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domingo, 19 de setembro de 2010

Fissura labiopalatina: fundamentos para a prática fonoaudiológica


As fissuras labiopalatinas são uma das malformações mais comuns no ser humano. No nosso país em média 1:600 a 1:700 nascimentos vivos são acometidos dessa manifestação.Sendo assim, a edição de um livro sobre o assunto é bem vinda e a SBFa inicia a sua coleção com este tema. 



O livro foi organizado por duas fonoaudiólogas que há muitos anos se dedicam a trabalhar nessa área e é apresentado em vinte capítulos, além de itens em anexo. Ele foi dividido em duas partes: na primeira, diferentes profissionais, expoentes em seu campo de atuação, abordam a importância do diagnóstico; da atuação com o bebê que nasceu com a fissura labiopalatina; das épocas de intervenção cirúrgica primária e secundária; da associação com síndromes genéticas; das diferentes formas de avaliação e terapia, com abordagem clínica em fala, linguagem e audição ou com utilização de aparelhagem específica de mensuração das alterações; do uso de próteses reparadoras e das manifestações auditivas comuns a essa patologia. Na segunda parte, diferentes serviços foram convidados a expor a sua atuação, demonstrando as características próprias de cada equipe. 

A importância deste livro está fundamentada na possibilidade de fornecer ao profissional ou estudante, ensinamentos práticos que os levem a atender o paciente de forma segura, sem que a malformação se torne um obstáculo ou temeridade para o não atendimento desse paciente. 

A escolha dos temas dos capítulos e dos profissionais que os escreveram demonstra que as organizadoras estão conscientes das necessidades desses pacientes e de seus familiares. 

Quanto ao diagnóstico, focaliza-se a possibilidade deste ser realizado ainda durante o período gestacional e com acompanhamento psicológico para a família, o que sem dúvida minimiza o choque, que normalmente a malformação causa ao nascimento. A atuação com os bebês além de indicar a época para a realização das cirurgias reparadoras, enfatiza todos os cuidados que deverão ser tomados quanto à postura, higiene e intervenção multidisciplinar durante a alimentação. 

A ocorrência de diferentes síndromes genéticas que apresentam a fissura labiopalatina como uma de suas manifestações traz consigo um problema maior. Nessa situação, a atenção à malformação é muito diferente daquela exercida nas fissuras isoladas. Normalmente, quando há um problema genético, outras estruturas e funções também estão afetadas, o que faz desse paciente um indivíduo com múltiplos comprometimentos e necessitado de atenção multidisciplinar especializada. 

A estimulação de fala e linguagem deve ocorrer de forma eficiente para com esses pacientes, independente da realização dos procedimentos cirúrgicos. Por detrás desta afirmação existem vários mitos, que as organizadoras tomaram o cuidado de abordar, para evitar que a criança mesmo que sem a realização das cirurgias nos momentos adequados, deixe de ser estimulada para a comunicação. O cuidado com a função auditiva é de relevância, pois essas crianças costumam apresentar graves problemas e a presença do Otorrinolaringologista na equipe é imprescindível. 

O fato de diferentes equipes poderem apresentar sua atuação favorece o reconhecimento de cada instituição e a formação multidisciplinar que cada uma delas utiliza. 

Um novo livro sobre fissura labiopalatina é bem vindo. Neste caso, as organizadoras nos brindam com conhecimento teórico-prático necessário para o atendimento desses pacientes, mas também com a oportunidade para conhecer os diferentes centros e sua atuação. Esta forma de apresentação não é comum. Os serviços e autores se apresentam, sem que se conheçam os demais. 

A Fonoaudiologia ganha com esta nova maneira de apresentação e se cria uma oportunidade de se mesclar conhecimento entre os diferentes centros e aperfeiçoar o atendimento ao paciente com fissura labiopalatina. 

GUEDES, Zelita Caldeira Ferreira. Fissura labiopalatina: fundamentos para a prática fonoaudiológica. Rev. soc. bras. fonoaudiol. [online]. 2009, vol.14, n.1, pp. 150-150. ISSN 1516-8034