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Linguagem: quando é preciso consultar um fonoaudiólogo?

Especialistas explicam quais sinais indicam atrasos na fala A maior parte das crianças começa a falar por volta dos 12 meses....

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Seu filho tem problemas com leitura?


Seu(a) filho(a) tem problemas com leitura? Tem dificuldade em memorizar e compreender o que lê? Queixa de dores de cabeça, cansaço ou outros sintomas físicos quando está diante de algum texto? Omite ou “salta” palavras quando lê? Então, ele pode ter um tipo específico de distúrbio do processamento perceptual, que é chamado Síndrome de Sensibilidade Escotópica (SEE), Sídrome de Irlen ou Dislexia de Leitura.

As pessoas que apresentam tal síndrome relatam que a luminosidade, o contraste, o tamanho da impressão, o trabalho e o esforço de compreensão afetam negativamente o desempenho na leitura, bem como na realização de outras tarefas (por se tratar de uma distorção visual). Essa síndrome pode ou não estar associada a outras dificuldades de aprendizagem tais como: Déficit de atenção e Hiperatividade, problemas comportamentais e emocionais, sensibilidade à luz (fotofobia), dislexia, certas condições visuais médicas, entre outras.

A Dislexia de Leitura afeta pessoas de todas as idades e está relacionada a uma desorganização no processamento cerebral das informações pelo sistema visual. O esforço despendido no processamento das informações visuais torna a leitura mais lenta e segmentada, o que compromete a cognição e a memorização. Atenção, motivação, concentração e desempenho também são afetados.

O diagnóstico é feito por profissionais devidamente capacitados e autorizados para tal avaliação. O método utilizado é a Escala Perceptual de Leitura Irlen (EPLI) que, identifica e avalia os níveis em que os indivíduos cuja vida acadêmica tem sido dificultada pela síndrome de Irlen e conscientiza o cliente de suas condições.

O tratamento é feito com as Lâminas Seletivas; estas são colocadas sobre os textos com o objetivo de proporcionar conforto, nitidez, estabilidade e fluência durante a leitura. Além disso, as lâminas oferecem uma melhora na compreensão, manutenção da atenção à leitura por tempo mais prolongado e na memória a curto e longo prazo. Visa, desta forma, reduzir o stress visual e suas repercussões no processamento cerebral da informação visual causado pela Dislexia de Leitura.

Por Luciana de Castro
Pedagoga e Psicopedagoga clínica e institucional
Fonte Saúde BH.com

Entenda a Síndrome de Irlen - Jornal Hoje em Dia - Record - 23/03/2011

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Gagos pagam meia tarifa de celular em Mato Grosso do Sul

Lei estadual vale para quem tem “distúrbios na fluência e temporalização da fala”


Operadoras de telefonia estão questionando na Justiça uma lei estadual do Mato Grosso de Sul que prevê desconto de 50% na tarifa de celular para gagos. De acordo com a legislação, válida desde 2009, o desconto inusitado é voltado aos cidadãos “portadores de distúrbios na fluência e temporalização da fala”.

O pagamento da metade da conta de celular foi reivindicado porque os consumidores com dificuldade de conversação levam mais tempo para comunicar o mesmo que as demais pessoas. Para derrubar o benefício, as empresas alegam dificuldade de fiscalização.

Do outro lado, os representantes pró “Lei do Gago”, como a legislação ficou conhecida, afirmam que o método de avaliação para concessão do desconto está previsto de forma clara nas normas.

O texto prevê ainda que a meia tarifa de celular é válida para quem “apresentar avaliação efetuada por fonoaudiólogo especializado em fluência, comprovando a sua condição”.

A lei também obriga as empresas a instalarem nos telefones “bloqueadores visando a não utilização indevida”. Porém, as operadoras afirmam que esse tipo de bloqueio é impossível de fazer.

Segundo dados da Associação Brasileira de Gagueira, que apoia a legislação, no Brasil há 2 milhões de gagos, sendo 20 mil deles em Mato Grosso do Sul. A entidade esclarece, em sua página na internet, que esse tipo de distúrbio na fala é um sintoma, e não uma doença.

