Gengibre, conhaque, limão com mel
e outros recursos não passam de mitos no tratamento da dor
Quem sabe usar a voz em
diferentes situações só tem a ganhar - um tom mais firme e seguro ajuda um
chefe a manter a sua postura, por exemplo, enquanto um tom mais carinhoso e
sedutor pode fazer diferença na hora de agradar o parceiro. "Mas de nada
adianta trabalhar essa comunicação se cuidados com as pregas vocais não forem
mantidos diariamente", lembra a fonoaudióloga Marta Andrada, chefe do
Departamento de Distúrbios da Comunicação da Faculdade Santa Casa.
Beber água, articular bem a boca
ao falar e evitar refluxo gástrico são alguns dos cuidados fundamentais. Já limão
com mel e outras receitas caseiras não são uma boa alternativa para acabar com
a rouquidão e a dor de garganta - na verdade, podem até provocar o efeito
contrário ao desejado. Elimine os erros a seguir que podem prejudicar a saúde
da sua.
Mito: para projetar a voz, é só falar alto
Projetar a voz depende de
técnica, enquanto falar alto pode ser prejudicial à saúde vocal e te deixar
rouco. "Uma voz projetada e forte depende de um bom aporte pulmonar e de
articulação ampla e precisa dos sons", explica a fonoaudióloga Maria Lucia
Dragone, Coordenadora do Departamento de Voz da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia
(SBFa). Treinamentos e técnicas oferecidas por um fonoaudiólogo podem auxiliar
no desenvolvimento dessas funções.
Mito: quando estamos roucos, o melhor é sussurrar
Jamais! Segundo a fonoaudióloga
Anna Alice Almeida, da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, o sussurro pode
provocar tensão da laringe na tentativa de bloquear a passagem do som. "Na
rouquidão ou afonia, poupe a voz - usando-a somente quando necessário -,
procure articular bem as palavras e hidrate-se", recomenda. A ingestão de
goles de água ao longo do dia faz muita diferença.
Mito: é normal um professor ficar rouco ou cansado sempre
Não importa se a pessoa usa muito
a voz na profissão - ficar rouco com frequência é um problema que precisa de
atenção. "A rouquidão exige um esforço a mais para falar, porque a corda
vocal está 'pesada', lesionada, e causa desgaste", explica a fonoaudióloga
Marta. Essa lesão também pode indicar doenças, como câncer de laringe, ou mesmo
ser indício de que a pessoa faz força demais para falar - o que não é
necessário. Por isso, se a sua rouquidão persistir por mais de 15 dias, procure
um médico ou fonoaudiólogo para verificar se há algum problema.
Mito: pastilhas, sprays e balas de hortelã ou gengibre ajudam a manter
a voz saudável
Segundo a fonoaudióloga Marcia
Menezes, professora da Universidade de Guarulhos, essas soluções dão uma
sensação de conforto temporário. "Na maioria das vezes, possuem
componentes anestésicos que só camuflam o sintoma da disfonia (distúrbio da
voz)", explica. Passado o efeito de anestesiar a dor, a inflamação e a
rouquidão continuam. "Sprays devem ser usados, portanto, apenas quando
prescritos pelo médico e em casos específicos, como de inflamações das vias
aéreas", recomenda a fonoaudióloga Maíra Padilha, também da SBFa.
Mito: mel e limão e vinagre e sal são boas soluções caseiras para a voz
As fonoaudiólogas são unânimes:
não há comprovação científica de que essas alternativas realmente beneficiam a
voz. Na verdade, essas combinações devem ser evitadas. A fonoaudióloga Maria
Lúcia conta que apenas o mel, consumido sozinho, pode ser um lubrificante da
garganta, da faringe e da boca. "Mas o limão, o vinagre e o sal ressecam
as mucosas e não devem ser usados com objetivos vocais", alerta.
Mito: café e chá preto deixam a voz mais limpa
Marcia Menezes conta que essas
bebidas costumam agredir o estômago. "Como muitas vezes as disfonias estão
relacionadas a quadros de refluxo, que irritam a laringe, o café e o chá preto
indiretamente podem não fazer bem à voz", explica. A fonoaudióloga Marta
também lembra que esses líquidos devem ser evitados, principalmente, por
cantores e atores: "Bebidas quentes podem ser vasodilatadoras, ou seja,
dilatam os vasos sanguíneos e provocam edemas, inchaços nas pregas vocais que
favorecem apenas os tons graves, prejudicando os agudos".
Mito: tomar goles de bebida alcoólica ajuda a aquecer a voz
A ingestão ou gargarejo de
conhaque, uísque ou qualquer outra bebida com álcool irrita os tecidos da laringe
e reduz a sua sensibilidade, causando a ação imediata de anestesia. "Desse
modo, a pessoa não sente o esforço e pode cometer um abuso vocal, acreditando
erroneamente estar falando ou cantando melhor", conta Anna Alice Almeida.
O resultado desse exagero é um desgaste ainda maior da voz, com lesões,
inflamação, dores e rouquidão.
Mito: quando há secreção na garganta atrapalhando a voz, é melhor
pigarrear
Pigarrear faz com que ocorra um
forte atrito entre as pregas vocais, ou seja, uma batida forte entre as
"cordas vocais". "Quando esse efeito é constante, pode não só
prejudicar a saúde vocal como contribuir para o aparecimento de lesões nas
pregas, pois o atrito provoca irritação e descamação do tecido", alerta a
fonoaudióloga Maria Lúcia. Para limpar e acabar com a secreção, a melhor forma
é seguir o tratamento recomendado pelo médico e beber pequenos goles de água a
cada 15 minutos.
Site: Minha Vida
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