As novas tecnologias e formas de comunicação estão isolando as crianças
nos mundos virtuais e com isso estão sendo formadas gerações narcisistas e
despreparadas para o convívio social no mundo real.
Quem tem mais de 25 anos talvez
tenha notado o quanto sua infância foi bem diferente da de hoje. Brincadeiras
comuns daquela época, como pega-pega, queimada ou qualquer atividade coletiva
saíram de moda. A tecnologia contribuiu radicalmente para a mudança no
comportamento infantil. O que se vê hoje é uma legião de crianças isoladas em
seus “mundinhos”, entretidas com aplicativos eletrônicos e desinteressadas
pelas coisas reais.
O norte-americano Jim Taylor, PhD
em psicologia, é um crítico ferrenho da influência tecnológica no mundo
infantil. Ele analisou a relação criança x tecnologia e lista os prejuízos
causados pelo excesso de tecnologia nos primeiros anos de vida do pequeno.
Uma das constatações do médico: a
geração atual de criança está menos altruísta. Ou seja: menos preocupada em
ajudar ou oferecer coisas boas ao próximo (altruísmo). Simples: o profissional
constatou que as crianças atuais ficam conectadas por horas no computador, no
videogame, celular e outros aplicativos, deixando de lado interesses de
terceiros.
As crianças também estão deixando
de desenvolver a empatia, instrumento fundamental para a construção de amizades
e confiança.
“A tecnologia parece estar
minando o desenvolvimento das crianças nesses relacionamentos fundamentais
nesta fase de vida. Tem havido aumento grande no narcisismo e declínio na
empatia entre os jovens. Embora não podemos atribuir uma relação direta com a
tecnologia, é nítido que o surgimento de novas mídias e o maior alcance junto à
cultura popular trouxeram prejuízos”, relata Jim Taylor.
Quando a criança está entretida
com seus joguinhos eletrônicos, ela não quer saber o que acontece ao seu redor,
sendo indiferente aos assuntos de casa. Uma cena comum em recreio de colégios
nos tempos atuais é a de várias crianças em silêncio, sentadas uma ao lado da
outra, sem qualquer interação, mexendo rapidamente os dedos diante de pequenas
telas.
Uma criança que não desenvolve a
relação interpessoal pode se tornar um indivíduo inseguro e despreparado para
enfrentar pressões, provocações e situações adversas.
O distanciamento de atividades
físicas também aumenta o risco de obesidade.
Como enfrentar esse problema real
(e virtual) - Não há como vetar a tecnologia ou querer que tudo volte como era
25 anos atrás. A tecnologia existe e pode ser benéfica caso seja bem usada. A
questão é como evitar que seu filho também se torne um refém de aplicativos
eletrônicos.
Estabeleça limites SEMPRE. A
criança precisa saber que existe regras e horários para uso. Evite facilitar o
manuseio de aparelhos tecnológicos. Não leve à mão da criança cada tecnologia
nova lançada. Estimule a prática de exercícios físicos. Lembre-se que os filhos
veem os pais como seus ídolos e heróis.
É cada vez mais comum pais
ligarem o laptop com desenhos infantis em frente ao bebê enquanto fazem
refeição "em paz" por alguns minutos. O pequeno fica hipnotizado,
imóvel, dentro do carrinho de bebê enquanto assiste ao desenho. Perguntas: vale
introduzir a eletrônica tão cedo na vida do filho? Será que não há um
passatempo mais comunicativo e interessante para apresentar? Você se sentirá
culpado caso seu filho anos mais tarde venha a ficar horas à frente da TV como
foi ensinado logo quando ele era pequenininho?
É importante frisar que as
crianças da nova geração são vítimas e não vilãs. Cabe aos pais impedir que seu
filho seja uma pessoa que só funciona quando está “plugada”. Pense duas vezes
antes de entupir seus filhos de joguinhos e coisas do gênero. Reúna força para
dizer “não” e invista no oferecimento de práticas mais saudáveis e humanas.
Por Bruno Rodrigues
Fonte: Site Guia do bebê
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