Fonte: r7.com

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Boletins alertam para saúde do trabalhador




Já estão disponíveis para download na Biblioteca Multimídia da ENSP as três últimas edições dos boletins Fonoaudiologia na saúde do trabalhador, elaborados pelo Serviço de Audiologia Ocupacional da ENSP e pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Estado do Rio de Janeiro (Cerest/Sesdec-RJ). Os materiais abordam os temas 'Vigilância em saúde do trabalhador', 'A disfonia relacionada ao trabalho' e 'Saúde ocupacional x saúde do trabalhador'. A publicação é quadrimestral e os três volumes disponíveis correspondem ao ano de 2011.

Vigilância em saúde do trabalhador

Esse é o tema do primeiro boletim (janeiro a abril de 2011), que trata dos conceitos, princípios, objetivos e estratégias da vigilância em saúde do trabalhador, que teve seus pilares garantidos a partir da Constituição Federal de 1988, registrada em seu artigo 200, que define: "Ao Sistema Único de Saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei, executar as ações de Vigilância Sanitária e Epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador".

Essa edição busca dar conhecimento ao fonoaudiólogo dos pressupostos descritos na Vigilância em Saúde do Trabalhador e propor reflexão sobre alguns itens, a fim de proporcionar um olhar ampliado ao profissional sobre a temática a ser desenvolvida.

Conhecendo a disfonia relacionada ao trabalho

'Na sociedade atual, aproximadamente um terço das profissões têm a voz como ferramenta básica de trabalho'. Dessa forma, a edição de maio a agosto do boletim alerta para a importância da notificação desse agravo por parte do fonoaudiólogo, além de mencionar os sinais e sintomas mais comuns do adoecimento e as formas de tratamento e prevenção. A publicação traz esclarecimentos sobre como realizar a notificação do agravo no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).

Saúde ocupacional X Saúde do trabalhador

A edição de setembro a dezembro do Boletim esclarece sobre as formas de atuação fonoaudiológica na saúde ocupacional e no campo da saúde do trabalhador, apresentando as legislações de apoio para cada um deles. Entretanto, alerta que, "independentemente da especialidade ou do vínculo empregatício, o fonoaudiólogo deve zelar pela promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde coletiva e individual dos trabalhadores".

Boletim: Fonoaudiologia na saúde do trabalhador

Os boletins quadrimestrais são publicados de forma impressa e digital e ficarão disponíveis na Biblioteca Multimídia da ENSP. Suas edições abordam diferentes temáticas em saúde do trabalhador sob a ótica da Fonoaudiologia, tendo por objetivo informar e orientar profissionais da saúde, buscando ampliar o olhar para o processo de saúde/doença e trabalho.

ENSP, publicada em 27/02/2012

Bebê Sarado mama no peito PARTE 2

Fonoaudiologia e amamentação

Fonoaudiologia 30 anos

O que é Alzheimer e a relação com a família

A Voz

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Português ajuda a compreender doença genética que causa surdez


Alguém fala, uma aparelhagem solta música ou um trovão ecoa pela atmosfera e se tudo correr bem, o ouvido e o sistema nervoso transformam estas vibrações do ar em sinais mecânicos e depois nervosos, que são sentidos como som. Nas pessoas surdas alguma parte deste processo não funciona. A mutação genética A1555G causa este problema a 10% dos deficientes auditivos, mas não se sabia qual o processo que a mutação desencadeia e que acaba por provocar a surdez, até agora. A explicação dada por uma equipa dos Estados Unidos vem num artigo da revista Cell publicado nesta sexta-feira.


 Antes de ser uma história sobre o ouvido, esta é uma história sobre as mitocôndrias – as baterias de cada célula que fornecem a energia para todos os processos do organismo. As mitocôndrias são uns seres semi-independentes nas células. Têm material genético próprio, dividem-se e fundem-se conforme as necessidades e provêm todas do óvulo. Por isso, se há alguma doença associada às baterias celulares é natural que se possa fazer uma ligação de mãe para filhos. Foi assim que se descobriu a mutação A1555G.

A surdez associada a esta mutação acontece desde nascença ou quando as pessoas tomam um antibiótico específico. “As pessoas tomavam este antibiótico e passadas duas semanas voltavam ao médico e não conseguiam ouvir”, explicou Nuno Raimundo, por telefone ao PÚBLICO. O cientista português está a terminar o pós-doutoramento numa equipa da Escola de Medicina da Universidade de Yale, nos Estados Unidos. É o primeiro autor do artigo e responsável por muitas das experiências e pela escrita do artigo.

