Nunca é cedo demais para começar
o incentivo à leitura. Mas só vale mesmo se for algo feito junto,
despretensiosamente e com prazer
Uma das perguntas mais frequentes
que os pais fazem à CRESCER, quando o assunto é incentivo à leitura com bebês,
é: “Mas que tipo de livro eu posso ler para ele?”. Querem saber se valem
histórias compridas, se os contos de fadas já são adequados... Afinal, ele vai
entender ou não o que estamos contando? Para responder, há uma frase que soa
quase como um tabu. Para um bebê até por volta de 1 ano, não importa o conteúdo
da história. Ele pode até não compreender o dilema da princesa, quantos animais
estão na fazenda ou dimensionar o tamanho da floresta: mas já sente o prazer em
escutar.
A partir daí, há uma troca
importante: a interação ente adulto e bebê. É por meio da modulação de seu tom
de voz, da interpretação que você está dando à história que seu bebê vai
conhecer o mundo. Assim também nasce a aquisição da linguagem e a construção do
pensamento. A experiência, então, fica na memória. “O bebê reúne a maneira de
falar da mãe e essa informação sensorial vai criando o que chamamos de ‘marcas’
no cérebro dele”, diz a fonoaudióloga Erika Parlato-Oliveira,
professora-adjunta da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG) e diretora científica do Instituto Langage, ONG sediada em São Paulo que trabalha
questões relacionadas à linguagem. E como isso faz parte do desenvolvimento,
deve acontecer da maneira mais natural possível. “Não precisa ficar mostrando
as palavras isoladas para a criança. No mundo não é assim, a gente não aprende
assim e nem seria interessante para ninguém”, afirma a psicóloga Ana Carolina
Carvalho, que trabalha há 11 anos com formação de educadores em incentivo à
leitura.
As ilustrações – e aprender a
lê-las – são fundamentais nesse incentivo. E não estamos falando apenas dos
livros-brinquedos (que têm mesmo mais a função de brincar com a criança), mas
da sensibilização da criança a essa arte, inclusive. Chamam mais atenção as
ilustrações grandes, muito coloridas ou edições com formatos diferentes, por
exemplo. “Mas deve-se oferecer livros com ilustrações bem trabalhadas, que não
sejam óbvias, vão além da história e, sobretudo, sem estereótipos”, afirma Ana
Carolina. “Também na leitura das imagens não devemos nunca menosprezar a
capacidade da criança.”
O QUE LER, COMO LER
Poesias, histórias de repetição,
tudo que envolva mais musicalidade ou puxe sua garra por contar uma história
está valendo. “As diferentes formas de leitura, as pausas, o virar das páginas,
a mudança de um parágrafo, ensinam o bebê a lidar com os momentos de silêncio
mas que são em sua maioria cheios de sentidos. Bebês adoram brincar de
esconder, é um meio de elaborar as ausências. Quando adquirem a destreza
motora, adoram virar as páginas e descobrir o que virá e o que se foi”, diz
Karina Bonalume, psicóloga com especialização em clínica interdisciplinar com
bebês, pela PUC-SP. Portanto, não espere nem mais um minuto e divirta-se!
E NA PRÁTICA...
- Na hora de apresentar um livro,
escolha histórias curtas, mas que tenham um enredo que você também goste
- Prepare o ambiente, coloque o
bebê no colo e conte a história sem pressa
- Bebês adoram histórias com
repetição, grandes ilustrações, poemas e brincadeiras com palavras
- Embora conheçam tudo com as
mãos e a boca, não quer dizer que só precise ser de plástico para não estragar.
Vá, aos poucos, ensinando que livro não se põe na boca, não se rabisca, nem
rasga...
Por Cristiane Rogerio e Marina Vidigal
Fonte: Site Crescer
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