Explicar o que está acontecendo e até descrever objetos contribui com a habilidade da fala
Se
você adora conversar com o seu bebê sobre o que está vendo,
mostrar um objeto, descrever as cores de um brinquedo, ensinar o nome
das coisas, mesmo acreditando que ele não consiga entender
plenamente o que diz, você está fazendo um benefício enorme para o
seu filho.
Um
estudo publicado no Journal of Psychological Science, dos Estados
Unidos, mostrou que bebês
que convivem com pais que conversam diretamente com eles desenvolvem
mais rapidamente a habilidade de se comunicar.
Para a análise, feita com 29 crianças de 19 meses, foram usados
gravadores registrando os sons da casa e da conversa dos pais com os
filhos.
Depois
de 5 meses, os pesquisadores aplicaram um teste oral. As crianças
que receberam mais estímulos por parte dos pais desenvolveram um
vocabulário muito maior do que os bebês que não tinham esse hábito
em casa.
Apesar
de pequena, a pesquisa comprova a importância da interação desde
cedo. A pediatra Amira Consuelo de Melo Figueiras, do Departamento de
Pediatria do Comportamento e Desenvolvimento da Sociedade Brasileira
de Pediatria (SBP), explica que os estímulos como um todo são
importantes para o aprendizado da criança. “O tom de voz da mãe e
do pai, assim como as mudanças no timbre (grave e agudo), são de
extrema importância. Além de chamar a atenção das crianças, há
entonações que podem até acalmá-las", diz. No entanto, nada
de falar errado querendo imitar criança. O seu filho precisa
aprender as palavras corretamente desde sempre.
Amira
alerta, no entanto, que, apesar do estímulo dos pais ser papel
importante para o desenvolvimento da fala dos filhos, há outros
fatores fundamentais nesse processo: "O ambiente, a genética, e
até a integridade física complementam o estímulo da habilidade
para a fala”, conclui.
Veja
como você pode, no dia a dia, ajudar o seu filho nessa etapa de
desenvolvimento
Narre
o mundo
O
conceito pode parecer estranho, mas na prática é muito simples.
Converse com o seu bebê sobre aquilo que o rodeia. Na hora de trocar
a fralda, por exemplo, vá nomeando suas ações: “vou limpar seu
bumbum, vamos colocar uma fralda limpinha, você vai ficar cheiroso”.
Durante um passeio no parque, apresente as árvores, a grama, os
passarinhos. Apontar, como explicado na pesquisa, também é um ótimo
recurso porque dá forma às palavras. A criança associa o som ao
objeto e fica muito mais fácil decorar o nome dele.
Atenção
ao tom de voz
Quando
falamos, colocamos sempre uma entonação em nossa voz, que pode
significar dor, alegria, tristeza... Não tenha medo de se expressar
na frente do seu filho, porque isso vai o ajudar a decodificar as
emoções.
Dê
atenção e espaço para o bebê
Passar
um tempo se dedicando integralmente à criança é importante para
criar um ambiente emocional saudável e também para perceber o que
ela tem a dizer, mesmo que não o faça com palavras. Dê espaço
para a criança demonstrar seus sentimentos e suas vontades. Ou seja,
você não precisa ficar falando sem parar na frente do seu filho
achando que assim ele vai começar a falar mais cedo. Dar espaço
para o silêncio também é importante – ele também é uma forma
de comunicação.
Cante.
Sem medo de desafinar
Além
de conversar, cantar pra criança é essencial. A sonorização, a
rima e o ato de cantar transformam a fala em brincadeira, e isso
comprovadamente ajuda o desenvolvimento da linguagem, do vocabulário
e facilita o período de alfabetização. Outro ponto forte das
músicas são os refrões porque a repetição prende a atenção das
crianças. Permita que seu filho conviva com diferentes sons e
melodias. “Muita gente entra naquela discussão de direitos
humanos, que ‘atirei o pau no gato’ passa uma mensagem de
violência, mas nos primeiros anos para a criança o que importa é a
sonoridade”, diz a pedagoga Eliana Santos, diretora pedagógica do
Colégio Global (SP).
Leia
histórias e poesias
As
histórias, além do estímulo que representam à imaginação,
aumentam o vocabulário e a curiosidade sobre a linguagem. Os poemas,
assim como as músicas, têm ritmo e sonoridade bem acentuados.
Comece com os textos de rimas diretas e, aos poucos, vá
sofisticando. Vale lembrar que a leitura não pode ser mecânica.
Coloque emoção e pontue cada frase.
Explore
sinônimos
Quando
seu filho perguntar “qual é o nome disso?”, não se contente em
dar uma só resposta. Claro que nem todos os sinônimos ela vai
memorizar imediatamente, mas no dia a dia procure variar o jeito como
você define as coisas. Eliana dá um exemplo divertido que usava em
sua própria casa: “Eu falava para lavar as nádegas em vez de
bumbum. Aos poucos, a criança vai enriquecendo seu vocabulário.”
Permita
a convivência
Conviver
com outras crianças é importante. “Quando uma criança convive
com a outra, ela observa muito e repete. Essa troca enriquece sua
experiência”, afirma Eliana.
Criança
aprende brincando
É
isso mesmo. Nada de transformar o aprendizado da criança em algo
mecânico. Se a criança está se divertindo e fazendo determinada
atividade com prazer, ela aprende muito mais rápido. A dica aqui é:
entre pela porta que ela abre para você. Ou seja, se ela se mostrou
interessada por um livro específico, em vez de forçar a leitura de
outro, ajude-a a explorá-lo. Se ela está tímida, não a obrigue a
ficar no colo de todos os parentes da festa. E nada de desespero: se
você prestar um pouquinho de atenção, vai identificar a vontade do
seu filho em determinado momento.
Fonte:
Site Revista Crescer
Por
Nathalia Bianco Louro
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