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domingo, 16 de agosto de 2009

Avaliação da audição em bebês


Tão importante quanto o teste do pezinho (detecção neonatal de Fenilcetonúria-PKU), a triagem auditiva neonatal universal deveria fazer parte da rotina de todas as maternidades, pois a detecção precoce da deficiência auditiva ainda é a melhor maneira de garantirmos à criança com deficiência auditiva a oportunidade de ter uma linguagem verbal mais próxima da normalidade.
Com a detecção da deficiência auditiva após o segundo ano de vida, a criança perde, por causa de seu mundo silencioso, a fase mais importante da aquisição de linguagem e provavelmente terá dificuldades não só para se comunicar, mas também de inter-relacionamentos, já que vive num mundo de ouvintes.
Com base nos inúmeros benefícios do diagnóstico precoce da deficiência auditiva infantil, as Academias Americanas de Audiologia, Otorrinolaringologia e Pediatria reunidas no JOINT COMMITTEE ON INFANT HEARING recomendam a triagem auditiva neonatal universal por meio de Emissões Otoacústicas desde 1994.
O registro das Emissões Otoacústicas (EOAS) é o mais novo método para a detecção de alterações auditivas de origem coclear. Ao contrário da triagem auditiva comportamental (em que o examinador depende da resposta da criança), o método é objetivo, rápido, não invasivo e pode ser realizado em qualquer faixa etária, ressaltando-se sua aplicação em recém-nascidos.
"As emissões otoacústicas foram primeiramente observadas pelo inglês David Kemp, em 1978, o qual as definiu como liberação de energia sonora originada na cóclea, que se propaga pela orelha média, até alcançar o conduto auditivo externo (Kemp et al.,1986). Ele pôde demonstrar que as EOAS estão presentes em todos os ouvidos funcionalmente normais e que deixam de ser detectadas quando os limiares tonais estiverem acima de 20-30 dB.
O recente descobrimento dos EOAs contribuiu substancialmente para a formação de novo conceito sobre a função da cóclea, mostrando que esta não é só capaz de receber sons, mas também de produzir energia acústica (Probst, 1990)." (1)
Baseados nesses conhecimentos, a equipe de neonatologia de um Hospital Público de Santos (Maternidade Dr. Silvério Fontes), atenta a necessidade de garantir aos recém-nascidos não só condições clínicas adequadas mas também melhor qualidade de vida, implantou um programa de triagem auditiva neonatal por meio de Emissões Otoacústicas para avaliar audição de todos os bebês nascidos na maternidade.
O objetivo principal com a implantação do programa é identificar precocemente a deficiência auditiva para que as dificuldades possam ser minimizadas ou até eliminadas. Para isso, a equipe conta com serviços de Fonoaudiologia, Pediatria e Psicologia, que de acordo com a necessidade farão o encaminhamento a outros profissionais da rede de saúde visando o tratamento médico (com otorrinolaringologista) e terapia fonoaudiológica o mais breve possível.
Segundo o Joint Committee, citado anteriormente, os indicadores de risco para deficiência auditiva são os seguintes:
1. Apgar de 0-4 no 1º minuto ou 0-6 no 5º minuto;
2. História familiar de deficiência auditiva neuro-sensorial hereditária na infância;
3. Ventilação mecânica por 5 dias ou mais;
4. Infecções congênitas, tais como, citomegalovírus, rubéola, sífilis, herpes e toxoplasmose;
5. Peso no nascimento inferior a 1500g;
6. Meningite bacteriana;
7. Características de síndromes que possam incluir perdas auditivas condutivas ou neuro-sensoriais;
8. Hiperbilirrubinemia em um nível que indique exsanguíneo transfusão;
9. Anomalias crânio-faciais, incluindo aquelas com anormalidades morfológicas do pavilhão auricular e do canal auditivo;
10. Medicações ototóxicas, incluindo mas não se limitando aos aminoglicosídeos, quando utilizados em múltiplas doses ou em combinação com diuréticos.
Lembramos que segundo o Joint Committee, em aproximadamente 50% dos casos de deficiência auditiva a causa não é conhecida, motivo pelo qual a triagem auditiva deve ser universal (realizada em todos os recém-nascidos

Por Tania A. Lopes Cardoso
Fonoaudióloga