Fonte: bebe.com.br
De cada dez crianças, sete terão infecção na orelha ao menos uma vez na vida. Saiba tudo sobre a doença e aprenda como impedir sua evolução
Quando um processo infeccioso acomete a orelha da criança, a dor não demora a aparecer e, para desespero dos pais, vem acompanhada de muita irritação e choradeira. O quadro, chamado de otite, nem sempre é identificado logo de cara e também pode se tornar recorrente, o que representa uma dose extra de angústia. Para evitar o sofrimento da família, procuramos alguns especialistas e pedimos para contarem tudo sobre a otite – desde suas causas e sintomas até formas de prevenção e tratamento. Confira!
1. Afinal, o que é otite?
Trata-se de uma infecção que pode atingir a parte externa ou média da orelha (forma correta de denominar o ouvido). A otite externa costuma aparecer depois dos quatro anos de idade, quando a criança fica muito tempo em contato com a água, seja da piscina ou do mar. “A umidade excessiva pode retirar o cerume de proteção do canal auditivo. Por isso, quem pratica natação deve usar o protetor auricular”, informa Yechiel Moises Chencinski, pediatra especializado em homeopatia, de São Paulo (SP).
Já a otite média aguda é a mais comum – sobretudo nos três primeiros anos de vida – e, na maioria das vezes, surge como consequência de uma infecção respiratória. Isso acontece porque os vírus causadores de gripes e resfriados prejudicam o sistema imunológico, abrindo caminho para outros microorganismos ameaçadores: as bactérias. “Quando elas entram em cena, partem para a orelha média e causam a infecção”, explica Ricardo Godinho, otorrinolaringologista pediátrico e coautor do livro Cuidando dos ouvidos, nariz e garganta das crianças (editora Oirã), de Sete Lagoas (MG).
2. Fatores internos que favorecem a otite
Nas crianças, o canal que faz a ligação entre o nariz e ouvido, chamado tuba auditiva, é mais largo e curto. “Dessa forma, os processos infecciosos e inflamatórios que atacam as vias respiratórias chegam com bastante facilidade à orelha média, causando a otite”, esclarece Cleonice Hirata, otorrinolaringologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ainda de acordo com a médica, essa configuração anatômica só se modifica por volta dos sete anos de idade. Para complicar, o sistema imunológico dos pequenos ainda é frágil, tornando-os mais suscetíveis às ofensivas de vírus e bactérias.
3. Por que a otite é mais comum no inverno?
Quando a temperatura despenca, as gripes e os resfriados se tornam mais freqüentes, especialmente entre os pequenos, cujo sistema imunológico ainda não está totalmente “amadurecido”. Como as otites geralmente são precedidas de infecções respiratórias, é na época mais fria do ano, portanto, que os pais percebem uma maior incidência da famigerada doença.
4. Principais sintomas
“Independente da idade da criança e do tipo de otite, o principal sintoma é a dor”, frisa o pediatra Yechiel Moises Chencinski. Por causa do incômodo, as mães conseguem perceber algumas mudanças no comportamento do filho, como irritação e dificuldade para dormir e se alimentar – nos bebês, o ato de sugar o peito ou a mamadeira pode levar ao choro. Normalmente a doença também provoca febre e compromete a audição.
5. Formas de prevenção
De acordo com o otorrinolaringologista Ricardo Godinho, para proteger a criança da otite, o ideal é manter suas vias respiratórias sempre limpas e longe de problemas, já que as infecções e inflamações nessa área predispõem à doença. Deste modo, a lista de cuidados inclui evitar mudanças bruscas de temperatura e ambientes muito frios ou com fumaça de cigarro. Para que o sistema imunológico também dê uma força, impedindo os ataques de vírus e bactérias, é importante investir no aleitamento materno e seguir as orientações do pediatra em relação às vacinas indicadas para cada faixa etária.
Os especialistas fazem questão de frisar que a otite média não é causada por sujeira ou cera. Logo, não adianta cutucar o local com a haste flexível – ou seja, o famoso cotonete. Aliás, esse comportamento só tende a causar problemas, já que o objeto pode lesionar as paredes da tuba auditiva e o tímpano ou até mesmo direcionar a cera para o interior do ouvido, prejudicando sua eliminação natural. “A limpeza da parte externa da orelha pode ser feita no banho mesmo. Depois, basta enxugar com a toalha ou uma fralda de tecido”, ensina Cleonice Hirata, especialista da Unifesp.
6. Como aplacar a dor?
Quando a mãe desconfiar que o berreiro da criança está relacionado à otite, pode realizar compressas mornas na orelha com a ajuda de uma bolsa térmica, protegida adequadamente, ou uma fralda aquecida com o ferro de passar roupa. Até visitar o médico e dar início ao tratamento indicado, os analgésicos e antitérmicos também são bem-vindos para amenizar a dor. Outras medidas, como pingar azeite morno ou medicamentos caseiros no ouvido, são categoricamente rejeitado pelos especialistas. “Quando se coloca uma substância no canal auditivo, corre-se o risco de agravar a infecção e até mesmo dificultar a visualização do local pelo médico”, conta o pediatra Yechiel Moises Chencinski.
