Por Cal Coimbra - psicóloga e doutora em Fonoaudiologia
Nosso equilíbrio depende da integração de três sistemas básicos - o vestibular, que está contido na orelha interna, o proprioceptivo, que leva informações das sensações corporais para o cérebro e o sistema visual, que manda para o cérebro a informação quando estamos parados ou em movimento). Esta integração permite ao Sistema Nervoso Central (SNC) reconhecer posições e movimentos da cabeça em relação ao corpo e ao espaço.
O que acontece quando esses sistemas se desintegram?
Quando ocorre desintegração nas informações desses três sistemas, a pessoa fica exposta a um sintoma bastante conhecido - a vertigem - que é um tipo de alteração do equilíbrio corporal também conhecida popularmente como tontura.
Entre as vertigens existentes, a Vertigem Postural Paroxística Benigna (VPPB) é considerada o tipo mais comum do distúrbio vestibular.
O que é a Vertigem Postural Paroxística Benigna?
A VPPB é caracterizada por uma intensa vertigem do tipo rotatória devido à mudança brusca na movimentação da cabeça ou do corpo, sendo também acompanhada de náuseas, vômitos e outras manifestações neurovegetativas.
Em que fase do desenvolvimento é mais comum a vertigem?
É muito comum em jovens, adultos e idosos, mas raramente se manifesta em criança. Entre os dois gêneros, a freqüência predomina em mulheres.
Quais são as causas que determinam a Vertigem Postural Paroxística Benigna?
Existem algumas causas características da VPPB, importantes para o nosso conhecimento: além da vida sedentária que se leva, os erros alimentares, que cometemos quase que diariamente, os distúrbios vasculares, o traumatismo craniano, ainda existem outras causas menos conhecidas, como:
- · disfunção hormonal ovariana
- · hiperlipidemia (aumento do teor total de lipídios contidos no sangue)
- · hipo ou hiperglicemia (redução ou aumento acentuado da taxa de glicose no sangue)
Mas existe ainda aquela vertigem que se manifesta espontaneamente ou a partir de causas obscuras ou desconhecidas, a de outras doenças otoneurológicas. Esse tipo de vertigem normalmente perturba muito a qualidade de vida da pessoa, ao ponto de até torná-la social ou profissionalmente incapacitada, tamanho o desconforto da vertigem.
Primeiro, é imprescindível conhecer a história clínica do cliente. Em seguida, uma anamnese detalhada, mais a realização de exame otoneurológico, o Vecto-eletronistagmografia, que avalia o sistema vestibular.
O sucesso terapêutico depende da realização de um bom diagnóstico, uma vez que, por meio dele, obtêm-se dados específicos das alterações labirínticas individuais, tornando o tratamento personalizado e eficaz.
Entre os recursos terapêuticos utilizados como tratamento de clientes com distúrbios do equilíbrio corporal, encontra-se a Reabilitação Vestibular (RV), cujo objetivo é promover a melhora do equilíbrio global e a restauração da orientação espacial através de exercícios ou manobras, além do tratamento medicamentoso, cirúrgico e da dieta alimentar.
Essa opção terapêutica é uma forma de tratamento segura, econômica e eficiente, sendo o mesmo dividido em três fases importantes: orientação e esclarecimentos ao cliente e à sua família sobre o funcionamento normal do equilíbrio e seus sintomas, além do tratamento que será proposto; o treinamento, que são movimentos repetidos de olhos, cabeça, tronco e exercícios de marcha e o acompanhamento e monitoramento do paciente.
Os exercícios e/ou manobras utilizadas na RV estimulam os fenômenos de adaptação, envolvendo a habituação e a compensação do Sistema Vestibular. Cumpre ressaltar que esses processos dependem da neuroplasticidade no Sistema Nervoso Central, além da idade do cliente e de seu estado psíquico.
A Fonoaudiologia, através da Reabilitação Vestibular, traz inúmeros benefícios para os clientes portadores de Vertigem Postural Paroxística Benigna, uma vez que reduz, de forma significativa, os sintomas associados, aumentando, assim, a autoconfiança da pessoa, promovendo-lhe melhor qualidade de vida.
Colaboração das fonoaudiólogas Luana Mara da Silva Almeida e Kátia Adriana Sixel Estiguer
