Estudo realizado na Universidade da Califórnia comparou transcrições de diálogos comuns que as pessoas têm com os pequenos e a mesma quantidade de textos retirados de livros infantis
Se
você já sabia que ler
para o seu filho desde
muito cedo é importante, agora, tem mais um motivo para continuar
separando um tempo na rotina para essa atividade. Além de todos os
benefícios que a leitura traz para o desenvolvimento e para
o vínculo,
pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos,
chegaram à conclusão de que a
leitura dá acesso a 70% mais palavras do que as conversas que pais e
mães costumam ter com a criança.
“O
ponto principal é que, claramente, há mais palavras únicas no
texto de livros
de imagens do
que em um discurso direcionado a uma criança. Acho que o principal
benefício dos livros é que eles introduzem novos assuntos e novas
palavras que, geralmente, ficam de fora do escopo da rotina de uma
criança”, explica Jessica Montag, uma das responsáveis pelo
estudo.
Silvana
Augusto, educadora e pesquisadora em Educação Infantil, concorda.
“Apesar de ser a mesma língua, a leitura tem
uma linguagem que não é igual a da fala.
Ela amplia as possibilidades e possibilita um avanço na capacidade
de representação da criança, quando ela quer se expressar”,
explica.
Desde
cedo
Há
quem pense que é bobagem ler
para um bebê desde
cedo, já que ele “não vai entender nada mesmo”. Nada disso! Ler
para uma criança nos primeiros meses de vida faz diferença, sim.
“Eles podem não entender o conteúdo da história, mas compreendem
o ritmo, a maneira como a mãe e o pai falam quando estão lendo um
texto”, diz Silvana. Duvida? Preste atenção no rosto de um bebê
enquanto a mãe conversa com ele. Depois, veja como a expressão dele
muda quando ela lê um livro. “Eles percebem a mudança, arregalam
os olhos, sorriem, tentam...”, descreve a especialista.
Mágica
e curiosidade
Além
de ampliar o vocabulário e de favorecer o desenvolvimento, ajudando
os bebês a perceberem diferenças no comportamento e na maneira de
falar quando alguém lê, o contato com a literatura também conta no
desenvolvimento da escolaridade. “Para uma criança, a estabilidade
da escrita é quase uma mágica. Eles pensam: ‘Como é que quando a
minha mãe pega esse livro, ela conta essa história de um jeito e,
aí, minha professora pega o mesmo livro e conta a mesma história,
do mesmo jeito?’ Para as crianças, é um mistério - e isso
desperta a curiosidade e a vontade de entender como aquilo funciona,
ou seja, o desejo de aprender a ler e a escrever, mais tarde”,
explica a educadora.
Quando
a TV substitui a leitura
Se
os livros oferecem o contato com palavras diferentes, que não são
tão usadas no cotidiano, a televisão, os smartphones e os tablets
também podem cumprir esse papel, certo? Sim e não. Ao assistir a um
desenho animado, por exemplo, a criança também pode aprender
palavras novas. No entanto, nenhum desses aparelhos substitui a
leitura. “Podem até ser complementares, mas o modo de expressão,
com os livros, é diferente”, afirma Silvana.
Enquanto
com a televisão, as crianças são passivas, apenas espectadoras,
com a leitura, há uma interação. Os pequenos ficam em contato com
o autor, que é contador daquela história, mas isso é intermediado
por alguém, que pode ser o pai, a mãe, o professor... “É um
momento de qualidade e contato”, resume a especialista.
De
leitor a contador
Outro
impacto interessante que a leitura traz para as crianças é que o
contato com esse ritmo específico, com um universo maior de palavras
e com as narrativas permite que elas se tornem contadoras de
histórias mais tarde. “A criança vai de passiva, quando só ouve
a leitura, à ativa, quando ela mesma é quem começa a contar o que
quiser”, afirma Silvana. Essa atitude, além de ser positiva para a
socialização, ainda estimula diversos pontos. “Para contar uma
história, é preciso acessar a memória, ativar a representação,
encontrar palavras. Tudo isso estimula também a autonomia,
desde muito cedo”, diz a especialista.
Questão
de vínculo
Ler
com os filhos estimula a imaginação, oferece esse contato com
palavras incomuns e ainda favorece o vínculo com
os pais. A atividade pode ser feita desde que a criança é apenas um
bebê, mesmo que ele ainda não compreenda o conteúdo, e não tem
idade para acabar. Ainda que seu filho já tenha desenvolvido a
habilidade de ler sozinho, muitas vezes, aquele momento de leitura
com a mãe ou com o pai pode ser um momento desfrutado em família,
com aconchego e contato. As histórias podem aproximar e inspirar
diálogos sobre novos assuntos. Ler
não tem idade!
Por
Vanessa Lima
Fonte:
Crescer
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