7. Como lidar com as otites de repetição
Algumas crianças têm predisposição a apresentar a doença repetidas vezes: são as chamadas otites de repetição – a classificação vale quando ocorrem mais de quatro episódios por ano. O problema deve ser acompanhado de perto por um médico, mas, na maior parte dos casos, são sugeridas algumas mudanças na rotina, como impedir que o pequeno seja exposto a poluentes (cigarro, poeira e mofo, entre outros), não deixá-lo deitado na hora de amamentar, já que o leite pode passar para a orelha média, contaminando-a, e evitar a entrada precoce em creches e berçários, onde o risco de contrair gripes ou resfriados é maior.
8. Por que tratar a otite logo e corretamente
Quando os sintomas da doença se manifestarem, especialmente após uma infecção respiratória, as mães devem procurar imediatamente um pediatra ou otorrinolaringologista para dar início ao tratamento apropriado. “A orelha média fica muito próxima às estruturas do sistema nervoso central e complicações da otite podem levar a uma meningite ou até mesmo a um abscesso cerebral”, informa Cleonice Hirata, otorrinolaringologista da Unifesp. Além disso, é válido lembrar que a multiplicação de bactérias pode causar a perfuração do tímpano e, como seqüela, levar à perda permanente da audição.
9. Antibióticos: a melhor saída? Como usá-los?
Na maioria das vezes, os especialistas indicam essa classe de medicamento para deter o processo infeccioso. Mas, para que o antibiótico realmente ajude, é fundamental respeitar a prescrição médica em relação ao tempo de uso e à posologia. Quem explica o motivo é o otorrinolaringologista Ricardo Godinho: “Nos primeiros dias o remédio consegue matar apenas as bactérias mais sensíveis. Por isso, ainda que a criança apresente uma melhora significativa, é necessário continuar com a medicação pelo tempo determinado, que costuma ser de dez dias. Caso contrário, as bactérias sobreviventes podem ganhar resistência e, em uma próxima infecção, não sucumbir ao tratamento”.
10. Quando há indicação cirúrgica para otites de repetição?
Em algumas crianças, a otite de repetição pode favorecer o acúmulo de líquido na orelha média, área que deve conter apenas ar. Quando isso ocorre, facilita-se o início de novos processos inflamatórios. Como o tratamento clínico não resolve o problema, a saída é recorrer a uma cirurgia bem simples para implantar tubinhos de ventilação na orelha. Segundo os especialistas, o objetivo do procedimento não é eliminar o líquido, e sim arejar o local. Assim, os tecidos se recuperam e as chances de ter mais inflamações diminuem. “Em aproximadamente um ano, os tubos são expulsos naturalmente pela própria orelha”, completa Cleonice Hirata, otorrinolaringologista da Unifesp.
1. Afinal, o que é otite?
Trata-se de uma infecção que pode atingir a parte externa ou média da orelha (forma correta de denominar o ouvido). A otite externa costuma aparecer depois dos quatro anos de idade, quando a criança fica muito tempo em contato com a água, seja da piscina ou do mar. “A umidade excessiva pode retirar o cerume de proteção do canal auditivo. Por isso, quem pratica natação deve usar o protetor auricular”, informa Yechiel Moises Chencinski, pediatra especializado em homeopatia, de São Paulo (SP).
Já a otite média aguda é a mais comum – sobretudo nos três primeiros anos de vida – e, na maioria das vezes, surge como consequência de uma infecção respiratória. Isso acontece porque os vírus causadores de gripes e resfriados prejudicam o sistema imunológico, abrindo caminho para outros microorganismos ameaçadores: as bactérias. “Quando elas entram em cena, partem para a orelha média e causam a infecção”, explica Ricardo Godinho, otorrinolaringologista pediátrico e coautor do livro Cuidando dos ouvidos, nariz e garganta das crianças (editora Oirã), de Sete Lagoas (MG).
2. Fatores internos que favorecem a otite
Nas crianças, o canal que faz a ligação entre o nariz e ouvido, chamado tuba auditiva, é mais largo e curto. “Dessa forma, os processos infecciosos e inflamatórios que atacam as vias respiratórias chegam com bastante facilidade à orelha média, causando a otite”, esclarece Cleonice Hirata, otorrinolaringologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Ainda de acordo com a médica, essa configuração anatômica só se modifica por volta dos sete anos de idade. Para complicar, o sistema imunológico dos pequenos ainda é frágil, tornando-os mais suscetíveis às ofensivas de vírus e bactérias.
3. Por que a otite é mais comum no inverno?
Quando a temperatura despenca, as gripes e os resfriados se tornam mais freqüentes, especialmente entre os pequenos, cujo sistema imunológico ainda não está totalmente “amadurecido”. Como as otites geralmente são precedidas de infecções respiratórias, é na época mais fria do ano, portanto, que os pais percebem uma maior incidência da famigerada doença.
