Dentro da Fonoaudiologia temos como especialidade a Audiologia, que estuda a audição e os sons. Através dos métodos diagnósticos podemos detectar e prevenir as perdas auditivas, restabelecendo o aumento da expectativa e qualidade de vida dos portadores de distúrbios de audição e zumbidos, assim como, de outros com as mais diversas etiologias localizadas no Sistema Nervoso Central.
A Presbiacusia é a perda auditiva em função da idade. Ela se manifesta por deterioração progressiva da audição. Consideram-se alguns processos patológicos do ouvido interno que determinam esta diminuição da audição. Entre eles se encontra a atrofia do órgão de córti, a perda de fibras nervosas, as alterações nos processos biofísicos ou bioquímicos e os distúrbios nos movimentos mecânicos do ducto coclear. Existem também os seguintes fatores: predisposições genética, meio ambiente, alimentação, patologias características da faixa etária (diabetes; hipertensão arterial, cardiopatias, doenças reumatológica e etc.). Esses fatores afetam seriamente a capacidade de discriminação das palavras articuladas, principalmente em reuniões sociais quando várias pessoas falam simultaneamente.
Não há um tratamento específico para restabelecer a normalidade da audição do indivíduo. Temos como meta tratar as possíveis causas que acentuam o processo de envelhecimento, e por este motivo é fundamental a reabilitação auditiva por meio do uso de prótese auditiva para se manter o convívio social e melhora na qualidade de vida.
A presbiacusia normalmente vem acompanhada por distúrbios da personalidade, irritabilidade, redução da capacidade de atenção e possível declínio das funções cognitivas próprias da idade. E como conseqüência, altera os estados físico e mental do idoso, contribuindo muito para o isolamento social, negativismo, frustração e depressão.
Tudo isto é acentuado na vida diária desses idosos, pelo fato de que as pessoas com quem convivem, perdem facilmente a paciência com eles. Elas não têm consciência de que a diminuição da audição é diferente da diminuição da visão, que é logo notada pelo uso dos óculos. Sem contar que o uso de uma prótese auditiva requer um investimento muito maior, e infelizmente, poucos têm condições financeiras de adquiri-la. Outra questão retrata o preconceito a respeito do uso deste aparelho. A maioria dos idosos prefere não “escutar” a usar algo em sua orelha, caracterizando desta forma seu envelhecimento.
Geralmente, todos nós temos por mau hábito falar com a cabeça baixa. E quando isso ocorre na relação com um idoso, que já apresenta um declínio em sua audição, é comum que ele nos peça para repetir. E aí surge aquela expressão: “você está surdo?!” Estes exemplos são clássicos no ambiente familiar, supermercados, ônibus, recepções e em qualquer outro local onde a comunicação se faz necessária.
O ser humano vive muito bem o presente, porém não respeita o futuro, tanto o dele quanto principalmente o do próximo. Seria bem mais fácil se nos colocássemos no lugar deste próximo, que já está neste futuro, e que a nós todos pertencerá de uma maneira ou de outra.
Márcia Cristina Farah
Fonoaudióloga - CRFa 7147 - RJ