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terça-feira, 24 de novembro de 2009

PRESBIACUSIA: O declínio do sistema auditivo no idoso



A audição humana é de extrema complexidade. Consideramos o sistema auditivo praticamente obrigatório uma vez que o temos em funcionamento durante 24 horas do dia, pois não fechamos nossas orelhas para dormir como fechamos nossos olhos. Ele faz parte de um sistema muito especializado de comunicação.


Dentro da Fonoaudiologia temos como especialidade a Audiologia, que estuda a audição e os sons. Através dos métodos diagnósticos podemos detectar e prevenir as perdas auditivas, restabelecendo o aumento da expectativa e qualidade de vida dos portadores de distúrbios de audição e zumbidos, assim como, de outros com as mais diversas etiologias localizadas no Sistema Nervoso Central.


A Presbiacusia é a perda auditiva em função da idade. Ela se manifesta por deterioração progressiva da audição. Consideram-se alguns processos patológicos do ouvido interno que determinam esta diminuição da audição. Entre eles se encontra a atrofia do órgão de córti, a perda de fibras nervosas, as alterações nos processos biofísicos ou bioquímicos e os distúrbios nos movimentos mecânicos do ducto coclear. Existem também os seguintes fatores: predisposições genética, meio ambiente, alimentação, patologias características da faixa etária (diabetes; hipertensão arterial, cardiopatias, doenças reumatológica e etc.). Esses fatores afetam seriamente a capacidade de discriminação das palavras articuladas, principalmente em reuniões sociais quando várias pessoas falam simultaneamente.


Não há um tratamento específico para restabelecer a normalidade da audição do indivíduo. Temos como meta tratar as possíveis causas que acentuam o processo de envelhecimento, e por este motivo é fundamental a reabilitação auditiva por meio do uso de prótese auditiva para se manter o convívio social e melhora na qualidade de vida.


A presbiacusia normalmente vem acompanhada por distúrbios da personalidade, irritabilidade, redução da capacidade de atenção e possível declínio das funções cognitivas próprias da idade. E como conseqüência, altera os estados físico e mental do idoso, contribuindo muito para o isolamento social, negativismo, frustração e depressão.


Tudo isto é acentuado na vida diária desses idosos, pelo fato de que as pessoas com quem convivem, perdem facilmente a paciência com eles. Elas não têm consciência de que a diminuição da audição é diferente da diminuição da visão, que é logo notada pelo uso dos óculos. Sem contar que o uso de uma prótese auditiva requer um investimento muito maior, e infelizmente, poucos têm condições financeiras de adquiri-la. Outra questão retrata o preconceito a respeito do uso deste aparelho. A maioria dos idosos prefere não “escutar” a usar algo em sua orelha, caracterizando desta forma seu envelhecimento.


Geralmente, todos nós temos por mau hábito falar com a cabeça baixa. E quando isso ocorre na relação com um idoso, que já apresenta um declínio em sua audição, é comum que ele nos peça para repetir. E aí surge aquela expressão: “você está surdo?!” Estes exemplos são clássicos no ambiente familiar, supermercados, ônibus, recepções e em qualquer outro local onde a comunicação se faz necessária.


O ser humano vive muito bem o presente, porém não respeita o futuro, tanto o dele quanto principalmente o do próximo. Seria bem mais fácil se nos colocássemos no lugar deste próximo, que já está neste futuro, e que a nós todos pertencerá de uma maneira ou de outra.


Márcia Cristina Farah
Fonoaudióloga - CRFa 7147 - RJ