Descobriu-se há mais de 20 anos que este antibiótico acumulava-se em certas células do ouvido. Em algumas pessoas mais susceptíveis a acumulação era tóxica e fazia perder a audição. Pensava-se que a substância matava as células que ajudavam a passar o sinal mecânico das vibrações sonoras para um sinal nervoso. Mas equipa de Nuno Raimundo descobriu que a doença é mais complexa.

As pessoas surdas tinham mães surdas. Na altura, isto mostrou aos cientistas que a doença podia ser causada por uma mutação num gene do ADN da mitocôndria. “Através do mapeamento genético identificou-se a mutação do gene mitocondrial”, disse o cientista. O gene mutado da mitocôndria alterava a estrutura dos ribossomos – que são os complexos que constroem as proteínas e existem tanto na mitocôndria como no núcleo das células.

Foi com base neste paradigma que a equipa de Yale desenvolveu o seu trabalho. A questão era como é que uma mutação na mitocôndria provocava um fenômeno como a surdez e porque é que não provocava mais nenhum problema noutros tecidos do corpo?

Para estudar o fenômeno os cientistas utilizaram ratos. Como criar ratos transgênicos para mutações em mitocôndrias ainda é impossível, fizeram um rato transgênico que produzia uma proteína em excesso e que alterava da mesma forma a estrutura dos ribossomos.

Depois testaram se os ratos também ficavam surdos. “Deixamos os ratos crescer e fomos medir a capacidade de ouvir, a partir dos três meses tinham perda de audição e ao fim do ano não ouviam praticamente nada”, explicou o cientista. A seguir foram perceber o que se passava nas células dos ratos equivalentes às células dos humanos, que tinham acumulado o antibiótico. “A primeira hipótese é que as tais células estavam mortas, mas não estavam.”

Estas células, que fazem parte do órgão de Corti, no ouvido, estão envolvidas numa solução que tem uma concentração específica de iões. A solução é necessária para o processo de audição. O que a equipa de Yale verificou é que tanto as células que produziam esta solução, como os neurônios que recebem os impulsos do órgão de Corti não estavam a funcionar bem, comprometendo a audição dos ratos.

De seguida, os cientistas conseguiram identificar a proteína que provocava o mal funcionamento destes dois grupos de células. Esta proteína, chamada de E2F1, põe em causa a divisão celular e quando os cientistas retiraram-na destas células, os ratos passaram a ouvir normalmente.

Qual a ligação entre a mutação na mitocôndria, que causa a alteração dos ribossomos, e a existência da proteína, que causa a surdez? “A alteração dos ribossomos da mitocôndria leva a uma produção de radicais livres [nestas células] que ativam a E2F1”, disse Nuno Raimundo, resumindo todo o processo desde a mutação genética até a doença.

Um dos passos seguintes do trabalho do investigador consiste em testar antioxidantes que possam prevenir esta surdez nos ratinhos. “Identificamos várias moléculas que intervêm nesta via celular e pode-se testar terapêuticas que evitem o funcionamento de algumas proteínas”, disse. O cientista sublinha que o mecanismo exato que se passa nos humanos ainda não foi determinado, mas mostra que o fenômeno “não é como se pensava”. Apesar da causa da surdez ser de origem genética, também é necessário ter em conta o ambiente. “Além da exposição aos antibióticos, um dos fatores que contribuem para a surdez é um ruído basal. É muito provável que uma exposição a ruído elevado venha atirar esta via de sinalização se uma pessoa tiver a mutação, mas pode vir a fazê-lo mesmo não tendo a mutação”, disse o cientista.

Mas a descoberta tem implicações mais profundas no conhecimento da biologia celular. As mitocôndrias dão energia a todas as células do corpo, através do processo chamado de respiração celular. Mas o que faz com que uma mutação destas afete os ouvidos e não afete os músculos ou o coração, onde há uma forte necessidade de energia? “Pensava-se que todas as células em todos os tecidos respiravam da mesma maneira, mas o que se está a concluir é que as células em diferentes tecidos respiram de forma diferente e por isso mutações que afetam uns tecidos, não afetam outros.”

