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sábado, 18 de setembro de 2010

A importância da detecção precoce da deficiência auditiva


A audição é um dos sentidos mais importantes para a vida humana. É a chave para a linguagem oral e uma forma de sentir o mundo. Podemos perceber que sem ela, o indivíduo perde parte do mundo real, passando a ter problemas emocionais e sociais.
Qualquer sujeito que não é exposto à estimulação de linguagem nos primeiros anos de vida apresentará uma defasagem em seu desenvolvimento lingüístico . A prevenção da perda auditiva é uma forma de proteger e impedir que ela sofra as conseqüências da falta de estimulação auditiva sobre a função da linguagem.
Os primeiros anos de vida têm sido considerados como o período crítico para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem. Esse é o período de maior plasticidade neuronal da via auditiva. Nesse período, o sistema nervoso auditivo central pode ser modificado de maneira positiva ou negativa, dependendo da quantidade e qualidade dos estímulos externos captados. Além disso, o período de recepção dos símbolos lingüísticos auditivos é um pré-requisito para a formulação da expressão verbal.
O diagnóstico audiológico realizado durante o primeiro ano de vida possibilita a intervenção médica e/ou fonoaudiológica, ainda nesse período crítico, permitindo um prognóstico mais favorável em relação ao desenvolvimento global da criança.
Segundo RUSSO e SANTOS (1994), a deficiência auditiva pode ser causada por fatores que ocorrem antes, durante ou após o nascimento, isto é, há três períodos durante os quais a deficiência auditiva pode ocorrer, pré-natal, perinatal, pós-natal. Há, também, a classificação das causas da deficiência auditiva neurossensorial nas crianças em genéticas e não genéticas, e, por sua vez, se dividem em congênitas e pós-natais.

Em 1994 o Comitê Americano sobre Perdas Auditivas (Joint Committe on Infant Hearing), elaborou uma lista de fatores de risco para a deficiência auditiva periférica e central para bebês neonatos. Essa lista consta dos seguintes itens:
·         Antecedentes familiares de perda auditiva neurossensorial hereditária. Consangüinidade materna.
·         Infecções congênitas (rubéoloa, sífilis citomegalovírus, herpes e toxoplasmose).
·         Malformações craniofacias incluindo as do pavilhão auricular e do meato acústico externo.
·         Peso de nascimento inferior a 1.500 gr.
·         Hiperbilirrubinemia – exsanguineotransfusão.
·         Medicação ototóxica ( aminoglicosídos, associação com diuréticos, agentes quimioterápicos).
·         Meningite bacteriana.
·         Apgar de 0 a 4 / 1º minuto ou 0 a 6/ 5º minuto.
·         Ventilação mecânica.
·         Síndromes.
·         Alcoolismo materno ou uso de drogas pscicotrópicas na gestação.
·         Hemorragia ventricular.
·         Permanência na incubadora por mais de 7 dias.
·         Convulsões neonatais.
·         Otite média recorrente ou persistente por mais de 3 meses.
·         Suspeita dos familiares de atraso de desenvolvimento de fala, linguagem e audição.
·         Traumatismo craniano com perda de consciência ou fratura craniana.

As crianças consideradas de risco para a deficiência auditiva devem ser submetidas a uma avaliação auditiva no início da vida, como também a um acompanhamento audiológico Segundo LICHTIG (1997), perdas auditivas neurossensoriais de grau moderado a severo podem ser confirmadas em 2,5% a 5% dos recém-nascidos de alto risco. As perdas auditivas adquiridas pré e pós- natal são responsáveis por 65% dos casos de surdez.
Além disso, sabemos que, as alterações decorrentes de perda auditiva neurossensorial na infância restringem a experienciação auditiva, causando alterações no desenvolvimento auditivo e lingüístico, já as alterações com componentes condutivos de caráter flutuante, comprometem a habilidade de processar os estímulos sonoros e as alterações decorrentes do comprometimento anatomofuncional do Sistema Nervoso Central interfere na habilidade de processar os estímulos acústicos e conseqüentemente no desenvolvimento da linguagem.
No Brasil, a deficiência auditiva tem sido detectada muito tardiamente, impedindo uma melhor qualidade de vida para a criança surda. É necessário uma maior conscientização por parte dos profissionais, que entram em contato primeiramente com o recém-nascido, para que eles possam auxiliar na detecção precoce da deficiência auditiva, fazendo a identificação dos bebês de alto risco. Além disso, o fonoaudiológo é o profissional capacitado e habilitado dentro dessa área, cabe a nós, também, lutarmos por mais esse espaço.

Por  Fga: Daniela Carara Lemos