Postagem em destaque

Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

terça-feira, 11 de maio de 2010

Bico ajuda a acalmar a criança, mas pode trazer problemas


Acessório funciona como reflexo natural de sucção


Logo depois do nascimento de Eduarda, a funcionária pública Cristina Segala, 42 anos, chegou a chamar o bico de santo, já que o acessório ajudou a pequena a se acalmar depois de um acesso de choro. Dois anos e meio mais tarde, o bico entrou para a lista do maldito, com justificativa.

Há três meses, Cristina tenta que a filha largue a chupeta. Argumentos não faltam: “Teus dentes ficarão mais bonitos”, “Tu não precisas disso”, “O Papai Noel vai te trazer mais presentes”. Frases que não convencem a pequena.

Semana passada, Cristina quase conquistou a primeira vitória, utilizando o Bom Velhinho como mote, mesmo já tendo passado mais de mês da época natalina.

– Ela me disse que eu poderia deixar o bico para o Papai Noel. Saí para o trabalho, mas não o levei, deixei com a babá. Lá pelas tantas, minha filha começou a pedir pelo “bibi” e não teve jeito. Para não chorar, a babá deu. Por pouco, consegui – revela a mãe.

Mas não se apavorem, mamães e papais: a chupeta funciona como reflexo natural de sucção do bebê. Seu uso satisfaz necessidades não-nutritivas da criança.

– Com o bico, o recém-nascido sente uma maior sensibilidade oral. Não tem nada a ver com ele substituir a mãe – explica o pediatra Ricardo Sukiennik. – Se não houver o bico, há uma tendência natural de a criança usar outro objeto ou o próprio dedo. Essas manifestações de oralidade devem ser encaradas como normais. O que não deve ser estimulado são os excessos.

Por excessos, entendem-se crianças que passam dois ou três períodos do dia com a chupeta na boca. Aí reside o perigo. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o uso da mamadeira, bico ou chupeta prejudica a amamentação e sua utilização prolongada afeta a dentição e a fala da criança. Por esse motivo, desde 2002, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que os rótulos desses produtos contenham a advertência.

– A utilização do bico favorece a respiração pela boca. Por isso, pode haver alterações na musculatura facial e na forma dos ossos e dos dentes dos pequenos – adverte a fonoaudióloga Lisiane De Rosa Barbosa. – Algumas crianças também podem apresentar a fala infantilizada e dificuldade de produzir certos sons.

Segundo os especialistas, é recomendável que a partir do 18° mês do bebê, os pais comecem a retirada do acessório. A tarefa não é simples. Mas algumas dicas podem ajudar. Reduzir horários para o uso, não usar de artimanhas como colocar temperos fortes no bico, explicar que a utilização prolongada pode trazer prejuízos para os dentes e para a face da criança e, acima de tudo, ter muita calma e persistência.


ZH/MEU FILHO
Fonte: Lisiane De Rosa Barbosa, fonoaudióloga, e Ricardo Sukiennik, pediatra