Esta mudança de paradigma pode ajudar a perceber o que se passa noutras doenças que também são causadas por mutações no ADN de mitocôndrias como os diabetes, doenças do coração ou o cancro. Ou ajudar a compreender processos mais gerais como o envelhecimento.
Por Nicolau Ferreira
Fonte: Público

Música alta e batuques podem causar danos à audição


Sensação de abafamento e zumbido podem ser sinal de lesão.
Veja dicas de especialistas para evitar prejuízos ao sistema auditivo.


Abafamento nos ouvidos, zumbido e sensação de surdez por minutos e até horas. Esses são alguns dos sintomas comuns a quem festeja o carnaval ao som do batuque das baterias e música alta. Mas o que nem todos sabem é que a exposição prolongada ao barulho excessivo pode causar prejuízos irreversíveis à audição se alguns cuidados não forem tomados.

No carnaval, de acordo com a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial, medições de anos anteriores chegaram a apontar uma intensidade de som de 120 decibéis, seja na folia pelas ruas, ao som de trios elétricos, ou no sambódromo. O ouvido humano, no entanto, suporta apenas uma intensidade de até 85 decibéis. A Associação estima que cerca de 20% dos brasileiros sofram com algum tipo de perda auditiva.

“O ouvido humano suporta, em média, sons de até 85 decibéis por cerca de oito horas diárias. Se o som atinge 110 decibéis, a tolerância cai para apenas meia hora. E no caso de 120 decibéis, seriam apenas 15 minutos de tolerância para evitar traumas e danos”, explica Marcelo Hueb, presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial.

A exposição prolongada ao barulho, como é o caso de trabalhadores de fábricas e indústrias que não protegem os ouvidos, pode levar à perda definitiva da audição. O mesmo pode acontecer, segundo Hueb, em caso de exposição a som muito alto, mesmo que por um curto período. “No carnaval, os foliões costumam ficar muito perto das fontes de som e expostos durante horas, sem descanso para os ouvidos. Isso pode causar sérios problemas”, diz.

Há 39 anos à frente da bateria da Vai-Vai, o Mestre Tadeu afirma que faz acompanhamento médico para evitar problemas auditivos, mas garante que nunca teve nenhum sintoma. “Ensaiamos cerca de quatro horas por dia e não costumo usar protetores, mas nunca tive problemas. Em todos esses anos tivemos apenas um caso de uma pessoa que começou a perder a audição, mas ainda assim eu prefiro que a bateria não use o protetor porque pode atrapalhar o andamento do ritmo durante o desfile”, afirma.

A rainha Priscila Bonifácio, que desfila junto à bateria da Unidos de Vila Maria, acredita que a adrenalina dos ensaios e do desfile “anestesia” o corpo para qualquer incômodo. “A gente sabe que o barulho não faz bem, mas nunca senti nada. Sou rainha de bateria há três anos e se puder vou sambar no meio dos ritmistas. É maravilhoso. Uma emoção e uma adrenalina que superam qualquer coisa”, conta a musa, de 30 anos.

Apesar da resistência de Mestre Tadeu e Priscila, Hueb afirma que as pessoas que se expõem prolongadamente ao barulho não têm o ouvido “treinado”. “Alguém que fica diretamente exposto ao ruído só não sente os efeitos se for extremamente resistente ou porque ainda não deu tempo de aparecerem os zumbidos causados pela permanência crônica no barulho.”

O otorrinolaringologista Pedro Luiz Mangabeira Albernaz, do Hospital israelita Albert Einstein, e professor da Escola Paulista de Medicina, explica que os sintomas de lesões auditivas podem demorar a aparecer. “Estudos apontam que o trauma acústico pode levar até dez anos para atingir o seu máximo. Um operário submetido a um ruído acima do permitido pode levar dez anos para sentir os sintomas. Esse é o aspecto mais traiçoeiro dos problemas auditivos”, explica.

No caso do Mestre Adamastor, foram necessários 17 anos para sentir os efeitos da exposição ao som alto. Ele comanda a bateria da Acadêmicos do Tucuruvi e procura usar protetores para evitar danos ainda maiores. “Eu já perdi parte da minha audição em virtude de todos esses anos à frente da bateria. Hoje procuro usar protetores sempre que possível, principalmente às vésperas do carnaval, quando os ensaios são mais frequentes. Os agudos da bateria são muito prejudiciais. É preciso cuidado”, conta Mestre Adamastor, que recomenda o uso de protetores por seus ritmistas e demais integrantes da escola.

