tão prazeroso e perigoso como pilotar um avião. Com o filho normal a criação pode ser feita em “piloto-automático”, ele vai quase sozinho... Já a criança especial exige um vôo manual, é preciso estar sempre observando a altitude, controlando os instrumentos, acelerando os motores, etc. O trabalho e a preocupação são tantos que às vezes o piloto até se esquece de apreciar a viagem e a paisagem...

Mas para aqueles que conseguem vencer as mais do que compreensíveis dificuldades iniciais muitas alegrias estão reservadas. Quem tiver olhos de ver, coração de sentir, será capaz de interagir com muita alegria com seu filho especial.

Interação obviamente é um relacionamento de mão-dupla, onde os participantes se relacionam e se modificam mutuamente. Todos dão, recebem e se transformam. Crescem e amadurecem. Apesar de todas as frustrações e dificuldades criar um filho, especial ou não, é uma das mais enriquecedoras experiências de vida que alguém pode ter.

A chave para a boa interação entre pais e filhos é o carinho, amor. Por mais que possa parecer romântico demais ou melodramático, este sentimento poderoso é o grande segredo da boa relação dos pais com seus filhos especiais.

Para que um pai ou mãe consigam amar seu filho especial é preciso que a rejeição (normal, natural, humana) seja superada. É preciso que seja feito ou refeito o vínculo entre eles e especialmente nos primeiros meses, entre mãe e filho. Através dos mecanismos de sensibilidade ainda pouco conhecidos, a criança tem que saber que os pais querem que ela cresça, se desenvolva, viva.

Se os pais (e aqui não vai nenhum julgamento) querem que seu filho morra, não precisam dizê-lo com palavras. A criança vai saber e nem os mais famosos terapeutas ou os melhores remédios serão capazes de melhorar o desempenho desse paciente.

Ser capaz de desejar de verdade que seu filho desenvolva ao máximo seu potencial é o primeiro passo. Aqui também ocorre um feedback, onde o amor familiar estimula a criança a progredir. E o progresso da criança alimenta o amor da família. Ao interagir com seu filho especial, os pais não devem focalizar as dificuldades ou impossibilidades, mas sim as possibilidades.

Aos pais é permitido sonhar. Não com curas impossíveis ou milagrosas, mas pelo menos com os pequenos milagres do cotidiano. Aqueles aos quais as vezes alguns profissionais não dão tanto valor, mas que para os pais representam enormes vitórias.

Um sorriso, um carinho, uma palavra, um gesto, vindo daquela criança das quais as vezes nada se esperava, para quem nada se prognosticava, traz ao coração dos pais um sentimento único de amor e realização, desconhecido para quem não viveu situação semelhante.

Para ler mais sobre o assunto a dica é o livro "A Criança Especial" - ed. Roca

Dr. Ruy Pupo Filho é médico pediatra, neonatologista e sanitarista. É autor dos livros “Manual do Bebê”, “Como educar seus filhos” e “Plantão Médico-sala de parto”. Foi “Pai do Ano” pela Revista Claudia em 1995 e “Gente que Faz” em 1997 por sua militância em defesa dos direitos das crianças com deficiência.
Fonte: Vila Filhos

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