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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Bebês surdos devem aprender língua dos sinais nos primeiros meses de vida

Pais têm de interagir com brincadeiras e usar linguagem para socialização. Atividades buscam desenvolver habilidades visuais da criança.


O maior desafio para quem trabalha com crianças surdas é acreditar nos bebês como diferentes e não como deficientes. É assim que pensa a fonoaudióloga escolar Sandra Refina Leite, que trabalha na Escola para Crianças Surdas (ECS) Rio Branco, em São Paulo. Para Sandra, a melhor maneira de potencializar a produtividade e o desenvolvimento dos bebês é ensinar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) desde os primeiros dias de vida.

“Desde o momento em que os pais descobrem a surdez do bebê é importante procurar um especialista para que, além da própria criança poder aprender a língua dos sinais, eles também possam aprendê-la. É fundamental que a criança desenvolva habilidades visuais para se sentir incluída socialmente e quanto mais cedo ela iniciar o processo de educação, melhor”, diz. “Todos os nossos esforços são para que a criança aprenda da maneira mais natural possível”.

A especialista afirma que os pais não costumam aceitar a surdez do bebê em um primeiro momento. “Nossa sociedade não está preparada para a diferença, e isso se reflete também no comportamento dos pais dos bebês, que demoram um pouco a se acostumar. Ainda assim, o resultado vale muito a pena”, afirma Sandra. A fonoaudióloga diz que em seis meses de atividades o bebê já começa a reconhecer os sinais, mesmo que de maneira ainda não estruturada.

Em casa, é fundamental que os pais se comuniquem com o bebê por meio da linguagem de sinais. Sandra reafirma ainda a importância de brincar com a criança e contar histórias. “Aos pais cabe a tarefa de apresentar o mundo à criança, nomear pessoas e coisas, para que ela entenda a complexidade do mundo, e interagir sempre”, diz.

Surdez

O teste que identifica a surdez do bebê pode ser feito ainda na maternidade. As causas da deficiência podem ser muitas, mas as mais evidentes, segundo Sandra, são casos de meningite, rubéola e toxoplasmose da mãe durante a gravidez.

No processo educacional proposto pela ECS, o bebê participa de atividades educacionais até os 3 anos, para se familiarizar com a linguagem de sinais. A partir dos 3 anos, a criança é encaminhada para o ensino formal em uma turma formada apenas por surdos. Depois do quinto ano do ensino fundamental, a orientação é que o aluno seja encaminhado a uma escola tradicional, acompanhado de um intérprete.

“Propomos que o aluno fique em uma escola especial porque em todos os outros momentos do dia ele conviverá com pessoas ouvintes, dentro da própria família. A idéia não é isolar o aluno, mas ensiná-lo a agir como uma pessoa diferente, mas participante quando for exposto a qualquer situação com ouvintes”, afirma.

Fonte: G1

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Diagnóstico da Surdez no Brasil ainda é tardio

Quando a surdez é diagnosticada precocemente e o tratamento logo iniciado, a recuperação pode criar um quadro próximo ao de um ouvinte.


No Brasil, porém, a idade média de diagnóstico é de quatro anos, considerada muito tardia pelos médicos. Os pais devem observar se há atraso de fala ou linguagem para detectar a surdez. Aos sete meses de vida, o bebê já deve imitar alguns sons. Com um ano, ele deve falar cerca de dez palavras e, com dois anos, precisa ter um vocabulário em torno de cem palavras.

A audição começa a se desenvolver a partir do quinto mês de gestação e se intensifica nos primeiros meses de vida. A surdez tem vários motivos e pode acontecer em diferentes fases. Nos bebês, do primeiro ao 28.º dia, os maiores fatores de risco são: histórico familiar; infecção intrauterina, provocada por rubéola, sífilis, herpes genital, toxoplasmose ou citomegalovírus; anomalias crânio-faciais, que afetam a orelha e o canal auditivo; peso inferior a 1,5 quilo ao nascer; hiperbilirubinemia, doença que acontece 24 horas depois do parto, quando o bebê fica todo amarelo por causa do aumento de uma substância chamada bilirubina; medicação ototóxica, que está relacionada com o uso de antibióticos que podem afetar o ouvido interno; meningite bacteriana; ventilação mecânica em UTI Neonatal por mais de cinco dias, quando o bebê teve de ficar entubado por não conseguir respirar sozinho; e em síndromes neurológicas, como de Down ou de Waldemburg.

Nas crianças até dois anos, a surdez pode ser causada por meningite bacteriana ou virótica (a maior causa de surdez no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Educação para Surdos); trauma na cabeça associada à perda de consciência ou fratura craniana; medicação ototóxica; e infecção de ouvido persistente ou com duração por mais de três meses.

Os adultos precisam tomar cuidados, pois nessa fase também é possível ficar surdo. Além dos fatores relacionados às crianças, o uso continuado de aparelhos de som com fone de ouvido, trabalho em ambiente de alto nível de poluição sonora e infecção constante no ouvido podem causar surdez.

Assim como em outras deficiências, o surdo ainda não está incluso na sociedade. É difícil chegar em algum lugar sozinho, onde não há pessoas que sabem a Língua Brasileira de Sinais (Libras), e tentar se fazer entender. "A dificuldade é muito grande, pois a sociedade gira em torno da comunicação", avalia Cristianne Bara Mattei, diretora da escola especializada da Associação de Pais e Amigos do Surdo (Apas), criada em 1968. "O surdo ainda é muito dependente do ouvinte para tudo, por mais que a língua de sinais seja difundida. Todo mundo sabe que existe, mas poucos sabem aplicá-la", comenta.

Isso acontece porque o surdo não encontra lugares que disponibilizam intérprete de Libras, seja em locais públicos, lojas, ônibus, hospitais. "Há uma lei que obriga os órgãos públicos a ter uma pessoa com conhecimento de Libras. Mas não há estrutura para isso, deixando de ser colocada em prática", aponta Cristianne.


Fonte: Paraná OnLine