Pesquisa realizada na Dinamarca com mais de um milhão de crianças
confirma tendência observada nos consultórios e em outros estudos. Pais devem
ser orientados por especialistas antes de tomar a decisão de engravidar
novamente
Uma pesquisa publicada este mês
no jornal científico JAMA Pediatrics traz um dado relevante para a comunidade
científica e para os pais de filhos autistas: irmãos mais novos de crianças já
diagnosticadas com transtornos do espectro têm cerca de sete vezes mais risco
de desenvolver autismo.
O estudo foi realizado com quase
1,5 milhão de crianças nascidas na Dinamarca de 1980 a 2004. Elas foram
identificadas e acompanhadas até o final de 2010. Depois, os pesquisadores
compararam as crianças que tinham um irmão mais velho diagnosticado com autismo
e as crianças cujos irmãos não apresentavam o transtorno.
A pesquisa também levou em
consideração os meio-irmãos e chegou ao seguinte resultado: os meio-irmãos por
parte de mãe tiveram 2,4 vezes mais risco de também apresentarem autismo e os
meio-irmãos por parte de pai tiveram 1,5 vezes mais chance. Na conclusão do
estudo, os autores afirmaram que a diferença de risco entre irmãos e
meio-irmãos confirma o papel da genética na ocorrência do autismo. Eles também
apontam que a chance maior entre meio-irmãos por parte de mãe pode representar
o papel dos fatores associados à gravidez e ao ambiente intra-uterino no
desenvolvimento do problema.
Segundo o psiquiatra infantil
Estevão Vadasz, coordenador do Projeto Autismo do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas (SP), o estudo dinamarquês corrobora dados mundiais.
“Vários países desenvolvidos já fizeram esse tipo de pesquisa. Estimamos que
quem já tem um filho autista tem chance de 8% a 10% de ter outro filho
autista”, afirma. A porcentagem é bem mais alta do que a estimativa para a
população em geral: 1% de pessoas apresentará transtornos do espectro autista.
Mas, na prática, se você é mãe ou
pai e já tem um filho diagnosticado, o que pode fazer? Segundo Estevão, os
casais devem passar por uma orientação genética. O médico responsável deve
apontar os riscos, mas a decisão final será do casal. O importante é que ela
seja tomada com consciência.
Caso decida engravidar novamente,
o casal deve submeter a criança a avaliação de psiquiatras desde os primeiros
meses para acompanhar seu desenvolvimento. Isso porque, quanto mais cedo é feito
o diagnóstico, mais cedo começam os tratamentos e melhor a perspectiva de
melhora do paciente.
Fonte: Revista Crescer
Por Marcela Bourroul
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