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sábado, 6 de junho de 2009

Falta de informação de professor atrasa progresso de aluno



Pesquisa realizada em seis escolas municipais de Feira de Santana, Bahia, pode ser considerada referência no que tange a compreensão de professores sobre distúrbios articulatórios de seus alunos. O estudo, iniciado em junho de 2000, identificou e analisou a prática pedagógica de professores da 1ª série de Ensino Fundamental, em classes que incluem crianças com distúrbios de fala. Os resultados não poderiam ser mais desastrosos.


Segundo entrevistas coletadas pela mestranda Marilda Carneiro Santos, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a formação desses professores é bastante deficitária. Apenas 14% possuem nível universitário e 57% está com mais de 20 anos de magistério, sem estímulos no processo de ensino aprendizagem.


Entenda-se aqui, que distúrbios articulatórios são definidos como presença de erros na articulação da fala, em pessoas que apresentam patologia não comprometida pelo sistema nervoso central. Assim, pode ser considerada a omissão, substituição distorção ou acréscimo de sons na palavra falada.


Partindo dessas premissas, é fácil entender a preocupação da fonoaudióloga Deborah Azambuja sobre o tema, principalmente no que se refere à falta de conhecimento teórico-prático do professor. “Por desinformação, eles não conseguem perceber esse distúrbio de aprendizagem. Muitas vezes acreditam que o aluno seja preguiçoso”, afirma Deborah.


As consequências disso para a vida educativa e social da criança são mais do que sérias. Afinal, quanto mais se demora para diagnosticar esse tipo de distúrbio, mais difícil se torna a recuperação. Deve-se lembrar que a patologia é causada tanto por formação dentária ou muscular irregular, quanto por problemas emocionais sofridos pela criança.


Deborah acredita que parte da culpa deva recair nos cursos de licenciatura e magistério, que não possuem cadeiras específicas sobre o tema. “Deveria haver uma formação em comunicação, que não apenas informasse o futuro professor sobre essas distúrbios, mas linguagem em sala de aula, para aprimorar sua didática”.


A solução imaginada pela profissional, que dá palestras gratuitas em escolas públicas e particulares, é um acompanhamento de profissionais de saúde – sejam eles trazidos pelas escolas ou pelos próprios educadores. “Muitos professores não sabem sequer usar corretamente a própria voz. Outros, mesmo que saibam que seus alunos possuam alguma patologia, não sabem o que fazer”, explica.


E a curto prazo, este parece mesmo o caminho mais promissor. Tudo porque o Programa Nacional de Educação Especial (PNEE) não considera distúrbio de linguagem como uma das Necessidades Educacionais Especiais, congratuladas na Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20/12/96). Some-se a isso o fato de que a série Diretrizes não inclui um exemplar específico sobre o tema e a falta de estudos concernindo os distúrbios de fala no contexto escolar.