O técnico de som da Acadêmicos do Tucuruvi, Yves Garcia, confirma a intensidade preocupante do som nos ensaios e desfiles de carnaval. “Na quadra, durante os ensaios, chegamos a registrar um som de cerca de 120 decibéis, porque o ambiente é fechado. No sambódromo, por ser aberto, fica um pouco mais ameno, em torno de 100 decibéis, mas o cuidado ainda assim é imprescindível”, diz.

Com perceber os excessos

Um bom indicador de que o ambiente não está adequado para a saúde dos ouvidos, segundo especialistas, é o nosso tom de voz ao conversar. “É automático que, em locais muito barulhentos, nós aumentemos o volume da voz durante uma conversa. Isso já indica que o ambiente não está adequado”, afirma Albernaz.
Em caso de exposição intensa ao som alto, vale destacar que se o zumbido ou sensação de abafamento durarem por mais de três dias, a recomendação é procurar um especialista para verificar se houve alguma lesão.

Dicas para a folia

O uso de protetores auriculares de silicone moldável é bastante recomendado para os foliões que querem evitar problemas auditivos sérios neste carnaval, porém o acessório pode atrapalhar a comunicação e, por isso, especialistas consideram que o índice de utilização do protetor seguirá muito baixo durante os festejos.
“Seria muito otimista achar que as pessoas irão usar o protetor, então uma boa dica é fazer intervalos de 10 minutos longe do barulho, a cada 30 minutos. Assim o ouvido tem tempo para se recuperar”, orienta Albernaz. Outra dica importante é ficar a uma distância de pelo menos 10 metros da fonte sonora.

Por Nathália Duarte
Do G1, em São Paulo

Sete causas de zumbido



O Desenvolvimento da Linguagem da Criança


Hábitos Orais - Você sabe o que é isso?


Desenvolvimento da Motricidade Oral


domingo, 5 de fevereiro de 2012

Balbuciar é fundamental para o desenvolvimento dos bebês



Como pediatra, sempre pergunto sobre os balbucios. “O bebê está fazendo sons?” pergunto ao pai de um bebê de 4, 6 ou 9 meses. A resposta raramente é “não”. Mas caso seja, é importante tentar descobrir o que pode estar acontecendo.

Se um bebê não está balbuciando normalmente, algo pode estar interrompendo o que deveria ser uma corrente essencial: poucas palavras estão sendo ditas ao bebê, algum problema evitando que ele escute o que é dito, ou dificuldades em processar essas palavras. Algo errado na casa, na audição ou talvez no cérebro.

Os murmúrios estão cada vez mais sendo compreendidos como um precursor essencial à fala, e como um indicador básico do desenvolvimento cognitivo e sócio-emocional. E pesquisas estão separando os componentes fonéticos desse balbucio, associado à interação de fatores neurológicos, cognitivos e sociais.

A primeira coisa importante sobre o balbucio é também a primeira coisa a ser notada: bebês balbuciam de maneiras similares. Durante o segundo ano de vida, eles moldam seus sons nas palavras de seu idioma nativo.

A palavra “balbucio” (“blabber”, em inglês) é significativa e representativa – sílabas repetitivas, brincando em torno das mesmas consoantes. (Na verdade, a palavra em inglês provavelmente não veio da Torre de Babel, conforme sustenta a sabedoria popular, mas dos sons parecidos com “ba ba” feitos pelos bebês.)

Segundo D. Kimbrough Oller, professor de audiologia e patologias da fala na Universidade de Memphis, algumas das mais recentes pesquisas analisam os sons que bebês produzem no primeiro semestre de suas vidas, quando eles estão “guinchando, murmurando e produzindo sons básicos”. Esses sons são a fundação da linguagem posterior, disse ele, e aparecem em todo tipo de interações sociais e brincadeiras entre pais e bebês – ainda sem envolver sílabas formadas, ou qualquer coisa que soe como uma palavra.

