Segundo entrevistas coletadas pela mestranda Marilda Carneiro Santos, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a formação desses professores é bastante deficitária. Apenas 14% possuem nível universitário e 57% está com mais de 20 anos de magistério, sem estímulos no processo de ensino aprendizagem.
Entenda-se aqui, que distúrbios articulatórios são definidos como presença de erros na articulação da fala, em pessoas que apresentam patologia não comprometida pelo sistema nervoso central. Assim, pode ser considerada a omissão, substituição distorção ou acréscimo de sons na palavra falada.
Partindo dessas premissas, é fácil entender a preocupação da fonoaudióloga Deborah Azambuja sobre o tema, principalmente no que se refere à falta de conhecimento teórico-prático do professor. “Por desinformação, eles não conseguem perceber esse distúrbio de aprendizagem. Muitas vezes acreditam que o aluno seja preguiçoso”, afirma Deborah.
As consequências disso para a vida educativa e social da criança são mais do que sérias. Afinal, quanto mais se demora para diagnosticar esse tipo de distúrbio, mais difícil se torna a recuperação. Deve-se lembrar que a patologia é causada tanto por formação dentária ou muscular irregular, quanto por problemas emocionais sofridos pela criança.
Deborah acredita que parte da culpa deva recair nos cursos de licenciatura e magistério, que não possuem cadeiras específicas sobre o tema. “Deveria haver uma formação em comunicação, que não apenas informasse o futuro professor sobre essas distúrbios, mas linguagem em sala de aula, para aprimorar sua didática”.
A solução imaginada pela profissional, que dá palestras gratuitas em escolas públicas e particulares, é um acompanhamento de profissionais de saúde – sejam eles trazidos pelas escolas ou pelos próprios educadores. “Muitos professores não sabem sequer usar corretamente a própria voz. Outros, mesmo que saibam que seus alunos possuam alguma patologia, não sabem o que fazer”, explica.
E a curto prazo, este parece mesmo o caminho mais promissor. Tudo porque o Programa Nacional de Educação Especial (PNEE) não considera distúrbio de linguagem como uma das Necessidades Educacionais Especiais, congratuladas na Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20/12/96). Some-se a isso o fato de que a série Diretrizes não inclui um exemplar específico sobre o tema e a falta de estudos concernindo os distúrbios de fala no contexto escolar.