4. Principais sintomas
“Independente da idade da criança e do tipo de otite, o principal sintoma é a dor”, frisa o pediatra Yechiel Moises Chencinski. Por causa do incômodo, as mães conseguem perceber algumas mudanças no comportamento do filho, como irritação e dificuldade para dormir e se alimentar – nos bebês, o ato de sugar o peito ou a mamadeira pode levar ao choro. Normalmente a doença também provoca febre e compromete a audição.
5. Formas de prevenção
De acordo com o otorrinolaringologista Ricardo Godinho, para proteger a criança da otite, o ideal é manter suas vias respiratórias sempre limpas e longe de problemas, já que as infecções e inflamações nessa área predispõem à doença. Deste modo, a lista de cuidados inclui evitar mudanças bruscas de temperatura e ambientes muito frios ou com fumaça de cigarro. Para que o sistema imunológico também dê uma força, impedindo os ataques de vírus e bactérias, é importante investir no aleitamento materno e seguir as orientações do pediatra em relação às vacinas indicadas para cada faixa etária.
Os especialistas fazem questão de frisar que a otite média não é causada por sujeira ou cera. Logo, não adianta cutucar o local com a haste flexível – ou seja, o famoso cotonete. Aliás, esse comportamento só tende a causar problemas, já que o objeto pode lesionar as paredes da tuba auditiva e o tímpano ou até mesmo direcionar a cera para o interior do ouvido, prejudicando sua eliminação natural. “A limpeza da parte externa da orelha pode ser feita no banho mesmo. Depois, basta enxugar com a toalha ou uma fralda de tecido”, ensina Cleonice Hirata, especialista da Unifesp.
6. Como aplacar a dor?
Quando a mãe desconfiar que o berreiro da criança está relacionado à otite, pode realizar compressas mornas na orelha com a ajuda de uma bolsa térmica, protegida adequadamente, ou uma fralda aquecida com o ferro de passar roupa. Até visitar o médico e dar início ao tratamento indicado, os analgésicos e antitérmicos também são bem-vindos para amenizar a dor. Outras medidas, como pingar azeite morno ou medicamentos caseiros no ouvido, são categoricamente rejeitado pelos especialistas. “Quando se coloca uma substância no canal auditivo, corre-se o risco de agravar a infecção e até mesmo dificultar a visualização do local pelo médico”, conta o pediatra Yechiel Moises Chencinski.
7. Como lidar com as otites de repetição
Algumas crianças têm predisposição a apresentar a doença repetidas vezes: são as chamadas otites de repetição – a classificação vale quando ocorrem mais de quatro episódios por ano. O problema deve ser acompanhado de perto por um médico, mas, na maior parte dos casos, são sugeridas algumas mudanças na rotina, como impedir que o pequeno seja exposto a poluentes (cigarro, poeira e mofo, entre outros), não deixá-lo deitado na hora de amamentar, já que o leite pode passar para a orelha média, contaminando-a, e evitar a entrada precoce em creches e berçários, onde o risco de contrair gripes ou resfriados é maior.
8. Por que tratar a otite logo e corretamente
Quando os sintomas da doença se manifestarem, especialmente após uma infecção respiratória, as mães devem procurar imediatamente um pediatra ou otorrinolaringologista para dar início ao tratamento apropriado. “A orelha média fica muito próxima às estruturas do sistema nervoso central e complicações da otite podem levar a uma meningite ou até mesmo a um abscesso cerebral”, informa Cleonice Hirata, otorrinolaringologista da Unifesp. Além disso, é válido lembrar que a multiplicação de bactérias pode causar a perfuração do tímpano e, como seqüela, levar à perda permanente da audição.
9. Antibióticos: a melhor saída? Como usá-los?
Na maioria das vezes, os especialistas indicam essa classe de medicamento para deter o processo infeccioso. Mas, para que o antibiótico realmente ajude, é fundamental respeitar a prescrição médica em relação ao tempo de uso e à posologia. Quem explica o motivo é o otorrinolaringologista Ricardo Godinho: “Nos primeiros dias o remédio consegue matar apenas as bactérias mais sensíveis. Por isso, ainda que a criança apresente uma melhora significativa, é necessário continuar com a medicação pelo tempo determinado, que costuma ser de dez dias. Caso contrário, as bactérias sobreviventes podem ganhar resistência e, em uma próxima infecção, não sucumbir ao tratamento”.
10. Quando há indicação cirúrgica para otites de repetição?
Em algumas crianças, a otite de repetição pode favorecer o acúmulo de líquido na orelha média, área que deve conter apenas ar. Quando isso ocorre, facilita-se o início de novos processos inflamatórios. Como o tratamento clínico não resolve o problema, a saída é recorrer a uma cirurgia bem simples para implantar tubinhos de ventilação na orelha. Segundo os especialistas, o objetivo do procedimento não é eliminar o líquido, e sim arejar o local. Assim, os tecidos se recuperam e as chances de ter mais inflamações diminuem. “Em aproximadamente um ano, os tubos são expulsos naturalmente pela própria orelha”, completa Cleonice Hirata, otorrinolaringologista da Unifesp.
Por Thaís Manarini
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