“Ultrapassando os seis meses de idade, os bebês começam a produzir balbucios gerais, sílabas bem formadas”, disse Oller. “Os pais não tratam esses sons iniciais como palavras; quando as sílabas gerais começam a aparecer, os pais as reconhecem como abertas a discussões”.

Ou seja, quando o bebê diz algo como “ba ba ba”, os pais podem entender como uma tentativa de dar nome a algo, e propor uma palavra em resposta.

Na maioria das vezes, eu pergunto aos pais: “Ele faz barulhos? Ela soa como se estivesse falando?” E na maioria das vezes, os pais acenam positivamente e sorriem, reconhecendo as vozes de bebês que se tornaram parte das conversas de família.

Mas a nova pesquisa sugere uma linha mais detalhada de perguntas: aproximadamente aos 7 meses, os sons de desenvolveram em balbucios gerais, incluindo vogais e consoantes? Bebês que partem para vocalizações sem muitas consoantes, fazendo apenas sons como “aaa” ou “ooo”, não estão praticando os sons que os levarão a formar palavras, e não estão treinando os músculos da boca necessários ao surgimento de uma linguagem compreensível.

“Um bebê ouve todos esses sons e é capaz de diferenciá-los antes de poder reproduzi-los”, disse Carol Stoel-Gammon, professora emérita de ciências da fala e da audição na Universidade de Washington. “Para fazer um ‘m’, você precisa fechar a boca e o ar tem de sair pelo nariz. Isso não nasce em algum lugar de seu cérebro, é algo que se precisa aprender”.

As consoantes no balbucio significam que o bebê está praticando, moldando sons ao aprender a manobrar boca e língua, e escutando os resultados.

“Eles chegam nesse ponto aos 12 meses”, continuou Stoel-Gammon, “e acredito que eles consigam isso porque se tornam cientes dos movimentos motores orais que diferenciam um ‘b’ de um ‘m’”.

Os bebês precisam ouvir uma linguagem real, de pessoas reais, para aprender absorver essa habilidade. A televisão não faz o mesmo, e tampouco os vídeos educacionais; pesquisas recentes sugerem que esse aprendizado é, em parte, moldado pela qualidade e pelo contexto da reação adulta.

Para estudar os balbucios, pesquisadores começaram a examinar a reação social – do bebê e do adulto. Michael H. Goldstein, professor-assistente de psicologia na Universidade Cornell, conduziu experimentos mostrando que os bebês aprendem melhor com o estímulo parental – adquirindo novos sons e padrões, por exemplo – se os pais oferecem esse estímulo especificamente em resposta ao balbucio do bebê.

“Naquele momento de balbucios, os bebês parecem preparados a absorver mais informação”, explicou ele. “Trata-se de criar uma interação social onde agora você pode aprender coisas novas”.

Um estudo realizado neste ano por esse grupo examinou como os bebês aprendem os nomes de objetos novos. Mais uma vez, oferecer as novas palavras de vocabulário em resposta às próprias vocalizações dos bebês fazia com que eles aprendessem melhor os nomes.

Os experimentos sustentam que as vocalizações de um bebê sinalizam um estado de atenção focada, uma disponibilidade para aprender a linguagem. Quando os pais respondem aos balbucios dando o nome do objeto em sua mão, segundo esse argumento, as crianças têm maiores chances de aprender palavras. Assim, se um bebê olha para uma maçã e diz, “ba ba”, é melhor responder dando o nome da maçã do que supondo, por exemplo, “Você quer sua mamadeira?”.

“Acreditamos que os bebês tendem a emitir balbucios quando estão num estado predisposto a aprender novas informações, eles estão estimulados, interessados”, afirmou Goldstein. “Quando eles estão interessados em algo, a tendência é que franzam a sobrancelha”, continuou ele; os pais devem entender que esse balbucio pode ser “uma versão acústica da sobrancelha franzida”.

Ali mesmo, na sala de exames, eu tenho aquela essencial combinação para o experimento, o bebê e o adulto. Essa é uma oportunidade de verificar o progresso do bebê em formar sons, mas também uma oportunidade de ajudar o adulto a reagir ao interesse daquele bebê interessado em aprender a como dar nome ao mundo – um impulso humano universal, expressado nas sílabas de uma trilha sonora humana universal.

Por Perri Klass
Tradutor: Pedro Kuyumjian
Fonte: UOL Notícias